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Estado de Minas CONGRESSO NACIONAL

CPMI dos atos golpistas sob medida para redes sociais, avaliam analistas

Parlamentares e também dizem que a comissão será bem midiática e repleta de parlamentares com perfil blogueiro


30/04/2023 04:00 - atualizado 30/04/2023 07:58
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Eduardo Bolsonaro
Muito ativos nas redes sociais, deputados Eduardo Bolsonaro (PL-SP) (foto) e André Janones (Avante-MG) devem ganhar mais protagonismo com a CPMI (foto: TULIO SANTOS/EM/D.A.PRESS)

Brasília - A presença expressiva de "políticos blogueiros" na atual legislatura potencializou o uso do aparato Legislativo, como o plenário e as comissões, para conseguir recortes com frases de efeito em redes sociais. Essa tendência midiática será ainda mais enfática durante os trabalhos da comissão parlamentar mista de inquérito (CPMI) para investigar o ataque às sedes dos três Poderes em 8 de janeiro.

A avaliação é de especialistas e dos próprios parlamentares. Durante o avanço das articulações sobre a CPMI nas duas últimas semanas, deputados e senadores de legendas como PT, PL, PSDB, PP, PCdoB e Republicanos usaram termos como “lacração”, “gritaria”, “barraco”, “confusão”, “só vai ter maluco” e até “bancada do bullying” para definir o clima do colegiado e composição.

As "lacrações palanqueiras", termo utilizado pelo presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL) no ano passado para se referir a discursos com o fim de "bombar" nas redes sociais, tendem a ficar em primeiro plano em detrimento das apurações da CPMI para grande parte da composição do colegiado, principalmente da ala bolsonarista.

Aliás, este é um questionamento que corre nos bastidores: o que, de novo, pode ser trazido pela comissão, uma vez que uma investigação formal já está adiantada no Supremo Tribunal Federal (STF)? A única explicação seria a oportunidade de visibilidade diante da mídia e das redes sociais que os debates podem gerar.

A escalação dos nomes pelas legendas reitera essa máxima: Eduardo Bolsonaro (PL-SP), Alexandre Ramagem (PL-RJ) e André Fernandes (PL-CE) são os favoritos do partido de Valdemar Costa Neto e do ex-presidente Jair Bolsonaro para compor a CPMI. Todos, engajados com as mídias sociais.

Fernandes, porém, não conseguiu ainda garantir a vaga na CPMI. O autor do requerimento de instalação da comissão é réu no Supremo Tribunal Federal (STF) justamente por ter convocado pessoas para participar do quebra-quebra de 8 de janeiro. Caso não assuma a vaga, um dos nomes cotados é o de Nikolas Ferreira (PL-MG), que ganhou enorme capital político-eleitoral com uso das redes sociais. No Senado, a oposição avalia indicar nomes como Damares Alves (Republicanos-DF), Carlos Portinho (PL-RJ), Jorge Seif (PL-SC) e Magno Malta (PL-ES). O PL terá apenas duas indicações na CPMI.

O foco dos adversários do presidente Luiz Inácio Lula da Silva na CPMI consistirá, principalmente, em explorar o vídeo do ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) Gonçalves Dias dentro do Palácio do Planalto no dia dos ataques. G. Dias, como é conhecido, estava acompanhado de funcionários do GSI do general Heleno, que ocupou o cargo no governo Bolsonaro. Além do militar, outro alvo deve ser o ministro Flávio Dino. Nas duas vezes em que o ministro da Justiça foi à Câmara, nas comissões de Constituição e Justiça (CCJ) e de Segurança Pública (CCJ), as audiências foram marcadas por muita confusão.

Para fazer frente ao bolsonarismo e sua capilaridade nas redes sociais, André Janones (Avante-MG) voltará a ser protagonista na defesa de Lula e do governo. Na eleição de 2022, praticamente sozinho, o deputado federal equilibrou o campo de batalha nas redes, usando estratégias parecidas com a dos bolsonaristas. A base ainda deve ter dois nomes fortes nas redes sociais, os deputados Duarte Júnior (PSB-MA) e Duda Salabert (PDT-MG).

No Senado, Randolfe Rodrigues (Rede-AP) é o nome mais midiático, seja por constantes aparições na televisão e até mesmo nas redes sociais. Além dele, outros nomes que carimbaram o governo Bolsonaro durante a CPI da Pandemia também devem estar presentes, como Renan Calheiros (MDB-AL), Rogério Carvalho (PT-SE), Humberto Costa (PT-PE), Omar Aziz (PSD-AM) e Otto Alencar (PSD-BA). Com os times formados de ambos os lados é possível perceber o padrão em busca pela repercussão midiática tanto do lado da oposição, quanto na base governista.

Já o governo quer iniciar com força total para tentar “liquidar” a CPMI o mais rápido possível. O primeiro alvo dos governistas será Anderson Torres, ministro da Justiça do governo anterior e ex-secretário de Segurança Pública do Distrito Federal. Outros nomes como os generais Augusto Heleno e Walter Braga Neto (ministro da Defesa de Bolsonaro) também devem ser chamados. O ex-presidente Jair Bolsonaro deve ser alvo da base da CPMI apenas na reta final.

COMPOSIÇÃO DO COLEGIADO

Os líderes dos blocos partidários precisam indicar os deputados e senadores que vão integrar a CPI mista dos atos antidemocráticos para a devida instalação. O governo caminha para ter a maioria da composição, entre 20 e 24 dos 32 parlamentares. Por isso, deverá ficar com a presidência e relatoria. O líder da oposição, senador Rogério Marinho (PL-RN), considera que uma das vagas precisa ser da minoria, que teve a iniciativa. Já o líder do governo no Congresso Nacional, Randolfe Rodrigues, destacou que "a tentativa de golpe" de 8 de janeiro foi arquitetada ao longo dos últimos quatro anos.

Para o cientista político da Hold Assessoria, André Cézar, a CPI mista será bastante midiática, especialmente nas redes sociais. “Essa tendência tem sido vista desde a posse do novo Congresso. Vimos exemplos clássicos com as confusões constantes, como na ida de Flávio Dino a uma comissão na Câmara, que precisou ser suspensa, e na última semana, o caso de Eduardo Girão”, observa. Ele destaca que, para não perder controle, o governo precisará ter condições de conter certos arroubos. “Isso empobrece a discussão e o processo democrático fica sempre em xeque. Só parlamentares de peso serão capazes de segurar essa onda”, conclui.
 







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