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Estado de Minas EXECUTIVO

Governador do Novo, Zema adota a 'velha política' em Minas

Nomeação de políticos para cargos e pagamento de jetons estão na gestão estadual


postado em 02/09/2019 06:00 / atualizado em 02/09/2019 07:17

Discurso na Assembleia para ouvir cobranças dos deputados. Zema se aproximou de lideranças veteranas para articular sua administração(foto: Edésio Ferreira/EM/D.A Press 10/7/19)
Discurso na Assembleia para ouvir cobranças dos deputados. Zema se aproximou de lideranças veteranas para articular sua administração (foto: Edésio Ferreira/EM/D.A Press 10/7/19)

Vitrine do Partido Novo em administrações públicas, o governador de Minas Gerais Romeu Zema parece ter se adaptado bem nos oito meses de gestão a práticas que, durante a campanha eleitoral, definia como sendo da “velha política”. Além de mudar de ideia sobre algumas das principais promessas que fez no sentido de “ser diferente”, o empresário tem se aproximado de políticos veteranos para articular sua administração.

A última mudança, concretizada na última semana, foi a nomeação do deputado federal Bilac Pinto (DEM) para a Secretaria de Governo. No período eleitoral, Zema disse em debates com os concorrentes que seu secretariado seria somente técnico e que não haveria presença de parlamentares eleitos. Bilac foge aos dois critérios. Além de vir da Câmara dos Deputados, que vai pagar seu salário de R$ 33,7 mil, tem atuação antiga nos governos do PSDB. Egresso do antigo PFL, foi secretário nos governos Hélio Garcia e dos tucanos Aécio Neves e Antonio Anastasia, além dos mandatos como deputado estadual e agora federal.

Bilac chegou ao governo após uma articulação feita pelos deputados estaduais para derrubar o também político tradicional Custódio Mattos, ex-presidente do PSDB, que atuou na função nos sete primeiros meses da gestão. Entre as medidas conduzidas pelo tucano estão a nomeação de indicados pelos parlamentares para atuar em 102 superintendências regionais do estado. O governo ressaltou, no entanto, que antes da palavra final dos deputados nas bases houve seleção com critérios técnicos.

Quem também ajudou na negociação com os deputados foi o líder do governo Luiz Humberto Carneiro (PSDB), um dos mais antigos parlamentares da Assembleia que ocupou a mesma função de representar o Palácio no Legislativo durante o governo Anastasia. No primeiro escalão, Zema também manteve um nome do governo do petista que tanto criticou, Fernando Pimentel: o secretário de Meio Ambiente, Germano Vieira.

A ideia de administrar com um secretariado trabalhando de graça também foi abortada na prática. Somente Zema e o vice-governador Paulo Brant deixarem de receber os salários de R$ 10,5 mil e R$ 10,250 mil, conforme documento que registraram em cartório na campanha. Os secretários, que também foram incluídos na proposta, ficaram de fora. Em entrevista ao Estado de Minas, o governador admitiu ter colocado a equipe no texto por uma ideia de marketing, considerando as chances mínimas que tinha, à época, de ser eleito.

Complemento salarial Além da remuneração, o eleito Romeu Zema admitiu que os subordinados passassem a receber jetons para aumentar a renda de R$ 10 mil brutos pagos pelo Executivo. Durante a campanha, o agora governador disse que a prática dos governos passados equivalia a um “puxadinho” para engordar salários. A Assembleia aprovou emenda proibindo o pagamento mas reviu a posição depois que o governador vetou o artigo e foi a público dizer que errou ao fazer a promessa.

Isso ocorreu depois de o Estado de Minas revelar que a secretária da Educação Júlia Sant'Anna, e o secretário de Governo Cutódio Mattos haviam sido indicados para cargos pelos quais ganhariam respectivamente R$ 13,3 mil e R$ 8,3 mil. Na ocasião, o governador admitiu que vários secretários estariam em conselhos. A justificativa de Zema foi que os salários – que, no discurso de campanha, os secretários nem receberiam – era muito baixo para manter uma equipe de nível no estado e a Lei de Responsabilidade Fiscal não permite dar reajustes dada a crise financeira de Minas.

Na campanha, Zema falou ainda no fim de 80% dos cargos comissionados no estado, mas o corte não chegou a 50% e o governador chegou pedir a criação de novas vagas na reforma administrativa que aprovou no Legislativo. No texto, outra emenda dos deputados que acabou barrada fazia reserva de vagas no estado para funcionários efetivos.

O governador também era contra a “mordomia” de voar em helicópteros e aviões, mas ainda em abril admitiu continuar usando a prerrogativa do cargo por ter reavaliado haver questões de segurança envolvidas e em razão da agenda intensa do Executivo. Até o vice Paulo Brant causou polêmica ao ser buscado de helicóptero em Nova Lima, com a mulher Aléxia, em um spa de luxo para ser levado a um compromisso do governo em Ouro Preto, na cerimônia de medalhas em 21 de abril.

Zema voou bastante, mas também foi de carro, a vários municípios mineiros, onde tem mantido encontro quase semanais com prefeitos e lideranças da política tradicional do interior. Nesses oito meses, também adotou postura semelhante a que tinha o ex-governador Fernando Pimentel em relação à imprensa, evitando entrevistas coletivas principalmente nos eventos em Belo Horizonte.

Nas redes Diferentemente dos outros, Zema tem apostado nas redes sociais para dar o seu recado. Nelas, o governador procura mostrar bastidores de sua rotina, como as corridas, os cafezinhos e até a alimentação por fast foods, durante viagens de trabalho. O governador também usou o canal direto para demarcar seu apoio à reforma da Previdência. Tema, que aliás, foi um dos motivos de viagens a Brasília para se articular junto a políticos para buscar recursos para Minas.

Na busca por aliados, até os senadores Antonio Anastasia (PSDB) e Rodrigo Pacheco (DEM), que concorreram na chapa adversária a ele, ajudaram a administração de Zema. O primeiro chegou a ser escalado para defender o estado em uma audiência sobre pacto federativo no Supremo Tribunal Federal e o segundo, que é potencial candidato ao governo em 2022, foi contemplado com a mais recente troca de secretariado, que alçou os democratas ao principal posto de articulação política da gestão.



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