
Uma das linhas de investigação adotadas pela CPI da Cemig trata da venda de ativos da companhia a fim de "desidratar" a empresa e, assim, viabilizar a privatização. Duas negociações chamam a atenção dos parlamentares: a venda da Light, companhia de luz sediada no Rio de Janeiro, e a alienação indireta da participação da estatal mineira na Renova, que atua com energias renováveis.
Em janeiro deste ano, a Cemig vendeu a fatia de 22,6% que controlava na Light por R$ 1,37 bilhão. Em 2019, quando ainda estava vinculada à companhia mineira, a empresa fluminense vendeu, pelo valor simbólico de R$ 1, a sua participação na Renova. Maurício Dall'Agnese assumiu a CemigPar em dezembro do ano passado.
O pedido para interrogá-lo na condição de testemunha foi feito por Professor Cleiton (PSB) e Beatriz Cerqueira (PT), subrelatores da CPI. Sávio Souza Cruz (MDB), o relator, também assina. A CPI da Cemig tem no horizonte, ainda, outros depoimentos importantes, como o de Reynaldo Passanezi Filho, presidente da estatal.
Os trabalhos do comitê de inquérito estão previstos para terminar em fevereiro.
Ex-presidente deixou conselho após operação sobre a Light
Em outubro, o ex-presidente da Cemig, Cledorvino Belini, esteve na Assembleia Legislativa para prestar depoimento. Aos parlamentares, ele afirmou que deixou o conselho de administração da Light em outubro de 2019, quando a venda da Renova por R$ 1 foi aprovada.
No mesmo mês, Luis Paroli Santos, ex-presidente da Light, também depôs à CPI. O executivo deixou a empresa em abril de 2019, mas criticou a venda da participação indireta da Cemig na Renova.
"Eu já tinha deixado a Light no momento da venda, mas sempre entendi que a venda da Renova por esse valor não era a melhor opção", disse, à época.
A Cemig, por seu turno, tem sustentado que a venda da Renova foi assunto de competência da Light.
"Quando da referida venda pela Light, a Cemig tinha três dos nove representantes no Conselho de Administração (CA) da Light, entre eles o Sr. Cledorvino Belini. Em atendimento às boas práticas de governança, eles se abstiveram de votar após se declararem impedidos por conflito de interesses. Isso porque, após a votação no CA da Light, um eventual direito de preferência da Cemig teria que ser votado no CA da própria Cemig. Essa razão foi exposta e documentada em reunião na Light."
