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Estado de Minas TABAGISMO

Estudo mostra que uso de máscara piora efeitos do cigarro no corpo humano

Uso do equipamento aumenta em duas vezes a quantidade de monóxido de carbono exalado e prejudica o funcionamento de vasos sanguíneos


08/07/2022 12:41 - atualizado 08/07/2022 14:15

Homem de máscara fumando
A hipótese levantada pelo grupo é de que, pelo menos em parte, ficar durante muito tempo com o equipamento de proteção individual leva a uma maior reinalação de monóxido de carbono e/ou vapor rico em nicotina, substâncias prejudiciais à saúde (foto: KHALIL MAZRAAWI)

Consideradas estratégicas no controle da disseminação do novo coronavírus, as máscaras faciais podem ter um outro efeito entre os usuários que demanda atenção. Nesse caso, porém, tratam-se de consequências danosas. Esses equipamentos de proteção individual são também potencializadores dos efeitos do cigarro no corpo humano, alertam pesquisadores europeus em um artigo divulgado na última edição do European Journal of Preventive Cardiology.


Depois de avaliar dados médicos de 160 voluntários, os cientistas concluíram que o uso da máscara cirúrgica aumenta em duas vezes a quantidade de monóxido de carbono exalado e compromete as funções dos vasos sanguíneos, considerando períodos sem a máscara. A hipótese levantada pelo grupo é de que, pelo menos em parte, ficar durante muito tempo com o equipamento de proteção individual leva a uma maior reinalação de monóxido de carbono e/ou vapor rico em nicotina, substâncias prejudiciais à saúde.

Os riscos da condição são grandes, de comprometimento da função cardiovascular a óbito, segundo Ignatios Ikonomidis, professor da Universidade Nacional e Kapodistrian de Atenas, na Grécia, e um dos autores do estudo. "A pesquisa sugere que fumar qualquer produto de tabaco se tornou ainda mais perigoso durante a pandemia da covid-19 devido à necessidade de usar uma máscara por longas horas. Pesquisas anteriores mostraram que a função vascular prejudicada está ligada a problemas cardíacos e morte prematura", detalha.


O estudo concentrou-se em cigarros tradicionais (combustíveis) e os cigarros não combustíveis, também chamados de tabaco aquecido - eles contêm tabaco, mas o produto é aquecido eletronicamente a uma temperatura mais baixa do que em um cigarro tradicional, liberando um aerossol inalável contendo nicotina. Os populares cigarros eletrônicos, também chamados de vaping, não foram usados no experimento.

Cenários diversos

Participaram do estudo 40 fumantes de cigarros convencionais, 40 usuários de cigarros exclusivos não queimadores e 40 não fumantes. A idade média dos participantes foi de 45 anos e 72% eram mulheres. Eles faziam parte da equipe médica de um hospital universitário. Indivíduos com doença cardiovascular conhecida, hipertensão, diabetes, dislipidemia, doença renal crônica ou fibrilação atrial foram excluídos do experimento, pois essas condições podem afetar a função vascular. Uma quantidade semelhante de cigarros combustíveis e não combustíveis foi fumada durante os períodos de análise.

Os pesquisadores investigaram os níveis de monóxido de carbono exalado em fumantes enquanto usavam uma máscara durante o horário de trabalho e os compararam com os níveis de monóxido de carbono durante os dias de folga sem máscara. Também investigaram se a mudança na exposição ao monóxido de carbono era acompanhada por função prejudicada dos vasos sanguíneos. Para isso, mediram o gás exalado após uma respiração profunda, além de marcadores da função vascular - velocidade da onda de pulso, índice de aumento e pressão arterial sistólica central - em três momentos.

A primeira avaliação ocorreu no início da manhã - para ter acesso à condição do voluntário após um longo período sem fumar e sem o uso da máscara, considerando que ele estava dormindo. Essa informação serviu de referência para análise. Oito horas depois, foi feita uma nova análise com os voluntários tendo usado ou não a máscara protetiva - a condição foi escolhida de forma aleatória. Uma terceira medição ocorreu oito horas depois. Os participantes foram orientados a não fumar pelo menos uma hora antes das medições para evitar qualquer efeito agudo do tabagismo e não usar qualquer outro protetor facial.

Os resultados mostraram que, entre aqueles que fumavam o cigarro tradicional, o monóxido de carbono exalado aumentou de 8 partes por milhão (ppm) na condição de linha de base para 12,15ppm sem máscara e 17,45ppm com máscara. Em fumantes de cigarros não combustíveis, os números foram 1,15ppm, 1,43ppm e 2,20ppm, respectivamente. Não houve alteração no grupo formado por não fumantes.

Quanto à função dos vasos sanguíneos, os comprometimentos foram maiores nos dois grupos de fumantes comparando os períodos com e sem a máscara. O comprometimento da elasticidade arterial foi um dos efeitos constatados, o que pode prejudicar o fornecimento de oxigênio a órgãos vitais, como o coração. Novamente, não se constatou mudanças entre os não fumantes."Em comparação aos fumantes de cigarro tradicional, os usuários de cigarros não combustíveis apresentaram níveis de monóxido de carbono mais baixos e aumentos menores nos danos vasculares enquanto usavam uma máscara", detalha Ikonomidis.

Melhor parar


Apesar da diferença, o cientista enfatiza que qualquer contato regular com esses produtos combinado com o uso máscara é muito perigoso. "Os resultados mostram que (essa situação) pode prejudicar ainda mais a função dos vasos sanguíneos, em comparação com períodos sem máscara (...) Nosso trabalho fornece ainda mais estímulo para que todos os fumantes abandonem o hábito".

No artigo, os autores também pontuam a necessidade de um período de acompanhamento para detectar se as alterações constatadas durante o uso da máscara estão relacionadas a uma maior incidência de doenças cardiovasculares. Segundo eles, outros fatores, como o estresse durante o trabalho, a poluição ambiental, o tipo de dieta e a qualidade de sono, podem também exercer influência sobre os marcadores examinados.


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