Mulher tossindo com uma mão em frente a boca e a outra na região do peito

Os pacientes com tuberculose pulmonar disseminam a doença através de gotículas de saliva ao tossir, falar e espirrar

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Estima-se que 1,6 milhões de pessoas morreram de tuberculose e 10,6 milhões contraíram a doença em 2021 – um aumento de 4,5% em relação a 2020. Os dados integram o relatório concluído em 2022 pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e demonstram o avanço global da tuberculose. A vacinação continua sendo a maneira mais eficaz de se evitar a doença.  

Causada pela bactéria Mycobacterium tuberculosis, mais conhecida como bacilo de Koch, a tuberculose é uma doença infecciosa que afeta principalmente os pulmões. Sua transmissão direta ocorre pelo ar. Bruno Horta, pneumologista, alerta para a época de frio, em que ambientes fechados e aglomerações de pessoas se tornam ambientes propícios à contaminação. “Os pacientes com tuberculose pulmonar disseminam a doença através de gotículas de saliva ao tossir, falar e espirrar; por isso, recomenda-se o uso de máscaras, preferencialmente a N95, como medida de proteção”, informa. 


Alguns pacientes são assintomáticos à doença. Contudo, a maioria apresenta sintomas como tosse crônica, posteriormente com presença de secreção, transformando-se na maioria das vezes, em uma tosse com a presença de pus ou sangue; cansaço excessivo; febre baixa, geralmente à tarde; sudorese noturna; falta de apetite; entre outros sintomas.  

Os casos graves apresentam dificuldade na respiração; eliminação de grande quantidade de sangue, colapso do pulmão e acúmulo de pus na pleura (membrana que reveste o pulmão) – se houver comprometimento dessa membrana, pode ocorrer dor torácica. Devido a semelhança dos sintomas da tuberculose com outras infecções respiratórias, especialistas orientam para que nos primeiros dias de sintomas, o paciente procure orientação médica para o correto diagnóstico. 

Histórico 

Desde 2002, ano em que o último registro de mortes por tuberculose foi superior a 5 mil, o Brasil vinha apresentando redução do coeficiente de mortalidade pela doença. Quase duas décadas depois, os números voltaram a subir, com o registro de 5.072 mortes em 2021. Comparado com 2019, houve um aumento de 10,7% na taxa de mortalidade. 

O panorama da doença em Minas, traçado pela Secretaria Estadual de Saúde (SES-MG) em 2021, destaca a notificação de 3.473 novos casos, com aproximadamente 60% dos municípios mineiros registrando pelo menos um caso da doença. A região metropolitana de Belo Horizonte concentra 1/3 de todos os casos. De acordo com o Ministério da Saúde, Minas Gerais está entre os estados com notificações que ultrapassaram os níveis de 2019. 

Prevenção 

A vacina BCG, disponível gratuitamente no Sistema único de Saúde (SUS), é a melhor forma de conter o avanço da tuberculose. O esquema vacinal em dose única é destinado às crianças desde as primeiras horas de vida até os quatro anos de idade. A imunização é comumente lembrada pela marca gerada no braço por uma reação do corpo à vacina. Ainda há a crença de que, se a vacina não deixa cicatriz, a pessoa não foi imunizada, no entanto, segundo pesquisas da OMS e Ministério da Saúde, não há a necessidade de uma dose de reforço nesse caso, como era feito no Brasil há alguns anos. 

Flávia Massote, patologista e assessora médica do Mater Dei Vacinas, ressalta a importância da imunização em massa neste cenário. “A vacina não é somente para proteção individual, mas como necessária para evitar a propagação de doenças que podem levar à morte ou a sequelas graves, como é o caso da tuberculose.” Além da vacina, manter os ambientes ventilados e iluminados também contribui para diminuir o risco de transmissão.