Massas

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Muitos influenciadores digitais e blogueiros fitness tratam os carboidratos como verdadeiros vilões, cortando da dieta qualquer alimento que pertença a esse grupo alimentar. Esse hábito fez com que os milhares de seguidores que acompanham essas celebridades adquirissem a chamada carbofobia. O termo é utilizado para nomear o medo ou aversão a alimentos que contêm carboidratos, principalmente aqueles de maior índice glicêmico, como o arroz, o pão e a batata inglesa. Mas a pergunta é: quais consequências a restrição exagerada de carboidratos pode causar a nossa saúde?

Sócio da Clínica Be Light, o nutricionista Thiago Cunha, especialista em performance, emagrecimento e longevidade, explica que essa estratégia nutricional vem sendo muito utilizada para que ocorra perda de peso em curto prazo. "A dieta lowcarb é um estilo alimentar onde se diminui a ingestão de alimentos ricos em carboidratos, vinda de processos de dietas muito restritivas, e pode causar uma carbofobia", conta.

Ele explica que essas dietas fazem com que o paciente perca peso e não necessariamente gordura. "Geralmente, o paciente perde muito líquido e isso diminui o peso dele. Para ter uma perda de gordura efetiva é necessário que esse paciente consiga mobilizar os lipídeos e as gorduras como fonte de energia, fazendo com que abaixe seu percentual de gordura. A perda de peso vai ocorrer, na verdade, quando o individuo estiver em deficit calórico, mas é possível que se obtenha esse deficit sem o corte abruto de carboidratos", esclarece.

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Um fator que deve ser levado em consideração é a melhora da composição corporal do indivíduo. Thiago é taxativo nesse ponto. "O melhor cenário acontece quando o paciente melhora a quantidade de massa magra e diminui a quantidade de gordura. Isso coloca o paciente em melhor cenário de composição corporal. Quanto maior a quantidade de massa magra, mais alta será a taxa metabólica basal desse paciente, consequentemente, o processo de emagracimento será mais fácil e de melhor manutenção", frisa o profissional.

A carbofobia pode ser um sintoma de transtornos alimentares como a ortorexia, que é caracterizada por uma obsessão pela alimentação saudável. Uma das consequências mais severas que uma pessoa carbofóbica pode ter é lidar com a hipoglicemia, que significa um baixo índice de glicose no sangue. Em situações extremas, a hipoglicemia pode levar à perda de consciência, tonturas, calafrios, nauseas e até mesmo a crises convulsivas.

Thiago ressalta ainda que os carboidratos são uma importante fonte de energia para o corpo e que a sua restrição excessiva pode levar a deficiências nutricionais e falta de energia, causando um impacto negativo na saúde física e mental a longo prazo. "As pessoas que buscam hipertrofia muscular, ao restringir o carboidrato, dificultam o ganho de massa magra devido à falta de energia e baixa nos estoques de glicogêncio muscular e, muitas vezes, têm o seu treino comprometido pela falta de ânimo e disposição para a execução das atividades. A parte cognitiva e a memória também ficaram afetadas, uma vez que a glicose é um importante combustível para o cerébro", finaliza.