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Estado de Minas TRANSPLANTE

Setembro Verde: campanha incentiva a doação de órgãos e tecidos

Nesta terça-feira (27/9), é lembrado o Dia Nacional de Doação de Órgãos e Tecidos; cerca de 50 mil brasileiros aguardam na fila à espera de um transplante


27/09/2022 11:08 - atualizado 27/09/2022 12:56

Coração
(foto: Gerd Altmann/Pixabay)

Doar órgãos é uma forma de dar continuidade à vida ao proporcionar uma nova chance a outra pessoa. Atualmente, cerca de 50 mil brasileiros aguardam na fila à espera de um transplante. Com a pandemia, o número de doações vem caindo no país - está 60% menor do que antes da COVID-19.

A campanha Setembro Verde traz o tema à discussão. Antes da decisão, é fundamental que familiares de um possível doador estejam cientes de tudo o que envolve a doação, e sejam incentivados nesse sentido. Nesta terça-feira (27/9), é lembrado o Dia Nacional de Doação de Órgãos e Tecidos.

O médico neurologista, coordenador da Comissão Intra-Hospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplantes (CIHDOTT) do Risoleta Neves, Diego Dorim, diz que a campanha tem o objetivo de conscientizar as famílias sobre a importância de doar os órgãos quando o paciente falece e incentivar para essa atitude. "Quando a pessoa não está mais entre nós, pode trazer uma expectativa de vida para outo paciente que está na fila", diz.

Entre junho de 2021 e junho de 2022, a unidade de saúde conduziu o processo para 36 doações de múltiplos órgãos e tecidos, que ajudaram aproximadamente 90 pessoas. Podem ser doados rins, fígado, coração, pulmões, pâncreas, intestino, córneas, valvas cardíacas, pele, ossos e tendões.

Diego informa que, entre os órgãos mais facilmente encontrados, estão as córneas e os rins e, na outra ponta, os mais difíceis são coração, pulmão e pâncreas. Sobre o tempo médio na fila, o médico diz que, para o rim, o paciente pode esperar de um ano para o outro, enquanto que para o coração, por exemplo, esse tempo pode variar em média entre dois a três anos, mas muitas vezes o paciente morre sem realizar o transplante. "Uma pessoa que tem morte encefálica pode ser doadora de múltiplos órgãos. Através de exames laboratorias e de imagem, após a morte cada órgão é avaliado, para constatar se é viável para o transplante", acrescenta Diego.

O apelo que se faz, continua o médico, é que as famílias conheçam mais sobre o processo de doação. Não é mais obrigatório que a própria pessoa se declare um doador e autorize a doação, ainda em vida. A decisão cabe aos responsáveis, quando acontece o óbito. Na verdade, tudo isso passa mesmo pela discussão prévia sobre o assunto nos núcleos familiares. "O diálogo entre os membros da família deve acontecer para que se tenham identificados potenciais doadores, para que essa decisão não aconteça apenas no momento do falecimento, um momento por si só já muito difícil. É algo que precisa ser discutido anteriormente", orienta Diego.

Captação de órgãos e tecidos


Desde 2007, a CIHDOTT, do Risoleta Neves, em Belo Horizonte, trabalha na identificação de possíveis doadores. Quando acontece o diagnóstico de morte encefálica, a família do paciente falecido é acolhida, e a ela é sugerida a possibilidade da doação de órgãos e tecidos para transplantes.

Assim que uma doação é autorizada, inicia-se uma série de ações com protocolos rígidos. As cirurgias de transplante não são realizadas no Risoleta, já que o hospital é uma unidade de captação. Cerca de 96% dos procedimento de doação de órgãos são realizados pelo Sistema Único de Saúde (SUS).

Leia também: Dia Mundial do Coração: seis dicas essenciais para cuidar da saúde do órgão

Campanha


Em função do dia especial dedicado ao tema, o Risoleta Neves realiza, até o fim dessa semana, uma série de atividades, com rodas de conversa, homenagens a familiares de doadores, apresentação de coral, depoimentos de transplantados e parentes de doadores, além de performance teatral. O hospital também disponibiliza a cartilha Doação de Órgãos e Tecidos com informações importantes sobre o assunto (acesse nesse link).

A vida continua


Fernanda Moreira
Fernanda Moreira, de 33 anos, estava desde 2020 na fila para receber um rim e foi transplantada em 2021 (foto: Reprodução/YouTube/Risoleta Neves)
Quando uma família diz sim à doação de órgãos, até dez vidas podem ganhar continuidade. Fernanda Moreira, de 33 anos, estava desde 2020 na fila para receber um rim e foi transplantada em 2021. Lucas Leal, de 25, precisa de um coração e aguarda a doação desde o início deste ano.

Fernanda descobriu a doença renal ao fazer um exame de rotina para tratar uma gastrite. No ultrassom, foram identificados cistos nos rins. O pai é transplantado desde 2011 por causa de rins policísticos, mas, até aquele momento, Fernanda não sabia que o probelma poderia ter origem hereditária. Começou o tratamento conservador, que se estendeu até maio de 2020, quando o quadro renal se agravou - os cistos haviam se rompido. A partir desse momento, a indicação médica foi para o transplante do rim.

Com a impossibilidade da doação pelo pai, a mãe e a irmã, três primos se dispuseram ao transplante, mas apenas uma prima estava apta. Fernanda ainda precisou passar por um ano pelo tratamento de diálise, até que, em setembro de 2021, fez o transplante. "O sim da Vanessa mudou a minha vida. Fiquei na fila durante um ano, e nunca recebi uma ligação. É uma dificuldade. Com a doação, vi um ato de amor tão grande que não consigo expressar minha gratidão. O transplante muda nossa vida, nossas perspectivas. Traz novas esperanças. Hoje a minha qualidade de vida é outra. Sou muito grata pelo sim da minha prima", agradece.

 Lucas Leal
Lucas Leal, de 25, precisa de um coração e aguarda a doação desde o início deste ano (foto: Reprodução/YouTube/Risoleta Neves)
Lucas trabalha na área de tecnologia. Já passou por seis cirurgias de correção no coração. "Estava vivendo uma vida normal, tinha acabado de concluir a faculdade, trabalhando, obviamente com as limitações de quem tem problemas cardíacos", relata. Então foi infectado pelo coronavírus, e a COVID-19, apesar da manifestação leve dos sintomas clássicos, acabou impactando a saúde do coração.

"Eu já tinha uma disfunção e após a COVID-19 ela se agravou. É uma agonia saber que você não sabe nada, que eu não tenho um prazo, e também saber que você parou sua vida enquanto isso. Mas estou bastante esperançoso. Vejo como uma oportunidade de uma segunda vida, uma oportunidade de fazer tudo da forma que eu queria fazer e nunca pude fazer", diz.


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