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Estado de Minas LEGISLATIVO

Acordo de R$ 1,1 bi: CPI da Cemig mira diretores de empresa de call center

Parlamentares aprovam convocação de sete executivos da AeC, firma de call center que presta serviços à estatal; acordo bilionário será tema


03/11/2021 19:18 - atualizado 03/11/2021 19:46

Praça da Assembleia, em Belo Horizonte
Assembleia Legislativa poderá investigar gestão da Cemig até fevereiro, se necessário (foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press)
Os deputados estaduais que compõem a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig) querem tomar o depoimento de sete diretores da AeC, empresa de call center que presta serviços à companhia de luz. As convocações foram aprovadas pelos parlamentares nesta quarta-feira (3/11).

Foram chamados Ricardo Falci Souza, Gustavo Antônio Wanderley Teixeira, João Luiz Noronha, Celso Mateus Raphael Ramiro, Raphael Ribeiro Dualibi, Luciano Rodrigues da Silva e Gustavo Cavalcanti Morais. Eles vão depor na condição de testemunhas.   

A AeC está nos meandros da apuração de contrato de R$ 1,1 bilhão fechado junto à IBM, multinacional de tecnologia. O pacto bilionário contempla funções como o controle do call center que presta suporte aos consumidores. O convênio foi oficializado pouco tempo após a estatal romper acordo com a Audac, que havia vencido concorrência para controlar o atendimento telefônico.

A IBM repassou essa tarefa à AeC, que havia participado - e perdido - do pregão vencido pela Audac. A AeC é de propriedade de Cássio Azevedo, ex-componente do secretariado do governador Romeu Zema (Novo), e morto neste ano, por causa de um câncer.

O Estado de Minas procurou a AeC a fim de obter posicionamento sobre as convocações.

"A AeC atua há quase 30 anos no mercado, tendo prestado serviços para centenas de empresas, e esclarece que todos os contratos e serviços prestados ao longo de mais de uma década para a Cemig foram pautados pela legalidade, idoneidade e pela absoluta transparência, gerando emprego e renda para o município de Belo Horizonte", informa a empresa em resposta enviada à reportagem.
 

A ideia é dar apoio às investigações. "A empresa reafirma seu compromisso em colaborar com toda e qualquer apuração que demande sua participação e reitera que todas as suas relações institucionais e comerciais sempre se nortearam pela ética e pelo conjunto das melhores práticas de integridade e compliance", aponta a AeC.

Diretor é reconvocado

Ainda nesta quarta, os deputados acertaram que vão interrogar novamente Hudson Felix de Almeida, diretor-adjunto de Gestão de Pessoas da Companhia. Ele compareceu à Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) em 19 de agosto.

O executivo é peça importante do eixo da CPI que examina contratos assinados pela Cemig por meio da convalidação, prática que permite a oficialização de atos retroativos. Acordos feitos sem licitação também vão nortear o novo depoimento.

Segundo Professor Cleiton (PSB), sub-relator e vice-presidente do comitê de inquérito, o grupo recebeu um áudio de reunião por meio do canal de denúncias que permite à população o envio de informações relacionadas à Cemig. O encontro gravado teria tido a participação de Hudson Felix.

"Ele vai ter que responder muita coisa. Esse áudio é esclarecedor. O áudio que vamos mostrar desmente muita gente que esteve aqui e disse ao contrário do que está sendo decidido no interior da nossa companhia", disse o pessebista.

Quando esteve frente a frente com os deputados, Hudson falou sobre o acordo entre Cemig e Exec, empresa contratada pela energética para conduzir o processo seletivo que culminou na escolha de Reynaldo Passanezi para presidir a companhia.

Firmado sem que houvesse um pregão, o convênio com a Exec foi assinado depois que Passanezi já havia sido escolhido. A ata da reunião em que os conselheiros da Cemig dão aval ao pagamento dos R$ 170 mil acordados pelo serviço tem, inclusive, a assinatura de Passanezi - empossado presidente em janeiro do ano passado.

Em seu primeiro depoimento, Hudson Felix afirmou ter ouvido de Cledorvino Belini, antigo presidente da Cemig, que a escolha da Exec para intermediar o processo de definição do sucessor partiu do governo estadual. Mesmo sem ter participado das tratativas com a headhunter - companhia responsável por recrutar executivos no mercado -, o diretor assinou a convalidação do contrato.

"O processo de convalidação me deu segurança. Dentro desse processo, a gente verifica se é uma empresa qualificada para tal, e verificamos que sim. A Exec é uma das grandes do mercado, com vários clientes semelhantes à Cemig - ou até maiores. Verificamos, também, o valor contratado, que é abaixo daquilo que usualmente se paga no mercado", sustentou, à época.

Além de Professor Cleiton, assinam o pedido para a nova convocação de Hudson o relator da CPI, Sávio Souza Cruz (MDB), e Beatriz Cerqueira (PT), outra sub-relatora. Os governistas Zé Reis (Podemos) e Zé Guilherme votaram contrariamente.

A Cemig tem garantido que o processo de escolha de Passanezi foi conduzido dentro da legalidade. A empresa se ampara na Lei das Estatais para assegurar a legalidade das contratações feitas sem licitação. Segundo a companhia, a notória especialização das firmas é suficiente para a dispensa de concorrência.

Deputados querem destrinchar verbas de publicidade


Os componentes da CPI deram sinal verde a ofício que solicita, à Cemig, prestação de contas dos gastos com publicidade nos últimos dois anos. A companhia de luz terá que informar valores, motivação dos acordos e os nomes das empresas contratadas. 

Prevista para terminar neste mês, após noventa dias de atividades, a comissão foi prorrogada por mais dois meses. Portanto, os deputados poderão prosseguir com as apurações até fevereiro de 2021, se necessário for.


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