símbolo do girassol

Criado em 2016, o símbolo do girassol surgiu a partir de uma demanda da equipe do aeroporto de Gatwick, na Inglaterra

Neil Juggins/Divulgação


Tornar o invisível visível é uma das missões do colar de girassol aprovado no último dia 17 como símbolo nacional de identificação de pessoas com deficiências ocultas. Entre as outras está fomentar a empatia, o respeito e principalmente a educação e a conscientização em relação às diferenças.

A lei que institui o símbolo foi sancionada pelo vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) e estabelece que o uso do cordão é opcional e sua ausência não prejudica o exercício de direitos e garantias previstos em lei.

O texto, incorporado ao Estatuto da Pessoa com Deficiência, afirma ainda que a utilização do item não dispensa a apresentação de documento que comprove a deficiência em caso de solicitação pelo atendente ou pela autoridade competente —medida fundamental para evitar o uso indiscriminado, segundo Flávia Callafange, diretora da Hidden Disabilities Sunflower na América Latina.

A empresa representa a causa das deficiências ocultas em diferentes países, e é responsável por promover o símbolo, criado em 2016 a partir de uma demanda da equipe do aeroporto de Gatwick, na Inglaterra.
 

Os funcionários queriam algo que passageiros com deficiências ocultas pudessem usar para sinalizar a necessidade de atenção especial e, após reuniões com entidades voltadas ao cuidado de pessoas com autismo e Alzheimer, chegaram ao modelo: um cordão verde com girassóis que representam confiança, crescimento e força, além de transmitir felicidade e positividade.

"O cordão em si não dá lugar na fila e não garante direitos. Ele serve para pedir empatia, respeito e paciência", ressalta Callafange.

A executiva conheceu o potencial do símbolo no fim do ano passado, ao viajar de avião com a filha e receber um cordão da companhia aérea. "Ela tem autismo, é muito agitada e os passageiros terminavam reclamando. Dessa vez, porém, eles olhavam e sorriam, conversavam com ela."

Após a experiência, Callafange quis conhecer a HD Sunflower e se tornou representante da empresa. Nos últimos meses, ela tem ido a Brasília para divulgar o projeto original e trabalhado para fechar parcerias com aeroportos, companhias aéreas e parques.

A proposta é que as empresas treinem seus funcionários para atender pessoas com deficiências ocultas e entreguem gratuitamente o cordão aos clientes com essas condições.

"Quando entrei, estava olhando para a minha filha, para o autismo, mas é um universo. Os outros, aqueles que têm deficiências invisíveis, são muitos."

Flávia Callafange é diretora da Hidden Disabilities Sunflower na América Latina e sua filha, Felícia, tem autismo

Flávia Callafange é diretora da Hidden Disabilities Sunflower na América Latina. Sua filha, Felícia, tem autismo

hdsunflower.com.br/reprodução

Exemplos

Na lista, estão condições como TEA (transtorno do espectro autista), câncer, asma, transtorno de ansiedade, anosmia (perda do olfato), transtorno bipolar, epilepsia, fibrose cística, fibromialgia e esclerose múltipla.

Esquizofrenia, dispraxia, doença de Crohn, lúpus, doença de Lyme e disautonomia (transtorno que afeta o sistema nervoso autônomo, afetando os batimentos cardíacos e a respiração) também integram a relação.

"Vivo com disautonomia e enfrentei comentários desencorajadores de algumas pessoas devido à minha condição", escreveu a Miss Mundo Chile 2022, Ambar Zenteno, ao postar uma foto com o cordão de girassóis ao lado de Callafange.

O influenciador Ivan Baron também usou as redes sociais para divulgar o símbolo. "Precisamos agora que essa informação chegue para mais gente, a sociedade aprenda o porquê do uso desse cordão e assim respeite."