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Estado de Minas REPORTAGEM DA CAPA

Carga de exercícios precisa ser dosada

Consequências do excesso de atividades físicas podem ser simples, como cansaço e dores no corpo, ou graves, como queda da imunidade, lesões musculoesqueléticas


06/11/2022 04:00 - atualizado 05/11/2022 17:27

 doutor em ciências do esporte
Cristiano Arruda Gomes Flôr, doutor em ciências do esporte (foto: Marcos Vieira/EM/D.A Press)
 

O verão já está batendo à porta e para quem está insatisfeito com a silhueta, é hora de correr contra o tempo. Mas querer pular etapas é prejudicial à saúde. Cristiano Arruda Gomes Flôr, professor do curso de educação física da Estácio Belo Horizonte, doutor em ciências do esporte, destaca que o “Projeto Verão”, infelizmente, é uma prática comum. “O exercício físico é uma fonte de estresse ao organismo. E é esse estresse que traz adaptações agudas e crônicas ao corpo. Ocorre que essas adaptações não necessariamente são benéficas e positivas. Podem ter um efeito negativo também”, comenta. 
 
“O que vai determinar se o exercício será bom ou ruim é a dose. O maior problema é que, na tentativa de recuperar o tempo perdido em poucos meses ou até em semanas, as pessoas exageram, submetendo o próprio corpo a uma carga de exercícios inadequadamente elevada. As consequências podem ser mais simples, como cansaço excessivo, dores no corpo, dificuldade em fazer as atividades diárias e a desmotivação para prática de exercícios; até as mais graves, como queda da imunidade, lesões músculoesqueléticas e até, em casos extremos, a morte súbita”.
 
 
Cristiano alerta que “não existem atalhos”. “As pessoas precisam entender é que fórmulas mágicas, que prometem resultados milagrosos em curto tempo, geralmente não funcionam e/ou são danosas ao organismo”, explica. “Mas, de forma bem geral, como o que as pessoas procuram neste período é a melhora da composição corporal (em especial o emagrecimento), o ideal é iniciar atividades que aumentam o gasto calórico de forma significativa (mas sempre de forma controlada) e, preferencialmente, associada a uma alimentação adequada (também sempre orientada por um nutricionista).” 
 
A boa notícia é que, em qualquer espaço de tempo, é possível colher frutos de uma mudança de hábitos. No exercício físico não é diferente. “Com dois meses já conseguimos, sim, alguns resultados, principalmente o emagrecimento. O que não podemos fazer é esperar resultados acima do possível para aquele período. Mas existem algumas características dos exercícios físicos que contribuem para que os objetivos de cada um sejam alcançados”, esclarece o especialista. 
 
Ele enumera alguns critérios para escolher uma atividade física: ser algo que a pessoa goste e que tenha prazer e motivação em praticar; que se encaixe na sua rotina diária e na sua condição financeira. ”Somente se esses critérios forem atendidos é que as pessoas conseguirão dar continuidade e, consequentemente, colher todos os benefícios de uma prática regular”, acrescenta. 

LONGEVIDADE Além disso, o Lcompanhamento de um profissional de educação física fará toda a diferença nos resultados, assim como a presença de um personal trainer, que lhe dará uma vantagem ainda maior, pois ele terá condição de fazer toda a prescrição e ajuste de maneira ainda mais individualizada. “Dentro dessa meta “verão”, a escolha do exercício físico pode ser um risco para o bem e para o mal”, alerta. “A melhor atividade é aquela que a pessoa consegue praticar com frequência e longevidade. Não existe a “melhor modalidade” ou a “atividade ideal”, acrescenta.
 
 
Para minimizar o estrago de uma conduta exagerada, Cristiano ressalta que, em primeiro lugar, é preciso encontrar um exercício físico que realmente goste e não porque alguém está falando que é importante ou porque quer emagrecer. Em segundo lugar, ele sugere pensar que, nem de perto, o melhor e mais importante efeito do exercício físico é estético. “As pessoas deveriam pensar na atividade física como uma pílula mágica, que se utilizada por cerca de 150 minutos por semana de forma contínua, pode trazer efeitos milagrosos, como redução do risco de desenvolvimento de doenças como câncer, diabetes e Alzheimer, redução dos riscos de eventos como infarto e acidente vascular cerebral (AVC), melhora de funções cognitivas, aumento de disposição para atividades diárias, aumento da autoestima e da qualidade de vida e também da longevidade.” 
 
educador físico
José Corbini, educador físico (foto: Arquivo Pessoal )
 
 

Palavra de especialista 

Provas de que o “Projeto Verão” não funciona

 
“Praticar exercícios físicos traz inúmeros benefícios para a saúde, mas isso ocorre a longo prazo. Não adianta começar a treinar em setembro e achar que, em três ou quatro meses, mudará o corpo completamente, isso é ilusão. O ‘Projeto Verão’ pode ser alcançado no sentido de ter melhoras tanto estéticas como de saúde, mas isso depende do planejamento e acompanhamento elaborado por profissionais”, explica José Corbini, educador físico e sócio do app Saúde Personal Virtual. Por isso, ele destaca alguns fatos que comprovam que o projeto, além de ineficaz, pode prejudicar a saúde:

 1- Exercícios em excesso: “O corpo tem de descansar e precisa se adaptar a cargas e novos estímulos. Ou seja, a pessoa pode se lesionar de várias formas, até mesmo com maior gravidade”.

2 - Menos condicionamento físico: “Quando não há uma rotina de exercícios, as pessoas tendem a não ter um bom condicionamento, e não será em poucos meses que a pessoa o conquistará. Por isso, é importante que o corpo esteja acostumado com essa rotina durante todo o ano, e não apenas em um curto período”.

 5 - Autocobrança exagerada: “Em poucos meses, é muito difícil mudar totalmente o corpo, e ter essa expectativa certamente causará frustração”, afirma.

 6 - Efeito “ioiô”: “Treinar e parar, por diversas vezes, vai resultar no famoso efeito ioiô, ou seja, a pessoa perde peso, mas logo em seguida o recupera, podendo até mesmo ganhar ainda mais quilos do que tinha anteriormente”. 


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