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Estado de Minas ELEIÇÕES 2022

'Não quero ser coadjuvante', diz Miguel Corrêa, pré-candidato a governador

Pedetista que vai disputar o governo de Minas afirma que valoriza projeto regional do partido, fala da viabilidade de Ciro Gomes e quer assumir protagonismo


23/05/2022 04:00 - atualizado 23/05/2022 09:25

Pré-candidato ao Governo de Minas
Miguel Corrêa, pré-candidato ao Governo de Minas pelo PDT (foto: Leandro Couri/EM/DA Press)

"O eleitorado está polarizado, e nós todos temos convicção disso, em nível nacional, porque esse é o debate dos últimos 10, 12 anos ou mais, incluindo Bolsonaro. Mas essa polarização já existe. No estado, nem tanto. O Kalil representa a centro-esquerda, ele formalizou uma aliança com o PT e com o presidente Lula; eu também defendo a centro-esquerda"

Miguel Corrêa (PDT), Pré-candidato ao Governo de Minas



Nome conhecido da política mineira por conta da carreira política de cerca de 18 anos, Miguel Corrêa (PDT) se coloca como um dos responsáveis para impulsionar Ciro Gomes, pré-candidato à Presidência da República nas eleições gerais de 2022, em Minas Gerais. Corrêa deixou o PT em março deste ano para se juntar a Ciro e, também, tentar vencer a disputa pelo posto de governador mineiro no pleito.

Ex-vereador de Belo Horizonte e ex-deputado federal por Minas, Miguel Corrêa afirma que tem “certa liberdade” para tratar de temas regionais no PDT, diferentemente do que via no PT. Em sabatina no estúdio do Estado de Minas, Corrêa comentou também a aliança entre Alexandre Kalil (PSD), rival em Minas, e Lula (PT), pré-candidato a presidente, a defesa a Ciro Gomes, o empenho em ver o atual presidente Jair Bolsonaro (PL) derrotado, entre outros pontos. A seguir, os principais trechos da entrevista.

Em 30 de março, o Tribunal Superior Eleitoral considerou o senhor inelegível. Mesmo assim, a candidatura foi lançada. Como isso vai acontecer?
 
Eu vou dividir a resposta em três partes. A primeira parte, acho que tem a ver muito com a minha história. É importante ressaltar que nos meus 18 anos de vida pública nem sequer fui intimado ao Ministério Público para responder por qualquer ato administrativo. Por peculato, corrupção, qualquer coisa que seja. Nunca figurei em lista nenhuma, nunca fui delatado em absolutamente nenhuma hipótese, então significa que a minha trajetória de homem público é uma trajetória reta. Esse processo em si que você destaca, ele tem a ver com eleições e as regras do processo eleitoral.

Aí eu vou para a segunda parte; o meu ponto é: o que me cabe é a defesa, naturalmente, e a ampla defesa nesse processo. O que significa que eu ainda tenho um recurso no Supremo que eu posso fazer e, naturalmente, ter a vitória a partir disso. Então, enquanto não houver o completo trânsito em julgado, a faculdade da possibilidade da discussão da pré-campanha e da campanha está mantida, inclusive o registro só se faz em meados de agosto. Então, eu tenho tempo suficiente para fazer essa construção quanto para me defender. E um terceiro ponto, e aí eu entro no objeto específico do processo, imagina que eu venci esse processo em Minas Gerais por 6 a 0, numa compreensão de que eu, absolutamente, não tive nada a ver, nenhuma vírgula fora da legislação, que a conduta que eu tenho, está aqui o registro que eu fiz na primeira parte. Quando ele vai para o TSE, eu nem sequer fui informado por meus advogados naquele momento. Eu nem sequer tive uma única reunião, um único telefonema ou uma única troca de mensagem me avisando que o processo estava em Brasília, que o processo estava em julgamento, e nem sequer teve uma defesa oral sendo feita.

O senhor recorreu?
 
Eu não só fiz o recurso, como eu estou pedindo anulação de instituir esse escritório, e estou solicitando anulação porque não foi me dado o direito de me defender. E quero saber, inclusive, quais foram as motivações que esse escritório teve para tomar essa decisão, sendo que no primeiro momento do Tribunal Regional Eleitoral, fartas trocas de mensagem, vários telefonemas, reuniões no meu escritório, reuniões no escritório dessa sociedade de advogados e, depois, nenhuma única. Só que não me cabe responder, cabe a quem tem responsabilidade por isso responder.

Como está a sua candidatura?
 
Se a gente for olhar, e aí as pessoas acabam confundindo a análise da pesquisa, se você olhar a pesquisa de longe, você vai ver um resultado favorável ao (Romeu) Zema. Mas se você for observar as pesquisas de perto, você vai perceber que esse resultado não existe, eu vou te explicar o porquê. Primeiro ponto: 50 ou mais por cento da população não está decidida, começa por aí, então esse 40 é 20, se tem 50 que não está decidida. Dos eleitores do Zema que se dizem convictos e não trocarão de candidato, passa de 50. O que significa que em torno de 40 podem trocar o candidato. Quer dizer, o Zema pode ir para pouco mais do que 10. Isso é muito, isso é muito, mas esse é o retrato real, atual. Mais do que isso numa eleição, que termina hoje, abra aspas, ela não termina, ele poderia vencer. Como ela termina só dia 2, 3, se for primeiro turno, significa que tem uma estrada em um rio longo a ser passado. E, por último, eu escolhi o caminho de defesa absoluta e intransigente da candidatura do Ciro Gomes. Sem renegar o meu passado, sem dar crédito ao que eu fiz, ao que construí, sempre tenho comparado isto: fui casado uma primeira vez, sou casado novamente. Sou feliz, tenho outros filhos, vivo intensamente, mas eu tenho uma relação maravilhosa com a minha ex-esposa. Temos uma filha, tem uma relação de respeito, de amizade, de carinho um pelo outro. Esse relacionamento de respeito eu vou manter, mas o meu caminho hoje é com o Ciro. Porém, eu pretendo vencer as eleições em Minas pelas minhas ideias, pelos meus ideais, pelo que eu acredito que posso fazer e convencer as pessoas a acreditarem nesse projeto e me eleger.

Recentemente, o senhor disse que a vitória de Ciro Gomes é ter Lula no comando do Brasil. Como é sua relação com Ciro? Ele não esteve no lançamento de campanha.
 
Houve uma interpretação que seria o lançamento da campanha, mas não é. Nós faremos o lançamento da pré-campanha ainda, provavelmente em junho. Ali foi o ato da minha filiação, que naquele momento, sendo claro, não tenho dificuldade em fazer isso, disseram que estava passando mal, não é o que eu acredito, não me foi dito isso textualmente. O que eu acredito é que, no momento de negociação, ainda com a possibilidade de trazer um Kalil, não seria um sinal positivo do Ciro vir para minha filiação, sendo que a minha filiação está sendo construída por uma candidatura ao governo. Mas eu jantei com ele uma semana antes disso, e ali era o que estava sendo discutido, a minha campanha ao governo e aliança com ele, e eu respeito isso. Não fiquei nem um pouco incomodado com a ausência dele. Mantenho a minha posição, e disse inclusive que se fosse para abrir mão para o Kalil, vindo para essa composição em defesa ao Ciro, que o faria com toda tranquilidade. Eu não disputo a eleição como a última coisa da minha vida, assim como deixei de disputar nesses últimos anos. 

Como surgiu a ideia de ser pré-candidato pelo PDT e deixar o PT?
 
No PT, a preocupação é nacional. Compreendendo isso, não há espaço para construção de projetos regionais. Você pode perceber que se você for fazer um histórico das eleições em Minas Gerais, exclua o Fernando Pimentel, que é uma liderança muito sólida e que teve uma trajetória muito sólida como prefeito de Belo Horizonte, de Patrus (Ananias), Fernando Pimentel, depois ficou em um projeto escanteado o tempo inteiro, e eu não queria participar disso. Eu não queria ser coadjuvante, eu não queria abrir mão para uma candidatura que não vai impor disputa, porque tem que favorecer o fulano ou beltrano. Está aí, o Reginaldo (Lopes) construiu a eleição dele ao Senado o tempo inteiro e está fora do cenário, não será candidato ao Senado.

A aliança de Lula com Kalil tira mais chances da sua candidatura? 
 
O eleitorado está polarizado, e nós todos temos convicção disso, em nível nacional, porque esse é o debate dos últimos 10, 12 anos ou mais, incluindo Bolsonaro. Mas essa polarização já existe. No estado, nem tanto. O Kalil representa a centro-esquerda, ele formalizou uma aliança com o PT e com o presidente Lula, eu também defendo a centro-esquerda.

Só que mais do que isso, a minha arma de conquista serão as minhas ideias, essa que é a arma que eu tenho que utilizar, inclusive para aumentar o potencial tanto de votos das bancadas que eu irei representar como candidato a governador, quanto ao Ciro, como nós já tratamos aqui, mas especialmente do que mais importa: a população de Minas Gerais. A população de Minas Gerais acredita no modelo de governo no qual Lula e Ciro são os grandes representantes, e ela irá escolher entre os dois, também ter a possibilidade de poder escolher no estado. E se ela decidir pelo Kalil, ponto final, isso é a democracia. Agora, ter o direito de apresentar e de conquistar, esse eu vou exercer até o final. Eu tenho convicção de que irei conquistar.

O projeto nacional do Ciro será regionalizado com seu governo? A questão é justamente essa no seu plano?
 
Um presidente precisa ter esse discurso. Ele está representando o conjunto, o cargo que eu disputo representa o estado, e o estado de Minas Gerais tem as suas especificidades, que é muito diferente de vários outros naturalmente, como cada um é por si só único. A aposta aqui em fazer o estado crescer tem a ver com as nossas características. E aí eu posso destacar a agricultura, sem qualquer sombra de dúvida, mineração, serviços a indústria, comércio. E esse é um tema que eu gosto muito, o que eu irei defender incondicionalmente é o governo do estado de Minas Gerais, esse é o centro das minhas ideias, quer fazer com que você ganhe dinheiro. Esse é o centro das ideias que eu quero apresentar. Aí eu explico, até para não ficar algo solto, no ar e parecendo mágico. Porque a explicação disso é muito simples. O que as pessoas querem, elas querem ganhar dinheiro. A primeira preocupação básica, só abrindo um parênteses, é fazer o estado funcionar, e isso aí eu vou até parafrasear o Kalil, se o governante atrapalhar pouco funciona bem. Funciona bem porque tem um funcionalismo público estruturado, os fluxos e processos estão todos bem organizados. O estado funciona bem, precisa de um grande líder, com ideias novas e que faça com que essas coisas possam oferecer coisas novas para as pessoas. E o que eu quero fazer é fazer com que as pessoas tenham uma qualidade de vida melhor. Isso significa ter emprego, ter trabalho, ter condição de ganhar dinheiro. 

Como seria isso?
 
Vou dar um pequeno exemplo: fui secretário de estado do Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia. Chegando à secretaria, tinha um orçamento dotado de um projeto que destinava R$ 68 milhões, essa empresa já tinha recebido outros 40, para um projeto que envolvia 21 engenheiros de uma empresa lá da Europa, para facilitar qual a empresa. Eu levei isso para o governador e falei assim: ‘É para fazer isso?’. Ele falou assim: ‘Avalia e decide’. Eu falei:’ Já está decidido, não vou fazer a não ser que senhor me determine. Aí eu farei’. Ele falou: ‘Por que você não irá fazer?’. Porque por R$ 68 milhões do estado para uma empresa que está aqui desenvolvendo a partir de um valor que o estado tem, uma solução que vai beneficiar esta empresa, eu discordo desse tipo de investimento. E aí eu quero avançar um pouquinho só. Se avançarmos para criar um plano onde você que está ouvindo, assistindo, escutando a gente aqui, faça com que essas pessoas que têm um salão de beleza, um bar, um comércio, e você possa num plano de negócios dessas pessoas, poder receber aporte de 10 mil por mês, 20 mil por mês no seu negócio, desde que cumpram um plano de reestruturação do seu negócio, onde ampliar o seu faturamento, aumentar as suas vendas, aumentar a capacidade de receber conhecimento e fazer com que seu negócio prospere. Fazendo com que isso seja a maior fonte geradora de emprego do nosso estado e aumente assustadoramente a nossa arrecadação.

Em um hipotético segundo turno entre Ciro e Lula, em quem o senhor vai votar?
 
Ciro. De corpo e alma. Ficarei, inclusive, muito feliz com um segundo turno desse. Em primeiro lugar, o Bolsonaro não estaria. E, em segundo lugar, a população fez duas grandes opções e teremos Ciro presidente do Brasil. Aí o resto é com o povo, ele quem vai decidir, meu voto é um só.



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