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Estado de Minas COMPORTAMENTO

Jornada da fertilidade: ser mãe é uma escolha

Especialista em reprodução humana lembra que a sociedade contemporânea precisa ter consciência de que a maternidade é uma decisão única e exclusiva da mulher


13/11/2022 04:00 - atualizado 13/11/2022 07:31

Mulher grávida com o sapatinho do bebê nas mãos
Do ponto de vista biológico, é ideal que a mulher engravide até os 35 anos (foto: Pixabay)


Ser ou não ser mãe é uma decisão importante. Afinal, ter filhos é um divisor de águas. Seja qual for a escolha, é individual. Há mulheres que nasceram para isso, e têm a opção como inequívoca; outras, experimentam dúvidas ou ainda não pretendem gerar uma criança, e também são bem resolvidas quanto a isso.

As questões que envolvem a gestação e a fertilidade encontram amplo espectro, desde cobranças e padrões sociais, que ainda existem, até o melhor momento da vida para ingressar na jornada da maternidade, a idade biológica indicada para isso, assim como procedimentos de fertilização assistida, congelamento de óvulos, histórico de saúde que pode representar riscos na gravidez, além de aconselhamento e planejamento reprodutivo.
 
Do ponto de vista biológico, é ideal que a mulher engravide até os 35 anos – depois dessa idade, a reserva ovariana começa a diminuir e tem alterações, além da quantidade de óvulos, principalmente na qualidade. É o que explica Natalia Ramos, ginecologista e obstetra especialista em fertilidade e reprodução humana, médica da Oya Care, clínica virtual de saúde feminina.

"A partir dos 35, há mais dificuldade em engravidar e chance de infertilidade, além do aumento do risco de síndromes cromossômicas, sendo a mais comum a trissomia do 21, ou síndrome de Down", esclarece. Outros fatores que impactam na qualidade dos óvulos, além da idade, são, segundo a médica, obesidade, tabagismo e síndromes genéticas.
 

"Sabemos que há vários caminhos para uma pessoa ser feliz, além de constituir uma família com filhos biológicos"

Natalia Ramos, ginecologista e obstetra, especialista em fertilidade e reprodução humana

 
 
Natalia Ramos
Natalia Ramos, ginecologista e obstetra, especialista em fertilidade e reprodução humana (foto: arquivo pessoal)
 
 
Mas, hoje, a sociedade é outra, pontua a especialista. Natalia lembra que são diferentes as expectativas para a vida entre as mulheres, e não quer dizer que ter filhos é o único caminho. "Existem formas seguras de postergar a decisão, como um plano de vida reprodutivo, avaliando preventivamente a possibilidade da maternidade, conversando com um especialista em reprodução assistida, sendo uma das opções, de fato, o congelamento dos óvulos", indica. 
Ainda assim, continua Natália, é comum a mulher ser cobrada socialmente quanto a ser mãe, enfrentando pressões nesse aspecto, e até críticas quando não quer engravidar. E isso acontece, segundo a profissional, principalmente fora dos grandes centros urbanos, considerando ainda o conservadorismo que continua presente no Brasil.

"Mulheres que tomam a decisão de não ser mães ou que não sabem se querem ser mães algum dia são questionadas. Na nossa prática diária na Oya Care, vejo muitas mulheres se queixando dessa cobrança. Sabemos que há vários caminhos para uma pessoa ser feliz, além de constituir uma família com filhos biológicos", pondera Natalia, lembrando que "a sociedade precisa ter consciência de que essa escolha é única e exclusiva da mulher".
 
Para Natalia, lidar com essa pressão social pede da mulher uma postura de autenticidade, e, para isso, a direção deve ser pelo autoconhecimento – "É a chave para enfrentar essas questões", avalia. Seja qual for a escolha, da perspectiva pessoal, é importante que a futura mãe considere se aquele é o melhor momento da vida para ingressar nessa nova fase também do ponto de vista profissional.

"A questão é o momento e a razão. A mulher deve se perguntar por que tomar essa decisão. Se a resposta for porque alguém espera que ela o faça, ou o faz por pressão, no geral não é uma boa decisão. Ela deve refletir melhor sobre o assunto, se conhecer melhor e entender se de fato isso cabe em sua vida", orienta Natalia.

ACOLHIMENTO

Quanto aos aspectos fisiológicos mesmo, médicos da área oferecem um aconselhamento à mulher que pretende ter filhos, e para essa avaliação global da fertilidade recorrem a dados de seu histórico de saúde. É feita uma avaliação clínica, no que a medicina chama de anamnese – série de perguntas que vão direcionar a abordagem médica.
 
Entre os aspectos observados, Natalia cita: se a mulher tem doenças crônicas, hipotireoidismo ou outra doença autoimune, se passou por alguma cirurgia na pelve que possa comprometer a fertilidade, quais medicações usa diariamente, se tem hábitos como tabagismo, uso de drogas recreativas e álcool, por exemplo.
 
"Depois, passamos para a avaliação do histórico familiar. É importante observar quais cânceres ginecológicos essa mulher já teve na família, se existe alguma síndrome genética na família e qual a idade da menopausa da mãe – as filhas, geralmente, seguem essa idade." Sobre os antecedentes ginecológicos, são analisados os riscos para ter endometriose, se tem cólicas comumente, dores na relação sexual, se já tem filhos, com que idade menstruou, como estão os ciclos menstruais, regulares ou irregulares, se o fluxo é intenso ou não, explica. 


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