Pesquisa mostra que a demora para ir ao banheiro tem indicativo de risco de 73% de chances de declínio cognitivo subjetivo.

Pesquisa mostra que a demora para ir ao banheiro tem indicativo de risco de 73% de chances de declínio cognitivo subjetivo.

(Reprodução/ unsplah/Colourblind Kevin)

A demora para ir ao banheiro é um indicativo de risco de 73% de chances de declínio cognitivo subjetivo — que pode ser entendido como uma forma de transição entre a cognição normal e a demência. Essa foi a conclusão de uma pesquisa apresentada nesta quarta-feira (19/7) na Conferência Internacional da Associação de Alzheimer, realizada em Amsterdã, na Holanda. 

Para a análise, o ex-pesquisador do Brigham and Women's Hospital e da Harvard Medical School e atual professor assistente da University of Massachusetts Amherst, Chaoran Ma, precisou avaliar três estudos e coletar dados sobre a frequência de evacuação de mais de 100 mil pessoas que participaram do Nurses’ Health Study, do Nurses’ Health Study II e do Health Professionals Follow-Up Study —responsáveis por investigar sobre fatores de risco das principais doenças crônicas, enquanto um estuda em mulheres, o outro analisa o mesmo, mas para os homens.

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A coleta de dados foi separada pela equipe em frequência de ida ao banheiro dos participantes em 2012-2013, auto avaliação da função cognitiva de 2014-2017 e detalhes sobre a função cognitiva medida objetivamente de 12 mil participantes entre 2014-2018.

Pela pesquisa foi constatado que aproximadamente 16% da população mundial sofre de constipação — provocado pelo pouco consumo de fibras — sendo mais frequente por adultos mais velhos, relacionado ao bem estar — falta de exercícios físicos, uso errado com medicamentos e até dietas pobres em fibra. Podendo associar a desequilíbrios hormonais, ansiedade e depressão.

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“Nossos sistemas corporais estão todos interconectados. Quando um sistema está com defeito, ele afeta outros sistemas. Quando essa disfunção não é tratada, pode criar uma cascata de consequências para o resto do corpo”, relatou o Heather M. Snyder, Ph.D., vice-presidente de relações médicas e científicas da Alzheimer 's Association.

 

Além disso, os pesquisadores descobriram que os movimentos intestinais com menor frequência estavam associados a uma pior função cognitiva. Por meio dos participantes, foi possível identificar que aqueles que evacuam a cada três dias ou mais, tiveram a pior cognição.

Alzheimer

Em uma outra pesquisa, com conexão entre bactérias e o Alzheimer, o responsável Yannick Wadop, pós-doutorando no Instituto Glenn Biggs para Alzheimer e Doenças Neurodegenerativas da UT Health San Antonio, reuniu amostras fecais e medidas cognitivas de 140 pessoas de meia-idade, fazendo assim a avaliação entre a composição do micro bioma intestinal e as medidas de amiloide.

Por meio disso, os pesquisadores descobriram que os níveis elevados de amiloide, detectados por exames cerebrais, estavam associados a níveis baixos de bactérias intestinais Butyric Coccus e Ruminococcus, e quantidades mais altas de Cytophaga e Alistipes

“Essas descobertas começam a revelar conexões mais específicas entre nosso intestino e nosso cérebro, por exemplo, acreditamos que a redução de certas bactérias identificadas pode aumentar a permeabilidade intestinal e o transporte de metabólitos tóxicos no cérebro, aumentando assim a deposição de beta-amilóide e tau", disse Wadop.