Jornal Estado de Minas

PANDEMIA

COVID-19: como funcionam as seis vacinas aprovadas para uso no Brasil

Com a autorização da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para a importação de lotes das vacinas antiCOVID-19 Sputnik V, da Rússia, e Covaxin, da Índia, o Brasil passará a ter, em breve, seis diferentes imunizantes para conter a pandemia. O aval do órgão regulador às duas injeções, emitido nessa sexta-feira (4/6), veio acompanhado de restrições para regular a aplicação.



Apesar dos senões impostos pela Anvisa após análises prévias, os dois imunizantes vão se somar às doses de CoronaVac, fruto de parceria entre o Instituto Butantan e a chinesa Sinovac, e AstraZeneca, concebida pelo laboratório inglês homônimo e a Universidade de Oxford. Há, ainda, a vacina da Pfizer, feita com apoio dos alemãs da BioNTech. Neste mês, devem chegar os primeiros exemplares do composto da Janssen, braço farmacêutico da Johnson & Johnson, dos Estados Unidos.

Embora todas as vacinas atuem em prol do combate à pandemia e tenham a segurança atestada pela Anvisa, têm particularidades. Os seis compostos apresentam diferenças entre si em tópicos como a tecnologia utilizada, o número de doses necessárias e as exigências para armazenamento adequado.

O Estado de Minas preparou um pequeno guia apontando as características de cada imunizante. O mais importante, é claro, é se vacinar seguindo as ordens de prioridade estabelecidas pelas autoridades de saúde, com o imunizante que estiver disponível, independentemente da marca.



CoronaVac

Desenvolvida na China, mas com doses produzidas em solo brasileiro, no Butantan, a CoronaVac foi a aposta do governador de São Paulo, João Doria (PSDB). A Anvisa autorizou a utilização emergencial do composto em 17 de janeiro. A vacina utiliza a tecnologia do vírus inativado. Assim, quando inserido no corpo humano, não gera enfermidades, mas provoca o organismo para gerar resposta imunológica.

Para o pleno funcionamento, é preciso receber duas doses. Segundo o Butantan, o intervalo entre as injeções deve variar entre 14 e 28 dias. Os ensaios clínicos apontaram que, se o espaço for igual ou superior a 21 dias, a eficácia global do imunizante pode bater 62,3%. No que tange a pacientes que precisam de apoio médico, o índice varia entre 83,7% e 100%.

No fim de maio, o governo paulista divulgou estudo em torno da utilização em massa da CoronaVac nos habitantes de Serrana, cidade no interior do estado, onde mais de 95% da população tomou ao menos a dose inicial. O experimento apontou que as mortes foram reduzidas em 95%; internações, por seu turno, caíram 86%. Pacientes sintomáticos foram 80% diminuídos.



A CoronaVac deve ser armazenada em locais que forneçam de 2°C a 8°C. Para os testes clínicos, 12,5 profissionais de saúde foram recrutados.

AstraZeneca

Também com aval para utilização emergencial desde 17 de janeiro, é resultado de parceria entre a farmacêutica homônima e Oxford. A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) produz o composto no país — nesta semana, o governo federal assinou termo de transferência de tecnologia para a produção de doses com insumo farmacêutico ativo (IFA) nacional.

Para dar forma ao imunizante, os técnicos recorrem ao vetor viral. O adenovírus, que contamina os chimpanzés, é modificado geneticamente e tem acrescido a proteína “S” do SarsCOV-2, causador da doença. Entre uma dose e outra, é preciso esperar 12 semanas. A eficácia da injeção inicial é de 76%; com o reforço, o índice sobe para 81%. A temperatura de armazenamento é a mesma da CoronaVac.

Pfizer

fizer e BioNTech se valem do RNA mensageiro (RNAm) como técnica para construir a vacina Cominarty. O RNA mensageiro dá comandos ao organismo para produzir proteínas presentes no coronavírus. Assim, o sistema imune é estimulado a responder.



São até 12 semanas de intervalo entre as doses. Após a injeção de reforço, a proteção alcança 95%. Por até cinco dias, as vacinas da Pfizer podem ficar entre 2°C e 8°C. Se o armazenamento for de duas semanas, são necessários freezers que regulem entre -25°C e -15°C. Do 14° dia em diante, câmaras refrigeradas que forneçam entre -90°C e -60°C devem ser disponibilizadas.

Janssen

A Janssen, da corporação Johnson & Johnson, utiliza, assim como a AstraZeneca, a técnica do vetor viral. Os responsáveis pela vacina, aplicada em dose única, também recorrem ao adenovírus mudado em laboratório. Sete mil pessoas participaram dos ensaios. Geladeiras que sustentam produtos em 2°C a 8°C são suficientes para armazenar o produto.

O composto ainda não foi utilizado em solo brasileiro. A previsão inicial, julho, foi encurtada com o recente anúncio de Marcelo Queiroga sobre a chegada de doses neste mês.

Em casos leves, a eficácia beira os 67%. Para casos graves ocorridos duas semanas após a aplicação, o índice é de 76,7%.



Sputnik V

O imunizante russo é outro que tem o vetor viral como princípio ativo. O adenovírus da primeira injeção, no entanto, é diferente do utilizado para formular as doses de reforço. Há 91% de eficácia; segundo o laboratório, é preciso esperar 21 dias para a reaplicação. O Instituto Gamaleya, que encabeça a produção, emitiu comunicado em abril garantindo que o espaço entre as doses pode ser estendido para três meses.

A Anvisa aprovou a Sputnik V sob uma série de condicionantes, como a verificação das doses para constatar a ausência de adenovírus replicantes. Todos os imunizantes utilizados em brasileiros devem vir de fábricas vistoriadas por técnicos nacionais.

O aval temporário garante doses para 1% da população do país. Estados que integram o Consórcio do Nordeste vão receber o produto. Gestantes, puérperas, lactantes e portadores de comorbidade estão vetados.



Covaxin

Os grupos excluídos da Sputnik V também não podem, por ora, receber a Covaxin, fruto dos trabalhos do laboratório indiano Bharat Biotech. Os lotes remetidos ao Brasil devem ser acompanhados de laudos atestando a qualidade do produto. A técnica, assim como de outros imunizantes, se baseia no vírus inativado.

A eficácia está em 78% e o intervalo entre as doses é de quatro semanas. O produto resiste à temperatura ambiente por uma semana.


Vacinas contra COVID-19 usadas no Brasil

  • Oxford/Astrazeneca

Produzida pelo grupo britânico AstraZeneca, em parceria com a Universidade de Oxford, a vacina recebeu registro definitivo para uso no Brasil pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). No país ela é produzida pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).

  • CoronaVac/Butantan

Em 17 de janeiro, a vacina desenvolvida pela farmacêutica chinesa Sinovac, em parceria com o Instituto Butantan no Brasil, recebeu a liberação de uso emergencial pela Anvisa.





  • Janssen

A Anvisa aprovou por unanimidade o uso emergencial no Brasil da vacina da Janssen, subsidiária da Johnson & Johnson, contra a COVID-19. Trata-se do único no mercado que garante a proteção em uma só dose, o que pode acelerar a imunização. A Santa Casa de Belo Horizonte participou dos testes na fase 3 da vacina da Janssen.

  • Pfizer

A vacina da Pfizer foi rejeitada pelo Ministério da Saúde em 2020 e ironizada pelo presidente Jair Bolsonaro, mas foi a primeira a receber autorização para uso amplo pela Anvisa, em 23/02.

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