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Estado de Minas PANDEMIA

COVID: soro da Funed falha em teste com hamsters; estudo pode ser encerrado

Saúde chegou a prever lotes para testes em humanos para janeiro de 2021. Um ano após previsão inicial, pesquisa recua para analisar resultados insatisfatórios


26/01/2022 06:00 - atualizado 29/01/2022 19:15

Cientistas com jalecos na cor verde e luvas fazem testes em tubos de coleta de sangue e plasma em laboratório.
Testado em hamsters experimentalmente infectados pelo vírus da pandemia, soro anti-COVID da Funed não aprensentou resposta imune esperada (foto: Héricles Ferreira Lima Gonçalves/Funed)
Aposta do governo de Minas para o combate à pandemia, o soro contra a COVID-19 da Fundação Ezequiel Dias (Funed) ainda está longe de se tornar uma opção concreta de tratamento da infecção. O estado chegou a prever a entrega do primeiro lote com 5 mil ampolas do composto para testes em humanos para janeiro de 2021. Um ano após a previsão inicial, o produto experimental não demonstrou eficácia contra a doença em experimentos com hamsters infectados e pode não sair do laboratório. 

Diferentemente da vacina, o soro não atua na prevenção de doenças, e sim no tratamento de pessoas já doentes, em ambiente hospitalar. A substância é produzida a partir da inoculação do vírus inativado em cavalos, que reagem produzindo anticorpos potentes. Uma vez injetados nos doentes, eles ajudam a amenizar sintomas e a evitar quadros graves. 

As pesquisas da Funed começaram em novembro de 2020, pouco mais de um mês depois que o Instituto Butantan iniciou o desenvolvimento de seu soro, atualmente testado em pacientes do Hospital do Rim e do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo, ambos na capital paulista. Na ocasião, a instituição mineira anunciou a imunização dos equinos da Fazenda Experimental São Judas Tadeu com o vírus inativado da COVID-19.

Segundo o coordenador do estudo, Sérgio Caldas, em dezembro de 2020, os cientistas coletaram o plasma dos animais e separaram os anticorpos, que mostraram boa capacidade de neutralização do Sars-Cov-2 nos ensaios in vitro, ou seja, em placas com células infectadas.

Vencida esta etapa, os pesquisadores esperavam produzir os lotes de soro para testes em humanos, mas foram surpreendidos por uma exigência da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).De acordo com Caldas, o órgão determinou que a Funed testasse a eficácia do composto em hamsters experimentalmente infectados, uma vez que o soro é uma terapia nova. As amostras foram, então, encaminhadas à Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) para os ensaios com roedores, mas os resultados decepcionaram. 

"Os ensaios in vivo, em hamsters, não apresentaram os resultados esperados, não sendo observada proteção significativa contra a infecção viral comparado aos animais não tratados”, explica o estudioso.

Questionada sobre o futuro da pesquisas, a Funed diz que o grupo, neste momento, se debruça sobre os dados obtidos e analisa a viabilidade de realização de novos experimentos. A fundação não descarta o encerramento do projeto, mas ressaltou que a consolidação do conhecimento gerado nos últimos meses também traz benefícios à comunidade científica e à população em geral.

Recursos

O Estado de Minas também questionou o laboratório estatal sobre a disponibilidade de recursos para a eventual continuidade dos estudos, que receberam, até então, um único aporte da Fundação de Amparo à Pesquisa de Minas Gerais (Fapemig) no valor de R$ 213.370,90.

A Funed informou que o projeto não tem verbas adicionais garantidas, mas conta com insumos remanescentes das etapas já desenvolvidas e parcerias articuladas com instituições como o Centro de Pesquisa e Produção de Imunobiológicos (CPPI) e o Instituto de Pesquisa Pelé Pequeno Príncipe (IPPP). 

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