O uso da estrutura da Câmara Municipal de Belo Horizonte, que custa cerca de R$ 100 milhões por ano aos contribuintes, para evento partidário do presidente da Casa, Léo Burguês (PSDB), foi o estopim para bate-boca entre vereadores na reunião plenária de terça-feira. Eles repetiram no Legislativo a troca de farpas entre a base aliada da presidente Dilma Rousseff (PT) e defensores de candidatura do senador Aécio Neves (PSDB) à Presidência da República em 2014, que contaminou as conversas políticas na capital, na segunda-feira. Enquanto aliados do governador Antonio Anastasia (PSDB) acusavam o governo federal de não trazer investimentos para Minas, petistas garantiam que Dilma e o ex-presidente Lula (PT) nunca deixaram o estado de lado.
Segundo Preto, lideranças do PSDB, DEM, PR, PP, PSDC, PTN, PSC, PHS, PRTB, PMN, PPS, PTB e PSD se reuniram apenas para “tratar de assuntos de relevância para BH, como a expansão do metrô e a revitalização do Anel Rodoviário”. O vereador, no entanto, fez questão de dar uma alfinetada política: “O metrô de BH não recebe recurso do governo federal porque o estado é governado pelo PSDB”. Henrique Braga (PSDB) também acusou o Executivo de não investir na capital. “O Anel Rodoviário está matando várias pessoas e o governo federal não faz nada.”
As críticas foram imediatamente respondidas por Godoy e João da Locadora (PT). “Como não foi feito nada? Recursos federais garantiram vários projetos sociais em BH. Já o senador Aécio Neves (PSDB) não conseguiu se articular com deputados estaduais e federais em oito anos para tirar o metrô do papel. Outros governadores conseguiram recursos para mobilidade urbana”, comentou Godoy. No mesmo dia do café da manhã de Burguês, a base aliada de Dilma deu entrevista coletiva para anunciar obras em Minas e acusar o governo estadual, referindo-se também aos anos sob comando de Aécio, de não ter “competência” para atrair investimentos para Minas.
Particular
Além de comentar a participação de setores da Câmara no café da manhã de Burguês, no qual esteve a diretora de comunicação da Casa, o vereador Arnaldo Godoy disse ter notícia de que o presidente está sendo protegido por seguranças do Legislativo em “noitadas”. Depois de o petista falar na tribuna, ele e Burguês discutiram por cerca de 10 minutos longe do microfone. O presidente da Câmara preferiu não se pronunciar em plenário. Em entrevista, ele disse que o café da manhã não foi para discutir política, mas apenas projetos para BH. “Não paguei o café com a verba indenizatória e posso ser acompanhado por assessores da Câmara.”
Sobre as “noitadas” com o respaldo de seguranças da Casa, Léo afirmou que contratou um segurança da Câmara para um evento particular e pagou pelo serviço. “Paguei R$ 150 a ele, mas o trabalho nada teve a ver com o que ele faz no Legislativo”, disse. Arnaldo Godoy ainda criticou a transferência da solenidade de entrega do Grande Colar do Mérito Legislativo para o Palácio das Artes. Feito desde 2003 na própria sede do Legislativo, o evento custará agora R$ 26 mil a mais com aluguel, passando o custo total da entrega de 51 comendas para cerca de R$ 80 mil. “Não há necessidade de gastar esse dinheiro”, disse. De acordo com Burguês, o salão da Câmara não é grande o suficiente para abrigar todos os convidados.