A influencer paraibana Gessyca Kayane, mais conhecida como Gkay, que deu início esta semana a um dos eventos mais esperados do ano no meio dos influencers de todo o Brasil: a Farofa da Gkay, festa em que a famosa comemora seu aniversário ao longo de três dias com inúmeras atrações musicais, chamou a atenção com relação às várias mudanças estéticas feitas em seu rosto e corpo, ao longo de 2022.
Foram, segundo a Revista Quem, mais de 10 procedimentos, sendo que, em harmonização facial, a paraibana investiu 30 mil reais e, em cirurgias, mais de R$ 200 mil.
Entre os procedimentos realizados por Gkay estão o Morpheus, tratamento que consiste em radiofrequência não cirúrgica, preenchimento nos lábios, de mandíbula e malar (maçãs do rosto), aplicação de botox em pontos estratégicos da face, além do Fox Eyes, técnica que consiste em levantar a cauda da sobrancelha, com o intuito de proporcionar um formato alongado e amendoado à região dos olhos.
O excesso desses tratamentos, porém, podem, ao invés de melhorar a autoestima e o contorno das pacientes, trazer prejuízos à saúde física e mental daquelas que recorrem às técnicas.
Segundo Thiago Martins, biomédico mineiro, fisioterapeuta dermatofuncional e criador da harmonização corporal (com registro de marca), atualmente, os principais procedimentos estéticos não invasivos são a rinomodelação, o botox, os bioestimuladores de colágeno, preenchimento facial com ácido hialurônico e lipo enzimática de papada.
Além de ter de contar com a experiência profissional de quem está realizando tais procedimentos, vale lembrar que a obsessão por essas mudanças na aparência pode causar grandes riscos à saúde.
"Os problemas podem ocorrer por conta de uma técnica malfeita, mas também por conta de pequenos descuidos pós-procedimentos, ou ainda na realização das sessões sem os intervalos recomendados. Um exemplo é quando o ácido hialurônico ou o excesso de toxina botulínica podem acabar afetando os músculos como, por exemplo, a musculatura da pálpebra, que pode ocasionar a ptose - em que a pálpebra superior fica "caída" em relação ao normal, interferindo, inclusive, na capacidade de visão em alguns casos. Ou, ainda, em um simples preenchimento labial em que, com o passar do tempo, o paciente decide fazer o retoque colocando ainda mais preenchedor, correndo o risco de deixar os lábios extremamente desproporcionais. Todos podem buscar o procedimento estético para dar aquele "up" em algo que não satisfaz, mas é importante não exagerar, e escutar as recomendações do profissional qualificado."
Thiago ressalta ainda que o ácido hialurônico, em excesso ou aplicados em local errado, pode causar infecção, edema (que é o aumento de volume, inchaço), resultado inestético e oclusão vascular com risco até de necrose e cegueira, por exemplo.
Em 2021, o mercado global de medicina estética foi avaliado em US$ 99,1 bilhões, segundo o relatório Aesthetic Medicine Market Size & Growth, elaborado pela empresa americana Grand View Research.
Esse estudo mostra que, no ano passado, o segmento de procedimentos minimamente invasivos teve participação superior a 50% no mercado mundial. Para os próximos cinco anos, a expectativa é de que o mercado global de injetáveis estéticos cresça de 12% a 14% ao ano, de acordo com a pesquisa da consultoria McKinsey, de 2021.
A harmonização facial é um desses procedimentos que mais tem sido procurados. A técnica, conforme explica o biomédico, consiste na realização de aplicações de ácido hialurônico, hidroxiapatita e toxina botulínica, em determinadas áreas da face para deixá-las mais harmônicas.
"No entanto, o procedimento deve ser feito com moderação para que o paciente não corra o risco de ficar sem expressão ou como se fizesse parte de uma linha de produção, onde todos acabam ficando iguais. Ou ainda, infelizmente, devido a essa grande quantidade de produto injetado, eles entrarem em contato com regiões que não deveriam, causando riscos à saúde.
O resultado desse uso excessivo de preenchedores pode causar a chamada filler fatigue (fadiga de preenchedor), fazendo com que haja a necessidade de mais injeções para conseguir o mesmo resultado e, a longo prazo, não conseguir sustentar mais a pele, dando ao rosto uma aparência derretida."
Os limites, conforme explica Thiago Martins, vão variar de pessoa para pessoa e quem dá não é o próprio paciente e, sim, o profissional. Tudo depende da avaliação feita, pois cada um necessidade de uma quantidade específica.
"Normalmente, as pessoas já chegam no consultório com uma ideia que pode estar fixa na cabeça ou desejando parecer com alguma referência bem distante da sua realidade. E é aí que mora o perigo: o procedimento não pode ser usado como uma válvula de escape. O papel do profissional é orientar e fazer o planejamento dos procedimentos, levando em conta as características únicas de cada um, e apontando, através de toda a sua experiência, qual será o melhor caminho a seguir."
Sobre o tempo de intervalo para realizá-los, tudo dependerá de qual procedimento escolhido, já que a frequência varia muito de acordo com a técnica. "O retoque do botox, por exemplo, deve ser feito nos primeiros 15 dias após o procedimento e ser realizado com intervalo de pelo menos 3 meses entre uma aplicação e outra; já o preenchimento facial só é preciso ser repetido após 12 meses, para garantir os seus resultados. O bioestimulador de colágeno, quando aplicado no corpo ou face, é indicado que seja feito no mínimo de duas a três vezes ao ano. No rosto é fundamental que a aplicação seja feita entre duas e três vezes e, depois, uma aplicação para manter o resultado. E, dependendo do grau de flacidez, é possível que seja necessário que essa estimulação ocorra mais de uma vez nesse espaço de tempo", finaliza.