Durou pouco mais de 12 horas uma possível paz entre o governo de Minas e a Assembleia Legislativa (por conta de um possível acerto para tramitação do acordo da Vale no Parlamento Mineiro). Na manhã desta quarta-feira (7/7), o governador mineiro Romeu Zema (Novo) criticou, durante entrevista à Rádio Super, de Belo Horizonte, a atuação dos deputados estaduais mineiros. O chefe do Executivo, dentre diversas colocações, afirmou que a Casa mostra incômodo com o trabalho de sua equipe e disse que está cansado de “fofoquinhas” no Legislativo.
um dia depois de a Assembleia, em primeiro turno, aprovar uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que poderia destravar a votação acordo da Vale na Casa - fato que, inicialmente, desagradou o governo - e também a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) para 2022.
Zema foi repreendido já nesta manhã, pouco depois das declarações. Durante reunião extraordinária na Assembleia de Minas, os líderes dos blocos parlamentares de oposição, governo e independente criticaram as colocações do governador, Líder do bloco de oposição, o deputado estadual André Quintão (PT) disse que não via tamanho desrespeito 'há muito tempo' e associou o governador a uma metralhadora giratória. Quintão também disse que as declarações afetam não somente os opositores, mas todos o Parlamento.
“O governador falou que a gente fica fazendo fofoquinha, com aquilo colado aí na almofada aí, na cadeira, e ele não, ele conhece Minas Gerais. A gente está com inveja, ele falou que a Assembleia está com inveja, está incomodada com o sucesso do governo. Vou repetir aqui, não altera um milímetro a relação política, relação de respeito, governador foi eleito pelo voto direto, tenho respeito pessoal pelo governador, vou colocar essa entrevista dele hoje como um, ou vários, mais um dos pontos fora da curva que ele tem feito. Minha solidariedade ao líder Gustavo Valadares”, afirmou.
Na sequência, Gustavo Valadares (PSDB), líder do bloco de governo se manifestou. Ele afirmou que não conversou diretamente com Zema, desculpou-se com os colegas e pediu ao governador que permanecesse em silêncio em momentos como este.
“Assim se constrói a democracia, com elogios e com críticas. Eu não concordo com a atitude, acho que já estamos com a corda esticada demais, e o momento agora é de buscarmos, até através do silêncio, maneira de construirmos alternativas para a crise que está instalada em Minas Gerais. O silêncio, neste momento, é o nosso maior aliado, governador. Sigo acreditando no seu governo, sigo acreditando na sua equipe, sigo acreditando na sua boa fé, na sua vontade de mudar para melhor o estado, mas lhe peço, para que eu e o deputado Raul Belém possamos cumprir nosso objetivo, que é de construir pontes no Legislativo, eu lhe peço: por vezes, o silêncio é o melhor caminho”, disse.
Líder de um dos dois blocos parlamentares independentes, o deputado estadual Cássio Soares (PSD) também repudiou as colocações de Zema. “Quando ele diz que os deputados pouco fazem para Minas Gerais, pouco fizeram, acho que ele está muito equivocado. Acho que estava muito envolvido nas práticas comerciais, econômicas e empresariais e não acompanhou a história desta Casa na construção de capítulos importantes”.