Jornal Estado de Minas

'FUNGO PRETO'

Mucormicose: 5 perguntas-chave sobre infecção rara que mutila e mata pacientes de covid na Índia



Quase 9 mil casos de mucormicose, uma infecção causada por um fungo, foram registrados na Índia na última semana. O chamado "fungo negro", que vem causando morte e casos de mutilação, está sendo classificado como "um pesadelo dentro da pandemia" no país.



Alguns pacientes só foram salvos após uma cirurgia de remoção de um de seus olhos. A taxa de mortalidade entre os infectados é de 50%.

Milhares de casos foram registrados entre pacientes que se recuperaram de covid-19 ou que estavam em processo de recuperação. Portanto, existe uma relação entre a doença e a pandemia de coronavírus.

Os médicos afirmam que a relação está nos esteroides usados %u200B%u200Bpara tratar a doença. Diabéticos correm risco maior de sofrer de mucormicose.

Estas são algumas das chaves para se entender o que é a infecção por mucormicose e por que ela tem efeitos tão devastadores.



1. O que é mucormicose?

A mucormicose, comumente chamada de "fungo preto" ou "fugo negro", é uma infecção muito rara.

É causada pela exposição ao fungo mucoso, que faz parte da família Mucoraceae, comumente encontrado no solo, plantas, esterco e frutas e vegetais em decomposição.


Fungo é onipresente, mas só causa problemas para pessoas com imunidade muito baixa (foto: Getty Images)

"É onipresente e pode ser encontrado no solo e no ar e até mesmo no nariz e muco de pessoas saudáveis", diz Akshay Nair, um cirurgião oftalmologista de Mumbai, na Índia, à BBC.

O fungo afeta os seios da face, o cérebro e os pulmões e pode ser fatal em pessoas com diabetes ou em pessoas gravemente imunossuprimidas, como pacientes com câncer ou pessoas com HIV/AIDS.

2. O que causa a infecção?

Os médicos acreditam que a mucormicose pode ser causada pelo uso de esteroides, que são compostos farmacológicos usados %u200B%u200Bpara tratar pacientes graves ou gravemente doentes com covid-19.



Os esteroides reduzem a inflamação nos pulmões e ajudam a interromper alguns dos danos que podem ocorrer quando o sistema imunológico do corpo se acelera para combater o coronavírus.

Mas eles também reduzem a imunidade e aumentam os níveis de açúcar no sangue, tanto em pacientes diabéticos como não-diabéticos com covid-19.


Pacientes em estado grave com covid-19 na Índia e em outras partes do mundo requerem tratamentos com esteroides, abrindo as portas para a mucormicose (foto: EPA)

Os especialistas acreditam que essa diminuição da imunidade pode desencadear casos de mucormicose.

"O diabetes diminui as defesas imunológicas do corpo e o coronavírus agrava isso, e então os esteroides que ajudam a combater a covid-19 agem como combustível no fogo", disse Nair.

3. Quais são os sintomas?

Pacientes que sofrem de infecção por fungos geralmente apresentam sintomas de congestão nasal e sangramento.

Também inchaço e dor nos olhos, pálpebras caídas, visão turva e, no pior dos cenários, perda de um olho. Pode haver manchas pretas na pele ao redor do nariz.



Os médicos dizem que a maioria de seus pacientes chega tarde demais para ser tratada, quando já estão perdendo a visão. Os médicos precisam remover cirurgicamente o olho afetado para evitar que a infecção chegue ao cérebro.


Os médicos procuram a manifestação de mucormicose nos olhos e na boca (foto: EPA)

Em alguns casos, os pacientes perdem a visão de ambos os olhos. E, em casos raros, os médicos precisam remover cirurgicamente o osso da mandíbula para evitar que a doença se espalhe.

A doença pode ser tratada com uma injeção intravenosa antifúngica que deve ser administrada todos os dias por até oito semanas. É o único medicamento eficaz contra a doença.

4. É contagioso?

A mucormicose não é contagiosa entre pessoas ou animais. O fungo só se desenvolve em pacientes com as condições certas no corpo, como diabetes ou imunossupressão causada por outras doenças.



No entanto, como ele se espalha por esporos de fungos presentes no ar ou no ambiente, é quase impossível evitá-lo.


A doença não é transmitida entre pessoas, mas pode ser adquirida através do ambiente em que estiver presente (foto: EPA)

Uma pessoa sã, ou sem problemas do sistema imunológico, não deve temer contágio.

"Bactérias e fungos estão presentes em nosso corpo, mas o sistema imunológico os mantém sob controle", explicou K. Bhujang Shetty, diretor do Hospital Narayana Nethralaya na Índia.

"Quando o sistema imunológico está enfraquecido devido ao tratamento do câncer, diabetes ou uso de esteroides, esses organismos se aproveitam e se multiplicam", disse Shetty à Reuters.

"A cepa parece ser virulenta, elevando o açúcar no sangue a níveis muito altos. E estranhamente a infecção fúngica está afetando muitos jovens", disse Raghuraj Hegde, médico da cidade de Bangalore, no sul do país.



5. Quão difundido é o contágio na Índia?

Um alto funcionário do governo indiano, V. K. Paul, afirmou que "não há um grande surto" de mucormicose. No entanto, um número crescente de casos foi notificado em todo o país, chegando a mais de 8,8 mil na última semana.

"Já estamos vendo dois ou três casos por semana aqui. É um pesadelo dentro de uma pandemia", diz Renuka Bradoo, do Hospital Sion, em Mumbai.


A Índia teve vários recordes mundiais de infecções e mortes por covid-19 nos últimos dias (foto: Getty Images)

Baxi tratou cerca de 800 pacientes diabéticos com covid-19 no ano passado e nenhum deles contraiu a infecção por fungos.

Em vez disso, seu paciente mais jovem no mês passado era um homem de 27 anos que nem era diabético. "Tivemos que operá-lo durante sua segunda semana de covid-19 e tirar seus olhos. É bastante devastador."

O Conselho Indiano de Pesquisa Médica e o Ministério da Saúde conclamam a população a manter a higiene pessoal e doenças como diabetes sob controle.



Eles também foram aconselhados a usar sapatos, calças compridas, camisas de mangas compridas e luvas ao manusearem sujeira, musgo ou esterco para evitar a exposição ao fungo.

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Vacinas contra COVID-19 usadas no Brasil

  • Oxford/Astrazeneca

Produzida pelo grupo britânico AstraZeneca, em parceria com a Universidade de Oxford, a vacina recebeu registro definitivo para uso no Brasil pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). No país ela é produzida pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).

  • CoronaVac/Butantan

Em 17 de janeiro, a vacina desenvolvida pela farmacêutica chinesa Sinovac, em parceria com o Instituto Butantan no Brasil, recebeu a liberação de uso emergencial pela Anvisa.

  • Janssen

A Anvisa aprovou por unanimidade o uso emergencial no Brasil da vacina da Janssen, subsidiária da Johnson & Johnson, contra a COVID-19. Trata-se do único no mercado que garante a proteção em uma só dose, o que pode acelerar a imunização. A Santa Casa de Belo Horizonte participou dos testes na fase 3 da vacina da Janssen.



  • Pfizer

A vacina da Pfizer foi rejeitada pelo Ministério da Saúde em 2020 e ironizada pelo presidente Jair Bolsonaro, mas foi a primeira a receber autorização para uso amplo pela Anvisa, em 23/02.

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Como funciona o 'passaporte de vacinação'?

 

Os chamados passaportes de vacinação contra a COVID-19 estão em funcionamento em algumas regiões do mundo e em estudo em vários países.

O sistema de controle tem como objetivo garantir o trânsito de pessoas imunizadas e fomentar o turismo e a economia.  


Especialistas dizem que os passaportes de vacinção impõem desafios éticos e científicos.




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Confira os principais sintomas das pessoas infectadas pela COVID-19:

Em casos graves, as vítimas apresentam

Os tipos de sintomas para COVID-19 aumentam a cada semana conforme os pesquisadores avançam na identificação do comportamento do vírus.

 

 

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Mitos e verdades sobre o vírus

Nas redes sociais, a propagação da COVID-19 espalhou também boatos sobre como o vírus Sars-CoV-2 é transmitido. E outras dúvidas foram surgindo: O álcool em gel é capaz de matar o vírus? O coronavírus é letal em um nível preocupante? Uma pessoa infectada pode contaminar várias outras? A epidemia vai matar milhares de brasileiros, pois o SUS não teria condições de atender a todos? Fizemos uma reportagem com um médico especialista em infectologia e ele explica todos os mitos e verdades sobre o coronavírus.


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