Uma investigação foi aberta no Reino Unido para apurar se a causa da morte da apresentadora da BBC Lisa Shaw está ligada a coágulos raríssimos que podem ocorrer em pessoas que recebem a vacina AstraZeneca-Oxford contra covid-19.
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Um porta-voz dessa espécie de Anvisa britânica afirmou que a morte de Shaw foi muito triste e que o caso de trombose será investigado com rigor. Mas ressaltou que os riscos de complicações por covid-19 são muito maiores do que os da vacina, inclusive de ter trombose durante a infecção por coronavírus.
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Segundo a família de Shaw, a apresentadora foi submetida a um tratamento para coágulos sanguíneos dias depois de receber a primeira dose. Ela morreu aos 44 anos na sexta-feira (21/05).
A apresentadora da BBC Radio Newcastle não era tratada por nenhum problema de saúde latente. Em um comunicado, a família de Shaw disse: "Lisa desenvolveu fortes dores de cabeça uma semana depois de receber sua vacina AstraZeneca-Oxford e adoeceu gravemente alguns dias depois."
"Ela foi tratada pela equipe de terapia intensiva do RVI para coágulos sanguíneos e sangramento em sua cabeça. Tragicamente ela faleceu, cercada por sua família, na tarde de sexta-feira. Estamos arrasados %u200B%u200Be há um buraco em forma de Lisa em nossas vidas que nunca poderá ser preenchido. Vamos amá-la e sentir sua falta para sempre. Foi um grande conforto ver o quanto ela era amada por todos cujas vidas ela tocou, e pedimos privacidade neste momento para permitir que soframos como uma família."
Shaw ingressou na BBC Radio Newcastle em 2016 como apresentadora diurna. Sua voz era bem conhecida no nordeste da Inglaterra, onde ela também teve uma carreira de sucesso no rádio comercial. Após o anúncio de sua morte, ela foi homenageada por ouvintes e colegas.
Em comunicado, a BBC descreveu Shaw como uma "apresentadora brilhante" que era "amada por nosso público". E concluiu: "Perdemos alguém especial que significava muito para muitas pessoas".
O que se sabe da relação entre vacinas e coágulos
Um tipo específico de coágulo sanguíneo se tornou um efeito colateral raro e conhecido da vacina AstraZeneca-Oxford.
Eles são chamados de tromboses do seio venoso cerebral (CVT, na sigla em português) e o que os torna incomuns é que as pessoas costumam ter baixos níveis de plaquetas (a matéria-prima do coágulo) no sangue.
Eles são considerados extremamente raros - houve 332 casos relatados e 58 mortes relatadas - após quase 35 milhões de doses da vacina AstraZeneca-Oxford aplicadas no Reino Unido.
Para James Gallagher, repórter de ciência e saúde da BBC, "a medicina inteira é um equilíbrio de risco e benefício; e o número de coágulos sanguíneos já provocou mudanças na campanha de vacinação em países como o Reino Unido, onde adultos com menos de 40 anos recebam uma vacina alternativa, como as desenvolvidas pela Pfizer ou Moderna".
Ainda não se sabe o mecanismo exato de como isso acontece, mas acredita-se que a vacina desencadeie, num grupo muito reduzido de indivíduos, uma reação imune inesperada, que levaria a distúrbios na circulação sanguínea.
"A reação imune à vacina causaria uma diminuição no número de plaquetas, as células responsáveis pela coagulação sanguínea, e isso facilitaria a formação de trombos", detalha a epidemiologista Denise Garrett, vice-presidente do Instituto Sabin de Vacinas, nos Estados Unidos.
Esses trombos, por sua vez, poderiam entupir os vasos sanguíneos.
Essa explicação, vale reforçar, ainda é hipotética e precisa ser comprovada e detalhada por pesquisas criteriosas.
A recomendação geral que todas as pessoas com sintomas persistentes após a vacinação procurem o serviço de saúde. Mais especificamente sobre os casos de trombose, a agência regulatória europeia (EMA) orienta é que todos os indivíduos que tomarem essa vacina procurem assistência médica se sentirem alguns dos sintomas da lista abaixo, até duas semanas após a vacinação:
- Dificuldade de respirar
- Dor de cabeça persistente
- Dor no peito
- Inchaço na perna
- Dor abdominal persistente
- Visão borrada
- Pequenas marcas avermelhadas na pele, próximas do local onde foi aplicada a dose
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- Falta de ar e dificuldade para respirar
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- Pneumonia
- Síndrome respiratória aguda severa
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