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Estado de Minas HOMICÍDIO

Patrocínio: Jorge Marra será solto hoje (27/10) após ser absolvido em júri

O ex-secretário de Obras de Patrocínio foi acusado de matar a tiros o ex-vereador da cidade, Cássio Remis; júri considerou que Marra agiu em legítima defesa


27/10/2022 11:21 - atualizado 27/10/2022 12:08

Jorge Marra
Júri popular decidiu que Jorge Marra agiu em legítima defesa (foto: Patrocínio Online/Divulgação)
Jorge Marra, absolvido em júri de homicídio do ex-vereador do município de Patrocínio, Cássio Remis, morto em setembro de 2020, será solto nesta quinta-feira (27/10), de acordo com seu advogado, Sérgio Rodrigues Leonardo.

“Ele vai ser solto hoje e vai pra casa, cuidar da família, encontrar a família e os amigos”, contou Sérgio.

De acordo com o advogado, que é presidente da Ordem dos Advogados Brasileiros em Minas Gerais (OAB-MG), o júri entendeu que Jorge Marra agiu em legítima defesa, apesar da existência de um vídeo do momento do crime. Nas imagens, é possível ver que Cássio Remis corre antes de ser baleado por Marra.

“O vídeo é um arquivo sem áudio, que não reflete toda a dinâmica dos fatos. Com uma prova testemunhal e a prova pericial, a gente pôde completar a compreensão dos fatos e os jurados, com a prova do processo, entenderam que ele agiu em legítima defesa”, afirmou.

Segundo Rodrigues Leonardo, a vítima era uma pessoa agressiva que perseguia Marra. “Ficou comprovado que o Cássio era uma pessoa agressiva, que fazia uma perseguição política infundada e que naquele dia, na secretaria de obras, perseguiu o Sr. Jorge, partiu em direção a ele, o rendeu, o ameaçou e o agrediu dentro do carro. Ele agiu com o único objeto que tinha à disposição naquele momento, que era a arma”, disse o advogado.

Sérgio afirmou ainda que a diferença de idade e porte físico entre os envolvidos deixou Jorge Marra “apavorado”. “A idade, o porte físico, tudo faz diferença”, completou.

O julgamento

No começo da madrugada desta quinta-feira (27/10), depois de cerca de 15 horas de julgamento, o ex-secretário municipal de Obras de Patrocínio, Jorge Marra, acusado de homicídio duplamente qualificado contra o ex-vereador da cidade Cássio Remis foi absolvido. O  júri considerou o fato como “legítima defesa”. O advogado da acusação informou que já recorreu da decisão.

Ao ler a sentença, o juiz Serlon Silva Santos afirmou que Marra foi condenado a dois anos e 10 dias, por porte ilegal de arma de fogo. Como ele estava preso na Penitenciária de Patrocínio desde o dia do crime, em setembro de 2020, a pena já foi cumprida.

Acusação

O advogado de acusação e da família de Remis, Márcio Grossi,  afirmou que ficou completamente consternado. “A decisão contrariou todas as provas dos autos. Isso demonstrou que, de fato, assim como sustentou a acusação a todo tempo, o alto poder político e econômico da família (de Marra) interferiu diretamente na decisão do conselho de sentença”, considerou.

Ainda segundo Grossi, a defesa já recorreu da sentença. “O recurso já está apresentado (à Justiça)”, finalizou.

Relembre o caso 

Jorge Marra é irmão do prefeito de Patrocínio, Deiró Marra (DEM) e, em setembro de 2020, matou com cinco disparos de revólver Cássio Remis em frente a Secretaria de Obras do município, logo após ele fazer uma live em que denunciava suposta irregularidade em obras da Prefeitura.

Na ocasião, Remis fazia o vídeo na Avenida João Alves do Nascimento, onde afirmou que funcionários da Prefeitura estariam fazendo serviços particulares de frente ao comitê de campanha do atual prefeito, Deiró Marra.

Neste momento, Jorge Marra saiu de um carro e tomou o celular de Cássio, que foi atrás de Jorge, em direção a Secretaria de Obras. Na entrada do local, a vítima tentou pegar seu celular de volta, mas foi baleado por Marra, que fugiu.

Na época do crime, que foi flagrado por câmera de segurança, Marra era o Secretário de Obras de Patrocínio.

Família revoltada 

Em coletiva à imprensa, a mãe de Cássio Remis disse que foi submetida a uma prova semelhante à da Virgem Maria, mãe de Jesus Cristo. “O filho dela foi assassinado por defender o povo, ensinar o amor e fazer o que é certo e ainda os assassinos dele continuaram libertos. E o meu caso foi a mesma coisa. Obrigado meu Deus e me dê paciência, tolerância e amor, sobretudo, a partir de agora, porque vou precisar. Fiquei completamente desnorteada com essa notícia ”, lamentou.

A viúva de Cássio, Nayara Remis, também se mostrou indignada. “Hoje foi provado que o Cassio não morreu, os jurados confirmaram isso, que ele não está morto e que ele não levou tiros na cabeça. Então, segundo os jurados, eu vou voltar para casa e vou estar encontrando com o meu marido em casa”, ironizou, complementado: “Estou extremamente decepcionada com a decisão. Acho que não tenho a sabedoria da ‘Chiquita’ (mãe de Cássio) para nesse momento agradecer. Eu não acredito que aqueles jurados não tenham recebido nada e, desde o início, eu não queria que esse júri fosse aqui em Patrocínio. Eu não confio na população daqui porque eles provaram que se vendem”, opinou. 

Indignação nas redes sociais

Pelas redes sociais, várias de pessoas se manifestaram contra a sentença: “Que vergonha! Meus pesares aos familiares por essa injustiça”; “Lamentável, realmente as leis do Brasil só se aplica aos pobres. Um crime registrado por câmeras de segurança. Agora legítima defesa é forçar a inteligência de qualquer ser” e “Esse é nosso Brasil. Lamentável”, afirmaram algumas das indignações. 

*Com informações de Renato Manfrim


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