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Estado de Minas

'É preciso dar voz ao interior', diz empresário pré-candidato em Minas

De Araxá, Romeu Zema promete levar para a gestão pública a experiência adquirida na iniciativa privada


postado em 03/12/2017 06:00 / atualizado em 03/12/2017 08:39

(foto: Paulo Filgueiras/EM/D.A.Press)
(foto: Paulo Filgueiras/EM/D.A.Press)

Estreante em disputas eleitorais, Romeu Zema Neto, de 53 anos, aposta no descrédito da população com os políticos tradicionais para surpreender nas urnas em 2018. Pré-candidato ao governo de Minas Gerais pelo Partido Novo, o empresário de Araxá se diz decepcionado com os escândalos de corrupção envolvendo quase todos os partidos. “O momento é propício para quem nunca esteve envolvido na política. Porque a conclusão que se tira da situação que está aí é que os políticos não deram conta do recado”, avalia. Após 26 anos à frente do Grupo Zema – com empresas no setor de varejo de eletrodomésticos e postos de combustível –, o empresário afirma conhecer o interior do estado melhor do que qualquer político e cobra mais espaço para demandas de várias regiões de Minas. “Todos eles – (Fernando) Pimentel, (Marcio) Lacerda, Dinis (Pinheiro) e Aécio (Neves) – são da capital e vivem na capital. Sou do interior. Conheço muito bem nosso estado, já rodei cada região para abrir lojas e conhecer as cidades”, diz Romeu. O pré-candidato aposta também em uma grande renovação na Assembleia Legislativa para mudar a relação de toma lá dá cá entre parlamentares e o Palácio da Liberdade.

Em momento que a política está vivendo um descrédito tão grande, por que o sr. resolveu entrar na política?

Ocorreu uma série de coincidências. Há um ano deixei o cargo de executivo depois de 26 à frente da empresa. Fui para o conselho de administração sem nenhuma pretensão política. Há quatro ou cinco meses tive contato com o Partido Novo e recebi o convite. É um momento em que a população parece querer mudanças para a eleição do ano que vem. O fato de o NOVO ser um partido sem um passado enrolado igual à maioria dos outros partidos, não tem escândalos e casos de corrupção, além de ter uma proposta claríssima para essa mudança na política. Enquanto os outros partidos dependem das pessoas, nós dependemos das propostas, discutimos ideias e não quem vai trazer mais votos. Passei a vida inteira dentro da empresa desenvolvendo a empresa que hoje tem mais de 400 lojas, sendo mais de 300 em Minas Gerais. Enquanto estava trabalhando, supunha que quem estava no setor público também estava ajudando a desenvolver o nosso país, mas o que vimos nos últimos anos é que quem estava lá não estava fazendo essa lição. Esse sentimento de indignação me fez refletir muito e decidir entrar na política. Mas não foi uma decisão fácil.

Alguns empresários que entraram na política nos últimos anos tiveram dificuldade em lidar com o jogo político. O sr. tem receio de lidar com problemas que não existem no setor privado?
Não tenho nada a temer. Minha vida é um livro aberto e transparente. Nossa empresa é auditada, fiscalizada pelo estado, pela Receita, pelo Banco Central, pelo Ministério do Trabalho, por tudo quanto é órgão. Fazemos tudo corretamente. E tenho uma prerrogativa que me dá um certo conforto: posso ir para a política, e vou me empenhar ao máximo, mas, se não der certo, tenho uma empresa para trabalhar. Estou indo para contribuir e quero muito contribuir. Sempre fui muito trabalhador e acho que no estado vou contribuir mais do que na empresa. Mas ter essa possibilidade de voltar para o setor privado, se necessário, me deixa confortável.

A relação do Executivo com o Legislativo envolve muitos interesses, seja dos deputados ou de partidos. Como o sr. vai lidar com isso?
Esse é um ponto que realmente atrapalha demais a gestão pública. É o velho toma lá dá cá, ou seja, me dê algo que eu fico do seu lado. Acho que vai haver uma renovação muito expressiva nos parlamentos, tanto federal quanto estadual. Pela turma jovem que está aí vejo que as pessoas estão caminhando mais para propostas de interesse público do que propostas de interesse particulares. Lógico que isso não vai ser uma mudança repentina desse mandato para os próximos, mas é um caminho que esperamos ver consolidado. Temos por exemplo em BH, na Câmara, o Matheus Simões, que tem causado alguma disruptura no Legislativo municipal. Em vez de contratar 21 assessores, contratou cinco. Dispensou os motoristas com os carros da Câmara. Precismos de exemplos que mostram um jeito novo de fazer política. Vejo que estamos caminhando para um Brasil novo devido a tudo o que aconteceu nos últimos anos. A própria população está mais consciente e vai votar de forma mais criteriosa. Espero que a próxima Assembleia venha com pessoas que olhem mais o todo do que o curralzinho onde vivem.

Com os políticos tradicionais em descrédito, o momento é bom para quem não tem trajetória política, para os chamados outsiders?
Temos um momento propício para quem nunca esteve envolvido na política. Porque a conclusão que se tira da situação que está aí é que os políticos não deram conta do recado. Em uma empresa que começa a dar prejuízo troca-se a direção. Em um estado que não consegue fazer uma gestão de qualidade é preciso fazer o mesmo. São pessoas que estão aí e têm uma cultura, um modus operandi que não funciona. Esse modelo de que você me dá apoio que eu te garanto verbas. Isso não funciona mais. Os representantes da política velha tomaram do próprio veneno. Seja eu ou qualquer outro que tiver a visão de uma gestão de eficiência vai ter espaço e uma chance inédita.

O governador Fernando Pimentel (PT) tentará a reeleição, o ex-prefeito Marcio Lacerda (PSB) e o ex-deputado Dinis Pinheiro (PP) já se lançaram. O senador Aécio Neves (PSDB) está sendo considerado pelos tucanos. Como o sr. avalia os possíveis adversários para a eleição de 2018?
Digo que todos eles têm um histórico político. O que me torna diferente deles. Outra diferença importante é que todos eles – Pimentel, Lacerda, Dinis e Aécio – são da capital e vivem na capital. Eu sou do interior. Conheço muito bem nosso estado, já rodei cada região para abrir lojas e conhecer as cidades. E tem mais uma diferença: sou um empresário que sempre fiz gestão e pelo meu histórico consegui fazer mais do que eles até o momento. Exceto talvez o ex-prefeito, que teve uma empresa de sucesso, mas que fornecia para o estado. Nunca forneci para o estado. Sempre forneci para o seu João, para a dona Maria. Nosso fornecimento para o estado é próximo de zero. Só não posso falar que é zero porque às vezes uma escola estadual pode ir comprar um DVD em uma loja nossa e eu não estou sabendo. Mas nunca tivemos nenhum vínculo com o estado, nenhum contrato, nenhuma concessão. Na empresa você tem que correr atrás da receita e tem que controlar a despesa. Administrar o estado é até mais fácil, porque você precisa cuidar da despesa. A receita vem pela lei e pelos impostos.

A disputa entre petistas e tucanos pode ajudar candidatos de outros partidos ou o sr. acha que a polarização em 2018 pode afastar o eleitor e atrapalhar todos os candidatos?
Ano que vem o cenário polarizado deve continuar. Mas percebo que estou meio fora dessa briga de partidos inimigos. Sou um empresário e trabalho igual qualquer peão. Vou pegar meu carro hoje e ir para Patos de Minas e depois para Araxá. Não tenho motorista nem qualquer mordomia. Não preciso de certas coisas e quero levar esse pensamento para a política. Sou um trabalhador que corre atrás 13 horas ou 15 horas por dia, trabalho sábado, domingo e feriado. Estou fora dessa disputa política polarizada de partidos e ideologias. Ele é de direita? Bom, o que eu quero é eficiência no serviço público e acho que é isso que a população mais cobra.

Quais são os maiores problemas do estado de Minas Gerais?

O principal problema é o déficit nas contas públicas. O estado está numa situação financeira complicada. Ao lado do Rio de Janeiro e do Rio Grande do Sul, estamos com as piores situações financeiras. Atrasando pagamento de aposentados e do funcionalismo. E isso foi de certa maneira provocado pela atual gestão, que deu empregos para vários correligionários para poder pagar dívida de campanha. Nosso partido trabalha apenas com voluntários, sem obrigação de dar nada em troca. Quem gostar da nossa causa ajuda. Um estado que tem dinheiro em caixa consegue resolver os problemas, um estado que não tem vai só ter mais problemas e prejudicar sua população. Parece ser o destino de Minas caso continue da forma como está.

Integrantes do Partido Novo criticam muito as coligações. É possível disputar uma eleição de igual para igual com outros candidatos sem o apoio de outras legendas?
Nós não estamos proibidos de fazer coligações. Se tiver um partido que concorde em não usar o fundo eleitoral público, que não admita em seus quadros candidatos que não sejam ficha limpa, que concorde em limitar apenas uma reeleição para qualquer cargo, estamos dispostos a conversar. Mas qual partido quer isso? Acho difícil. Realmente, nosso tempo de TV será curto, mas vamos fazer um trabalho intenso pelo estado. Quero visitar mais de 500 cidades. Cidades que já conheço. A maioria das lojas que temos fui eu que corri atrás e negociei imóveis com os proprietários. Sou pouco conhecido na capital porque aqui não temos praticamente nada, mas pelo interior já percorri todos os cantos e conversei com muita gente. Sempre fiz esse trabalho no interior e não vai ser nenhuma grande esforço estar de segunda a sexta-feira rodando de carro pelo interior de Minas. E vamos contar com as redes sociais, que têm uma importância cada vez maior. Mas acho que o que mais vai fazer diferença é a proposta do partido. Qual partido coloca para fora os fichas sujas? Qual partido recusa usar dinheiro público para fazer campanha? Nós vamos mostrar que somos diferentes.


O sr. avalia que pode haver uma diferença grande entre as opções políticas dos eleitores do interior e os da capital no ano que vem?
Hoje, a região metropolitana tem cerca de 3 milhões de eleitores e o interior cerca de 12 milhões. O interior tem um peso muito grande. Mas se analisarmos a composição na Assembleia Legislativa e na Câmara dos Deputados, a proporção de deputados não acompanha esse cenário. A capital tem apenas 25% dos eleitores, mas elege muito mais do que isso. Talvez pela força da mídia na capital. Como candidato do interior espero que essa força me ajude no ano que vem.

Quem seriam para o sr. os bons exemplos de gestores na política?
Gosto muito do governador do Espírito Santo, Paulo Hartung (PMDB), que faz um ótimo trabalho na questão fiscal. Basta olhar as contas do nosso vizinho e ver os investimentos. Se compararmos com Minas, então ... Temos nosso governador publicando vídeo falando sobre contas públicas e ele se compara com o Rio de Janeiro. Gostaria que ele se comparasse com exemplos melhores. Porque se comparar com quem tira zero é muito fácil. Queria que ele se comparasse com quem está tirando nota 9 ou 10. Está aqui nosso vizinho, um estado menor, com menos indústrias, 10 vezes menos municípios, e está com tudo em dia. Nós, que temos muito mais potencial, talvez por questão de gestão, estamos em situação muito pior. Fora do Brasil, temos casos já mais antigos que foram bem-sucedidos em diminuir o tamanho do Estado e liberaram a economia para crescer: na Inglaterra, Margaret Thatcher, e nos Estados Unidos, Ronald Reagan. No Brasil, o Estado virou um tumor tão grande dentro do corpo que tudo que comemos está indo para esse tumor e não para o resto do corpo. O Estado tem de existir, mas que não seja um tumor que absorve tudo que o corpo ingere. Temos que ter o Estado para zelar pela segurança, saúde e educação, mas não na proporção que ele tomou no Brasil. Ele não pode mais funcionar para os próprios ocupantes do poder, ele precisa funcionar para o povo.

Uma das suas propostas será reduzir a máquina pública em Minas?
Exato. Queremos que o estado foque em saúde (nesse ponto entra também a questão do saneamento), educação e segurança. Se ele garantir essas três coisas benfeitas já seria ótimo. É como em uma empresa, não dá para uma empresa produzir carro, cimento, tinta, calçado. Não existe empresa que produza tudo. Mas o estado quer fazer tudo e não dá conta de produzir nada com qualidade. E tem mais problemas de gestão do que a iniciativa privada. Não precisamos ter uma Cemig, uma Copasa. A Telemig Celular por exemplo, perguntem se alguém tem saudade da Telemig que era do estado? Ninguém tem, porque a qualidade do serviço aumentou e os custos caíram. Tem gente que fala que a Petrobras não pode ser privatizada porque ela lida com questões estratégicas, mas e se ela fosse privatizada e a gasolina passasse a custar a metade do preço? Será que a população não se beneficiaria disso? Acabamos pagando por uma ineficiência que o estado coloca dentro dessas empresas. Mas é claro que tudo será feito com critério, com uma regulamentação que deixa essas empresas em boa condição e evitar que existam monopólios, queremos que haja competição. Mas elas vão ser muito mais eficientes.

 


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