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Estado de Minas CPI da COVID

'Desespero é tanto que virei alvo do presidente', diz Aziz

Em entrevista, presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) criticou Jair Bolsonaro e afirmou que o 'gabinete do ódio' existe


04/06/2021 21:46 - atualizado 04/06/2021 21:48

Aziz criticou o presidente Jair Bolsonaro e afirmou a existência do 'gabinete do ódio'(foto: Reprodução GloboNews)
Aziz criticou o presidente Jair Bolsonaro e afirmou a existência do 'gabinete do ódio' (foto: Reprodução GloboNews)
O presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da COVID, o senador Omar Aziz (PSD-Amazonas), criticou o presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido), durante entrevista à GloboNews, na noite desta sexta-feira (04/06). Aziz afirmou que Bolsonaro está "desesperado" e “perdendo o tempo” atacando um “senador pequeno de um estado do Norte”. 

O senador abriu a entrevista comentando os “bate-bocas” que aconteceram durante as reuniões da CPI e afirmou que se trata de tensão, já que estão “tratando de vidas”. Logo depois, Aziz disse que a “verdade” sobre o governo Bolsonaro está aparecendo e, por essa razão, ele está “desesperado”.

“Quando nós procuramos trazer a verdade para a população, ela está aparecendo! Este desespero do governo, esse é o desespero toda quinta-feira do presidente, em que ele agride aleatoriamente as pessoas sem pensar nas famílias", comentou Aziz, em tom de crítica ao presidente.

Ele completou que Bolsonaro se apoia na mídia para “atacar adversários” e afirmou a existência do ‘gabinete do ódio’, que é um suposto gabinete montado para espalhar informações falsas sobre uma pessoa. 

"Historicamente, desde que começou o governo, todas os desafetos e as pessoas que o contrariam, ele (bolsonaro), destruiu através das mídias robóticas que ele tem, através do gabinete do ódio", disse Aziz, que citou o ex- juiz Sergio Moro, que era aliado do presidente e foi ministro do governo, como exemplo de “ataque” dos robôs de Bolsonaro.

“Ou você reza na cartilha e diz ‘amém’, ou você não presta”, afirmou sobre Bolsonaro e suas alianças políticas. “Ele (Bolsonaro) ataca os que estão tentando investigar e mostrar fatos, mas quem está ao lado dele, não tem defeitos. Porém não é bem assim”. 

Aziz disse também que Bolsonaro passou a campanha eleitoral, das Eleições Presidenciais de 2018, criticando o Centrão, mas está se unindo a políticos com pensamentos de ‘centro’. Entretanto, o senador diz que “não é o momento para se falar disso”. 

“Isso é só para dizer que o desespero é tamanho que toda quinta-feira, eu virei alvo do presidente da república. Que invés de perder tempo comigo, que sou apenas um pequeno senador do estado do Norte, que é grande pelo seu povo e pela coragem que tem”, criticou Aziz. Logo depois, o presidente da CPI elogiou o estado do Amazonas, onde nasceu e fez carreira política, e afirmou que “o povo do Amazonas não se intimida com falastrões”. 

Além de provar que o 'gabinete do ódio’ existe, Aziz diz que a CPI revelará mais com as investigações. “Estamos provando mais, que houve omissão, que as pessoas morreram por falta de vacina, por falta de política pública e por falta de um ministro da Saúde”, concluiu.

*Estagiária sob supervisão do subeditor Eduardo Oliveira 
 

O que é uma CPI?

As comissões parlamentares de inquérito (CPIs) são instrumentos usados por integrantes do Poder Legislativo (vereadores, deputados estaduais, deputados federais e senadores) para investigar fato determinado de grande relevância ligado à vida econômica, social ou legal do país, de um estado ou de um município. Embora tenham poderes de Justiça e uma série de prerrogativas, comitês do tipo não podem estabelecer condenações a pessoas.

Para ser instalado no Senado Federal, uma CPI precisa do aval de, ao menos, 27 senadores; um terço dos 81 parlamentares. Na Câmara dos Deputados, também é preciso aval de ao menos uma terceira parte dos componentes (171 deputados).

Há a possibilidade de criar comissões parlamentares mistas de inquérito (CPMIs), compostas por senadores e deputados. Nesses casos, é preciso obter assinaturas de um terço dos integrantes das duas casas legislativas que compõem o Congresso Nacional.

O que a CPI da COVID investiga?


O presidente do colegiado é Omar Aziz (PSD-AM). O alagoano Renan Calheiros (MDB) é o relator. O prazo inicial de trabalho são 90 dias, podendo esse período ser prorrogado por mais 90 dias.



Saiba como funciona uma CPI

Após a coleta de assinaturas, o pedido de CPI é apresentado ao presidente da respectiva casa Legislativa. O grupo é oficialmente criado após a leitura em sessão plenária do requerimento que justifica a abertura de inquérito. Os integrantes da comissão são definidos levando em consideração a proporcionalidade partidária — as legendas ou blocos parlamentares com mais representantes arrebatam mais assentos. As lideranças de cada agremiação são responsáveis por indicar os componentes.

Na primeira reunião do colegiado, os componentes elegem presidente e vice. Cabe ao presidente a tarefa de escolher o relator da CPI. O ocupante do posto é responsável por conduzir as investigações e apresentar o cronograma de trabalho. Ele precisa escrever o relatório final do inquérito, contendo as conclusões obtidas ao longo dos trabalhos. 

Em determinados casos, o texto pode ter recomendações para evitar que as ilicitudes apuradas não voltem a ocorrer, como projetos de lei. O documento deve ser encaminhado a órgãos como o Ministério Público e a Advocacia-Geral da União (AGE), na esfera federal.

Conforme as investigações avançam, o relator começa a aprimorar a linha de investigação a ser seguida. No Congresso, sub-relatores podem ser designados para agilizar o processo.

As CPIs precisam terminar em prazo pré-fixado, embora possam ser prorrogadas por mais um período, se houver aval de parte dos parlamentares

O que a CPI pode fazer?

  • chamar testemunhas para oitivas, com o compromisso de dizer a verdade
  • convocar suspeitos para prestar depoimentos (há direito ao silêncio)
  • executar prisões em caso de flagrante
  • solicitar documentos e informações a órgãos ligados à administração pública
  • convocar autoridades, como ministros de Estado — ou secretários, no caso de CPIs estaduais — para depor
  • ir a qualquer ponto do país — ou do estado, no caso de CPIs criadas por assembleias legislativas — para audiências e diligências
  • quebrar sigilos fiscais, bancários e de dados se houver fundamentação
  • solicitar a colaboração de servidores de outros poderes
  • elaborar relatório final contendo conclusões obtidas pela investigação e recomendações para evitar novas ocorrências como a apurada
  • pedir buscas e apreensões (exceto a domicílios)
  • solicitar o indiciamento de envolvidos nos casos apurados

O que a CPI não pode fazer?

Embora tenham poderes de Justiça, as CPIs não podem:

  • julgar ou punir investigados
  • autorizar grampos telefônicos
  • solicitar prisões preventivas ou outras medidas cautelares
  • declarar a indisponibilidade de bens
  • autorizar buscas e apreensões em domicílios
  • impedir que advogados de depoentes compareçam às oitivas e acessem
  • documentos relativos à CPI
  • determinar a apreensão de passaportes

A história das CPIs no Brasil

A primeira Constituição Federal a prever a possibilidade de CPI foi editada em 1934, mas dava tal prerrogativa apenas à Câmara dos Deputados. Treze anos depois, o Senado também passou a poder instaurar investigações. Em 1967, as CPMIs passaram a ser previstas.

Segundo a Câmara dos Deputados, a primeira CPI instalada pelo Legislativo federal brasileiro começou a funcionar em 1935, para investigar as condições de vida dos trabalhadores do campo e das cidades. No Senado, comitê similar foi criado em 1952, quando a preocupação era a situação da indústria de comércio e cimento.

As CPIs ganharam estofo e passaram a ser recorrentes a partir de 1988, quando nova Constituição foi redigida. O texto máximo da nação passou a atribuir poderes de Justiça a grupos investigativos formados por parlamentares.

CPIs famosas no Brasil

1975: CPI do Mobral (Senado) - investigar a atuação do sistema de alfabetização adotado pelo governo militar

1992: CPMI do Esquema PC Farias - culminou no impeachment de Fernando Collor

1993: CPI dos Anões do Orçamento (Câmara) - apurou desvios do Orçamento da União

2000: CPIs do Futebol - (Senado e Câmara, separadamente) - relações entre CBF, clubes e patrocinadores

2001: CPI do Preço do Leite (Assembleia de MG e outros Legislativos estaduais, separadamente) - apurar os valores cobrados pelo produto e as diretrizes para a formulação dos valores

2005: CPMI dos Correios - investigar denúncias de corrupção na empresa estatal

2005: CPMI do Mensalão - apurar possíveis vantagens recebidas por parlamentares para votar a favor de projetos do governo

2006: CPI dos Bingos (Câmara) - apurar o uso de casas de jogo do bicho para crimes como lavagem de dinheiro

2006: CPI dos Sanguessugas (Câmara) - apurou possível desvio de verbas destinadas à Saúde

2015: CPI da Petrobras (Senado) - apurar possível corrupção na estatal de petróleo

2015: Nova CPI do Futebol (Senado) - Investigar a CBF e o comitê organizador da Copa do Mundo de 2014

2019: CPMI das Fake News - disseminação de notícias falsas na disputa eleitoral de 2018

2019: CPI de Brumadinho (Assembleia de MG) - apurar as responsabilidades pelo rompimento da barragem do Córrego do Feijão
 


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