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Estado de Minas SITUAÇÃO CRÍTICA

Retorno das eletivas evidencia superlotação da UPA de Divinópolis

Suspensão das cirurgias gerou 'a maior demanda da história', segundo a prefeitura; Estado diz buscar alternativas


17/11/2021 18:58 - atualizado 17/11/2021 19:29

Fachada da UPA de Divinópolis
Até o início da tarde desta quarta (17/11), 51 pacientes aguardavam na UPA de Divinópolis por vagas em hospitais (foto: Amanda Quintiliano)
O retorno das cirurgias eletivas evidenciou um velho problema da Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Divinópolis: a superlotação. Até o início da tarde desta quarta-feira (17/11), 51 pessoas estavam internadas aguardando vagas em hospitais do Estado, das quais cinco com quadro clínico grave à espera de leito em Unidade de Terapia Intensiva (UTI).

A suspensão das cirurgias eletivas durante a pandemia da COVID-19 gerou uma demanda reprimida. “A maior da história”, informou a prefeitura de Divinópolis, por meio de nota. Elas ficaram paralisadas por mais de um ano para evitar a sobrecarga do sistema enquanto o Estado lidava com os casos de coronavírus.

Só em Divinópolis, 1.544 pacientes ainda aguardam por procedimentos eletivos. “Neste momento as duas filas (urgência e eletiva) estão simultâneas, o que tem exaurido o sistema. Com isso, estamos sim com dificuldade para conseguir regular esses pacientes", confirmou a prefeitura em nota.

Além das internações na UPA, outro cenário preocupa. “Tem pessoas há 60, 90 dias esperando vaga dentro de casa, principalmente para cirurgia eletiva. Se nem os da UPA eles estão levando, eles vão levar você, coitado, que está esperando essa bendita vaga em casa”, indagou o vereador Ney Burguer (PSB), ao denunciar a superlotação nessa terça-feira (16/11).

O cenário da UPA do município do Centro-Oeste de Minas é reflexo da falta de leitos no parque hospitalar. O Complexo de Saúde São João de Deus – referência em alta complexidade - estava com 100% de lotação hoje. Dos 115 leitos da macrorregião Oeste, 110 estão ocupados, ou seja, 95% de ocupação. Os dados são da Central de Regulação.


Alternativas


Para minimizar a situação, a Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG) disse que a Central Macrorregional de Saúde Oeste tem buscado regular os pacientes de menor complexidade para outras portas da rede (hospitais) da região. 

“Outra medida adotada, assim que foi possível desmobilizar leitos COVID-19, foi: o Comitê Macrorregional da doença começou este processo pelos leitos de outras especialidades e que estavam direcionados para COVID. Dessa forma, eles passaram a atender novamente outras especialidades médicas”, informou.

Medidas que, segundo o presidente da Comissão de Saúde da Câmara de Divinópolis, o vereador Zé Braz (PV), não tem surtido efeito. “Muitos pacientes estão sendo transferidos para unidades que não resolvem o problema, o hospital não tem capacidade técnica”, explicou.

Um exemplo mencionado pelo parlamentar é o de um paciente cardíaco levado para Santo Antônio do Monte, também no Centro-Oeste. “Lá não tem condições nem de fazer um cateterismo. Desafoga a UPA, mas não resolve o problema do paciente”, relatou.

Para ele, acelerar as eletivas é uma forma de desafogar o sistema. “Tem eletiva que está virando urgência, o que gera a sobrecarga, sem falar na ortopedia que é um caos nacional”, citou. O São João de Deus planeja realizar 390 cirurgias até dezembro. Entretanto, sem leitos disponíveis, o prazo poderá ser estendido.


Assistência


Além do retorno da eletivas, a UPA de Divinópolis vive um momento atípico. O contrato entre o município e a empresa gestora foi rompido com a alegação de “irregularidades contábeis”. Entretanto, o Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Social (IBDS) ficará a frente da administração até a realização de um novo processo licitatório.

A decisão da prefeitura é questionada até mesmo pelos vereadores da base. “Já foi mostrado que não funciona e mesmo assim darão mais seis meses para ela”, destacou o vereador Flávio Marra (Patriota). O parlamentar ainda colocou em xeque a assistência. “O pessoal está chegando vivo e saindo de lá morto, isso quando é atendido”, declarou.

Marra antecipou que vai provocar o Ministério Público para intervir. “Só notificar a prefeitura não está adiantando”, declarou. Para ele, parte da superlotação está atrelada à deficiência na gestão.

O Conselho Municipal de Saúde (CMS) diz estar acompanhando a rescisão contratual e pressionando para que o município afaste imediatamente a gestora. Entretanto, afirmou que até então desconhecia relatos de superlotação e que vai fiscalizar in loco.

A reportagem tentou contato com o IBDS, porém ninguém foi encontrado.

Nota completa da SES/MG:

 
"A Secretaria de Estado de Saúde Minas Gerais, por meio da Regional de Saúde de Divinópolis, esclarece as 13 Centrais Macrorregionais de Regulação Assistencial do Estado  tem como um dos objetivos garantir a alternativa assistencial adequada frente às solicitações de utilização de leitos para procedimentos eletivos e de urgência / emergência aos usuários dos municípios pertencentes a uma determinada área de abrangência.
 
Não tendo oferta dentro da região, o paciente pode ser transferido para outra região de saúde que tenha a oferta do serviço. Ou seja, se o pedido for negado com uma justificativa técnica, outra unidade de saúde será consultada, e assim por diante. A busca pelo de leito só se encerra quando uma reserva for confirmada. Essa busca por leito hospitalar começa na macrorregião de origem da solicitação e, se for o caso, a busca é expandida para outras macrorregiões do Estado.
 
Hoje, o Hospital de Alta Complexidade  da Macrorregião Oeste, o Complexo de Saúde de São João de Deus, está com 100% de ocupação.  Na macrorregião Oeste, no último dado levantado, dia 11/11, dos 115 leitos de UTI de outras especialidades, 110 estavam ocupados, o que correspondia  a 95% de ocupação (dados da Central de Regulação).  Como uma das ações a Central Macrorregional de Saúde Oeste  tem buscado regular os pacientes de menor complexidade para outras portas da rede ( hospitais) da região. Outra medida adotada foi, assim que foi possível desmobilizar leitos covid-19, o Comitê Macrorregional da doença começou este processo pelos leitos  de outras especialidades e que estavam direcionados para covid.  Dessa forma, eles passaram atender novamente outras especialidades médicas."
 
 
*Amanda Quintiliano especial para o EM 
 


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