Homem com camisa de Bolsonaro insiste em ser entrevistado pelo Datafolha
Morador de Niterói, no Rio de Janeiro, reclamou após pesquisadora se recusar a entrevistá-lo. Senador Flávio Bolsonaro compartilhou vídeo nas redes sociais
Um homem vestido com uma camisa de Jair Bolsonaro (PL) abordou uma pesquisadora do Datafolha e pediu para ser entrevistado em Niterói, no Rio de Janeiro. O vídeo gravado pelo apoiador do presidente viralizou nas redes sociais e foi compartilhado no Twitter do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ).
“Primeira vez que encontro o Datafolha na minha vida. Mas a moça do Datafolha não quer me entrevistar. Me entrevista, senhora! Ela não quer me entrevistar porque estou com a camisa do Bolsonaro”, narrou o homem enquanto tentava filmar o rosto da pesquisadora.
O eleitor de Bolsonaro abordou outras pessoas na rua. “Ela não te entrevistou, senhora? Falou que não pode entrevistar? Para nós, a mesma coisa”, disse. “É para a população ver como é. Parou, pediu para entrevistar, quando viu que a camisa era do Bolsonaro, não quis entrevistar”.
Em mensagem aos seguidores, Flávio Bolsonaro criticou o instituto e confiou na vitória do pai sobre o candidato Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na eleição de domingo (2/10). “O Datafolha sendo desmascarado mais uma vez. Ficamos assim: Bolsonaro perde nas pesquisas e ganha nas urnas, como sempre!”.
Bolsonarista usava camisa com rosto do presidente quando pediu para ser entrevistado pelo Datafolha (foto: Reprodução)
Metodologia do Datafolha
A metodologia do Datafolha prevê pontos específicos para a realização das entrevistas. No caso de mudança para outro ponto entre os mapeados, é preciso uma autorização da equipe de planejamento.
Além disso, a determinação é evitar pessoas que se ofereçam para serem entrevistadas - como no caso do bolsonarista em Niterói -, de modo que a amostra seja aleatória.
Outras instruções são as de não dar permissão para ser filmado e a de não usar o crachá da empresa enquanto estiver se deslocando, apenas enquanto estiver realizando as entrevistas.
O instituto diz que, nos levantamentos nacionais ou estaduais, primeiro são sorteados os municípios que farão parte do levantamento; depois, os bairros e pontos onde serão aplicadas as entrevistas.
O Datafolha também usa cotas proporcionais de sexo e idade de acordo com dados obtidos junto ao IBGE e ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral).
Agressões
Casos de hostilidade a trabalhadores do Datafolha têm sido registrados no país. Em agosto, quatro homens perseguiram uma entrevistadora em Belo Horizonte, chamando o instituto de comunista e esquerdista. Ela saiu correndo, caiu no chão e machucou um dos joelhos.
O grupo então teria se assustado e parou de segui-la. Eles estariam tentando pegar à força o tablet no qual ela registrava as respostas.
Em Goiânia, um entrevistador chegou a ser empurrado por um homem que se identificou como bolsonarista e que disse não querer o profissional nas redondezas.
No Rio Grande do Sul, um pesquisador foi levado para averiguação por um policial que se identificou como eleitor de Bolsonaro. O militar parou o carro e fez perguntas ao entrevistador que, na sequência, foi liberado e continuou seu trabalho em outro local.
O levantamento mais recente do Datafolha apontou Luiz Inácio Lula da Silva com 47% das intenções de voto, contra 33% de Jair Bolsonaro. Ciro Gomes (PDT) contabilizou 7%, em terceiro, e Simone Tebet (MDB) 5%, em quarto. Soraya Thronicke (União Brasil) ficou em quinto, com 1%
O instituto ouviu 6.754 eleitores em 343 municípios de todas as regiões do Brasil entre 20 e 22 de setembro. A margem de erro é de dois pontos percentuais para mais ou para menos. Os dados estão registrados no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sob o número BR-04180/2022.