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Estado de Minas CORONAVÍRUS

Prefeito de Varginha alega que 'queda de braço política' motivou renúncia

Antonio Silva (PTB) não resistiu às pressões ao determinar reabertura total do comércio em meio à pandemia e ter de voltar atrás


06/04/2020 15:18 - atualizado 06/04/2020 16:00


(foto: Prefeitura de Varginha/Divulgação)
(foto: Prefeitura de Varginha/Divulgação)
Depois de renunciar ao cargo após ser pressionado por ter autorizado a reabertura geral do comércio em Varginha, Sul de Minas, o prefeito Antonio Silva (PTB) afirmou que desistiu do mandato em meio a uma queda de braço política. Na quinta-feira, ele havia liberado o funcionamento de lojas no Centro, das 10 às 17h, mas acabou revogando a decisão devido à recomendação do Ministério Público Estadual (MPMG) e entidades locais da área de saúde, que defendem a manutenção das restrições aos lojistas dentro dentro da política de isolamento social para evitar a propagação do coronavírus. 
 

Na carta de renúncia encaminhada à Câmara de Vereadores na manhã desta segunda-feira (6), Antonio Silva, não expôs objetivamente os motivos da saída: “Não sou prefeito, apenas estou prefeito, mas, nas atuais circunstâncias e por razões de foro íntimo, reconheço não ter condições de continuar administrando a prefeitura”. 

Porém, em entrevista a um site de Varginha (Blog do Madeira), Silva (que ocupou o cargo em quatro mandatos) afirma que a “queda de braço politica” durante a crise do coronavirus o levou a deixar o comando do Executivo. “A única coisa que me afeta um pouco é que não gosto de pessoas que gostam de se promover às minhas costas. Está havendo uma queda de braço política, ideológica, às custas das vidas das pessoas. Agora ninguém morre mais de suicídio, de dengue. Só de coronavírus”, afirmou, ao sustentar a defesa de flexibilização do isolamento. 

Ele alegou que a Associação Comercial de Varginha solicitou a abertura do comércio e que um dirigente de uma entidade médica participou de uma reunião na qual foi deliberado o retorno parcial das atividades do comércio local. Ele afirma que essa mesma pessoa que teria dado o sinal verde voltou atrás e, em entrevista a uma rádio local, declarou ser contra a proposta. “O que não admito é querer crescer nas minhas costas. Assumir a responsabilidade só não dá”, declarou.
 
A recomendação para que o decreto fosse revogado partiu do Ministério Público Estadual. O mesmo posicionamento foi adotado pelo Núcleo de Vigilância Epimediológica da Superintendência Regional de Saúde (SRS) de Varginha, Associação Médica de Varginha (AMV) e Sindicato dos Médicos de Minas Gerais.

Diante da reação do MPMG e das entidades da área de saúde, já no sábado (4), o então prefeito assinou novo decreto, tornando sem efeito anterior. Além disso, ele prorrogou as restrições ao comércio local por mais 15 dias. Até 21 de abril, somente estarão autorizadas na cidade atividades de ramos do comércio considerados essenciais como farmácias, supermercados e postos de gasolina.
 
VICE ASSUME 
Pela manhã, em entrevista ao Estado de Minas, o vice-prefeito de Varginha, Verdi Lúcio Melo (PTB), que assumirá a prefeitura, disse que o Antônio Silva passou a ser hostilizado nas redes sociais desde que liberou o funcionamento do comércio na cidade, e que isso teria pesado na decisão pelo afastamento.
 
Questionado sobre os planos da administração municipal para a volta das atividades comerciais, Verdi disse voltará a avaliar a questão em duas semanas. "Estamos atentos ao andamento da pandemia. É uma questão delicada, que precisa ser analisada com cuidado, pois precisamos preservar a saúde e, ao mesmo tempo, a sobrevivência das pessoas. Caminhamos para quebrar Varginha e o país. É urgente encontrarmos um equilíbrio", argumenta o vice-prefeito. 
 


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