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Estado de Minas FITNESS

Musculação e exercícios físicos são benéficos para desenvolvimento infantil

Qualquer atividade física pode ser praticada por crianças e adolescentes desde que bem orientada


04/04/2021 06:00 - atualizado 04/04/2021 07:42

(foto: Pixabay)

É comum associar os exercícios de musculação a adultos. Porém, crianças e adolescentes também são adeptos da prática. O questionamento é: essas atividades são saudáveis quando praticadas na infância? A resposta, por mais assustadora que seja para alguns, é sim.

“É preciso que aquele mito de que a criança não pode fazer fortalecimento ou um exercício para melhorar a musculatura ‘caia por terra’. A criança, quando bem orientada e exposta ao exercício de fortalecimento de maneira adequada, vai ter um desenvolvimento melhor no esporte que pratica e vai evitar dores, normalmente conhecidas como do crescimento, e que, na verdade, estão relacionadas ao desequilíbrio e fraqueza muscular. A maioria dessas dores, inclusive, consegue-se evitar fazendo um esquema de fortalecimento adequado.”

É o que explica Pedro Baches Jorge, médico especialista em cirurgia do joelho, oncologia ortopédica, medicina esportiva e artroscopia e fundador da Clínica SO.U. Segundo ele, a musculação pode ser, também, um bom preparo para aqueles que desejam praticar outros tipos de atividades físicas. “Normalmente, aquela criança que é muito ativa e faz muito exercício aeróbico e/ou pratica muitos esportes tem que ter um preparo físico muscular adequado à faixa etária e prática realizada.”
 
 
(foto: Bianca Tozato/Divulgação)
 
"A criança, quando bem orientada e exposta ao exercício de fortalecimento de maneira adequada, vai ter um desenvolvimento melhor no esporte que pratica e vai evitar dores”

Pedro Baches Jorge, médico especialista em cirurgia do joelho, oncologia ortopédica, medicina esportiva e artroscopia


Segundo ele, isso resulta em menos lesão e menos dores crônicas. O único empecilho é o exagero, pois submeter a criança a cargas exageradas em relação à força muscular que ela tem pode causar dores e impactar na saúde e no bem-estar. Outro ponto importante é que o esqueleto da criança cresce mais rápido do que a musculatura se desenvolve. Então, o desequilíbrio muscular em crianças e adolescentes é muito frequente. “Portanto, é muito importante trabalhar a musculatura, independentemente da idade, de forma adequada”, afirma.

Para além da musculação, Jan Cerf Willen Sprey, médico especialista em medicina esportiva e ortopedia e traumatologia, lembra que práticas esportivas em geral são muito benéficas para o organismo humano, principalmente quando o hábito tem início ainda na infância.

“O exercício físico é extremamente importante em todas as faixas etárias, porém, durante a fase de desenvolvimento, ela consegue prover um repertório motor muito importante. Ou seja, consegue fazer com que a criança aprenda movimentos, melhore a coordenação e a força muscular e tenha, no futuro, capacidades físicas mais elevadas do que os adultos que não praticaram atividades físicas na infância. Além do que, durante a infância, consegue-se melhorar a capacidade óssea quando se praticam atividades físicas”, afirma.
 
 
"Crianças mais jovens devem praticar exercícios diversos. Assim, elas conseguem melhorar o repertório motor e desenvolver mais capacidades físicas”
 
Jan Cerf Willen Sprey, médico especialista em medicina esportiva e ortopedia e traumatologia
 
 
E os benefícios não param por aí. De acordo com Jan Cerf Willen Sprey, a prática de atividades físicas tem impacto importante na redução de riscos futuros, diminuindo a obesidade e a propensão a doenças crônicas. Além disso, o corpo trabalha e a mente ganha em bem-estar. A criança ou adolescente que pratica esportes melhora a autoestima e a capacidade de socialização, principalmente quando as atividades são realizadas em grupo.

“Diversas pesquisas comprovam que a prática de atividades físicas na infância e na adolescência é extremamente importante para desenvolver um adulto saudável. A prática de atividades físicas é recomendada, deve ser estimulada e é sim extremamente benéfica. Há estudos que comprovam que crianças que praticam atividades físicas têm melhor capacidade de compreensão, de aprendizado na escola, de socialização e, também, menor risco de doenças crônicas no futuro”, argumenta.

RISCOS? 


“O risco que existe é quanto à prática de atividades físicas em intensidade exagerada e sem o devido acompanhamento de professores, instrutores ou profissionais de educação física para avaliar a coordenação motora da criança e prescrever e orientar atividades que sejam adequadas para as capacidades da criança. Outro fator que merece atenção é quanto à especificidade motora muito precoce, que é a tentativa de se fazer uma criança praticar apenas uma atividade. Crianças mais jovens devem praticar exercícios diversos. Assim, elas conseguem melhorar o repertório motor e desenvolver mais capacidades físicas.”

É o que alerta Jan Cerf Willen Sprey. Ele ressalta, também, que, neste cenário, não existe uma atividade melhor ou pior, mais ou menos indicada. Isso porque tudo depende da criança ou adolescente. É questão de personalização, pois, assim como os cuidados e atenções serão dedicados a partir do que a criança precisa, as atividades físicas também. E o gostar do que faz influencia muito, afirma o especialista em medicina esportiva. Não à toa, a boa relação com a prática em si deve ser um dos primeiros quesitos a serem avaliados na hora da escolha e indicação.

“Se ele gosta, se tiver um bom acompanhamento, esse é o exercício perfeito para ele. Não adianta forçar e nem tentar colocar a criança para fazer uma atividade física porque alguém disse que é melhor. Isso não existe. Então, sempre quem vai escolher o exercício a ser realizado é a criança. E qualquer atividade pode ser realizada, inclusive o levantamento de peso, musculação, crossfit, artes marciais. Se houver um profissional dedicado e atento àquela criança, prescrevendo os exercícios de acordo com a fase de desenvolvimento, aquele exercício vai ser sempre benéfico”, diz.

*Estagiária sob supervisão da editora Teresa Caram
 
O QUE FAZER?

Algumas recomendações podem nortear, além da escolha, os cuidados básicos durante os exercícios e até mesmo o antes e depois da prática esportiva. Confira as dicas:

» Assim como em adultos, não permita ou incentive o uso de substâncias que aumentem o desempenho ou esteroides anabolizantes

» Antes de iniciar um programa formal de treinamento de força, é muito importante que uma avaliação médica seja realizada por um pediatra ou médico do esporte

» Crianças com doença cardíaca congênita complexa (cardiomiopatia, hipertensão da artéria pulmonar ou síndrome de Marfan) devem realizar uma consulta com um cardiologista pediátrico antes de começar um programa de treinamento de força

» O condicionamento aeróbico deve ser combinado com o treinamento resistido se o objetivo for benefícios globais à saúde

» Os programas de treinamento de força devem incluir cerca de 10 ou 15 minutos para aquecimento e para relaxar o organismo após o treino

» Os jovens devem ter ingestão adequada de líquidos e nutrientes

» Exercícios de força específicos devem ser aprendidos inicialmente sem carga. Depois de dominar a técnica de cada exercício, cargas incrementais podem ser adicionadas usando peso corporal, pesos livres ou outras formas de resistência

» Treinamentos com pesos devem ser sempre supervisionados e orientados por profissionais habilitados

Fonte: Pedro Baches Jorge, médico especialista em cirurgia do joelho, oncologia ortopédica, medicina esportiva e artroscopia e fundador da Clínica SO.U, e Jan Cerf Willen Sprey, médico especialista em medicina esportiva e ortopedia e traumatologia


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