
Alguns dos colegas de sala iniciaram uma estratégia para isolar P. Eles não conversavam com o adolescente, nem o convidavam para atividades com o objetivo de deixá-lo sozinho. Como se não bastasse, depois de hostilizar o jovem até que ele saísse do grupo da rede social, os colegas fizeram diversos comentários racistas sobre ele.
Um dos estudantes mudou o nome do grupo para "Pilantrinhas (sem neguin)". Uma menina escreveu: "que bom que o neguin não tá. Já não aguentava mais preto naquele grupo". A conversa segue e as ofensas não param por aí: "pensei que preto era tudo pobre. Saudades de quando preto só era escravo". "Coitado do neguin. Odeio ele, mas a gente tem que ser humilde".

Os aluno criaram um grupo para que pudessem debater as provas on-line, a ideia era que um pudesse ajudar o outro. "Alguns meninos já tinham em mente exclui-lo. Não estavam respondendo a ele para fazer a exclusão. Os colegas estavam o excluindo das atividades, então ele resolveu sair do grupo. Quando se retirou, começaram os ataques."
Um amigo de P. tirou fotos das conversas e enviou para o amigo. O jovem, por sua vez, enviou os prints para o pai. "Quando eu li acabou com meu dia". Ele foi até a escola e relatou o episódio. "O que mais o machucou é que um dos meninos, há 20 dias, foi em churrasco para comemorar o aniversário do meu filho. Foi ele que fez mais ataques contra ele".

O pai do jovem vítima do racismo enviou as cópias das conversas para o
coordenador pedagógico, que mandou para a direção da escola. A direção marcou uma reunião com Alexandre e com os pais dos alunos que fizeram os ataques.
O pai conta que, ao contrário de repreender os filhos, alguns pais tentaram minimizar a situação. Até o momento foram identificados três alunos que cometeram os ataques. Alexandre fez a ocorrência na Delegacia de Defesa da Criança e do Adolescente.