mulher com expressão de fala e de escuta

Otorrinolaringologista alerta que toda alteração na tonalidade da voz tem uma razão para ocorrer e não deve ser desconsiderada

Gerd Altmann/Pixabay


É só o tempo frio chegar para começar a temporada das crises respiratórias. São as rinites, sinusites, resfriados e gripes chegando para mudar a rotina de muita gente. O que nem sempre é esperado, mas que pode ser muito comum, são as mudanças na voz, a famosa rouquidão. Mas, será que isso é natural do inverno ou é um motivo para preocupação?

Conforme André Freire Kobayashi, otorrinolaringologista na Clínica Dolci, toda alteração na tonalidade da voz tem uma razão para ocorrer e não deve ser desconsiderada. A voz é produzida pela vibração das pregas vocais, estruturas presentes na laringe constituídas por músculos, ligamentos vocais e estruturas de revestimento. Para que o som seja projetado normalmente, toda a região por onde o ar passa deve estar saudável: laringe, faringe, traqueia, cavidades nasais e seios da face. Estas estruturas que compõem o trato vocal moldam o som e influenciam a ressonância vocal.

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A mudança na voz pode ser mais comum nessa época do ano porque o frio acaba afetando não somente a laringe, como também todo o trato vocal. Por isso e por conta da baixa umidade do ar, a região fica suscetível a irritações, inflamações e até infecções. Daí a necessidade de alguns cuidados para evitar piores consequências como laringites, faringites e amigdalites.

“É importante que as pessoas tenham em mente que ficar rouco não é normal. Existe algum motivo para isso estar acontecendo e precisa ser investigado. É claro que, quando a rouquidão é acompanhada de outros sintomas típicos de uma gripe, já sabemos o possível motivo. Mas quando ela aparece isoladamente e/ou persiste por mais de 15 dias, é preciso buscar uma consulta com otorrinolaringologista para avaliar todos os níveis anatômicos que possam estar afetados”, explica André Freire Kobayashi.

Manter a garganta hidratada

Um hábito muito simples e necessário durante o inverno é manter a garganta hidratada. Mesmo sem sentir tanta sede como no verão, o ideal é ter sempre por perto uma garrafa de água e ir tomando ao longo do dia. Isso deixa a mucosa umidificada, impedindo que ela se irrite ou se contamine facilmente por algum agente externo.

Outro cuidado é atentar-se aos sintomas nasais. O nariz tem a função de filtrar, aquecer e umidificar o ar. A laringe, por sua vez, depende da boa qualidade da respiração nasal para o seu funcionamento adequado. Quando a função nasal está comprometida no inverno, o ar que entra pela boca tende a agredir mais a via aérea, uma vez que ele se encontra seco, frio e com mais poluentes.
“Além da hidratação, é recomendado um tratamento nasal adequado para melhorar a saúde vocal. Muitos casos têm um desfecho mais favorável quando se inicia uma lavagem nasal como soro fisiológico já no início dos sintomas. Alguns alimentos e alguns hábitos, como consumo excessivo de bebida alcoólica e tabagismo devem ser evitados", orienta o otorrinolaringologista.

Evitar pigarros e sussurros 

Incluir alimentação adequada, evitar pigarros e sussurros, manter repouso vocal relativo na vigência dos sintomas e manter os ambientes umidificados completam a lista de cuidados com a saúde da voz. E se, mesmo assim, a tonalidade da voz mudar, a tosse ou irritação surgir, uma consulta médica é a única alternativa.