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Estado de Minas 'NÃO SABEMOS SE É REPRESÁLIA'

Prefeito de Santa Luzia diz que não 'vacina ladrão' e sugere retaliação

Prefeito diz que não tem recebido doses igualitárias quando comparado a outras cidades da Grande BH; Governo de Minas nega


11/08/2021 19:45 - atualizado 11/08/2021 20:33

Prefeito diz em vídeo que cidade 'estacionou' na vacinação por faixa etária(foto: Reprodução/@chrisdelega/Instagram)
Prefeito diz em vídeo que cidade 'estacionou' na vacinação por faixa etária (foto: Reprodução/@chrisdelega/Instagram)
O prefeito de Santa Luzia, Christiano Xavier (PSD), afirmou nesta quarta-feira (11/8) que a cidade está "sendo muito prejudicada na distribuição de doses" de vacina contra COVID-19 e sugeriu que o motivo seja uma retaliação. "Não sei se é porque aqui não se vacina ladrão", afirmou, ao se referir ao descumprimento do PNI (Plano Nacional de Imunização) de não imunizar a população carcerária.
 
O gestor municipal anunciou em maio que não vacinaria o grupo com prioridade, o que contraria, além do PNI, visão de especialistas sobre o tema (leia mais aqui). Procurada pela reportagem, a SES-MG (Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais) informou que segue as diretrizes do Ministério da Saúde para repassar as doses de "forma proporcional e equânime a todos os 853 municípios do estado".
 

'Não se vacina ladrão'

 
Conhecido pela atuação nas redes sociais e pelas falas controversas, Christiano Xavier afirmou, em publicação feita hoje no Instagram, que outras cidades vizinhas estão recebendo mais doses do que Santa Luzia. 
 

“Nós, infelizmente, estacionamos nos 35, 34 anos, mas não é por culpa de Santa Luzia. Eu não sei se é porque aqui não se vacina ladrão, não sei que cargas d´água que é, mas Santa Luzia está sendo muito prejudicada na distribuição de doses", afirma em vídeo.
 
"Estamos vendo as regiões do nosso entorno, inclusive a capital que vai iniciar os 29 anos e Santa Luzia, infelizmente, desde ontem, anteontem, hoje, ainda não recebeu nenhuma dose, apesar de estarem divulgando que Minas Gerais recebeu um milhão de doses”, continua Xavier, que escreveu na legenda do vídeo: “não sabemos se é represália por ter decidido não vacinar os presos”.  
 
 
 

Vacinação na cidade

 
Santa Luzia recebeu do Estado, nesta semana, 10.575 doses - grande parte será destinada à aplicação da segunda dose. Segundo o prefeito, não está havendo distribuição de forma igualitária de acordo com o numero de habitantes e o município está aquém quando comparado a outras cidades da Região Metropolitana. 

O município da Grande BH vai vacinar nesta quinta-feira (12/8) pessoas de 33 anos e, na sexta-feira (13/8), a população de 32 anos.  
 

'Diretrizes do Ministério da Saúde' 

 
A SES-MG, por sua vez, nega que a cidade esteja sendo prejudicada. “O município de Santa Luzia recebeu, até o momento, 152.145 doses das vacinas contra COVID-19, sendo que, deste total, 100.333 foram aplicadas para a primeira dose, 34.382 para segunda dose e 3.883 como dose única. Nesta semana, foram destinadas ao município 10.575 doses, referentes às 35ª e 36ª remessas encaminhadas pelo Ministério da Saúde”, diz a nota (leia a íntegra abaixo).

A secretaria estadual afirma também que, nesta quarta-feira (11/8), houve o recebimento de mais 104.130 doses da Pfizer e 104.250 da Astrazeneca - e que essas doses serão, em breve, encaminhadas para as Unidades Regionais de Saúde, que farão a redistribuição às prefeituras.

Sobre Santa Luzia ter optado por não colocar os detentos na fila da imunização, a SES-MG diz que é responsabilidade do município. “A SES-MG esclarece que a forma de operacionalizar a campanha de vacinação, bem como de traçar estratégias que contemplem grupos prioritários, são de responsabilidade dos municípios, seguindo os grupos prioritários preconizados pelo Plano Nacional de Operacionalização da Vacinação contra a COVID-19”. 
 

'Incubadoras de doença' 

 
Especialistas em saúde pública ressaltam que o alto risco de exposição nas prisões e o impacto não apenas sobre detentos e funcionários, mas também na população das cidades onde estão localizadas, fazem com que seja crucial incluir os presidiários entre os primeiros a serem imunizados.

"Prisões são incubadoras de doenças, incluindo a COVID-19", diz à BBC News Brasil o especialista em bioética Arthur Caplan, professor da Escola de Medicina da Universidade de Nova York. A reportagem foi publicada originalmente em dezembro.

"Você não vai querer ter em sua região um lugar que está espalhando a doença. Guardas, pessoal de limpeza, fornecedores de comida, visitantes, muita gente entra e sai das prisões. É preciso controlar (a propagação da doença nas prisões)."

O especialista em saúde pública William Lopez, professor da Universidade de Michigan, observa que é comum a ideia de prisões como fortalezas onde ninguém entra ou sai, mas na realidade essas instalações costumam ter grande movimento de pessoas.

"Há pessoas entrando e saindo de prisões o dia inteiro, como presos que foram libertados, guardas ou outros funcionários. Essas pessoas estão entrando em um local de alta densidade e risco e depois voltando para casa em suas comunidades", diz Lopez à BBC News Brasil.

Leia a reportagem completa aqui.
 

Nota da SES-MG na íntegra:

 
"A Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG) ressalta que segue as diretrizes do Ministério da Saúde para repassar as doses de vacinas contra covid-19 de forma proporcional e equânime a todos os 853 municípios do estado.

Conforme dados do www.coronavirus.saude.mg.gov.br/vacinometro, o município de Santa Luzia recebeu, até o momento, 152.145 doses das vacinas contra covid-19, sendo que, deste total, 100.333 foram aplicadas para a primeira dose, 34.382 para segunda dose e 3.883 como dose única. Nesta semana, foram destinadas ao município 10.575 doses, referentes às 35ª e 36ª remessas encaminhadas pelo Ministério da Saúde.

Essas informações e mais detalhes encontram-se disponíveis no link https://www.saude.mg.gov.br/component/gmg/story/15324-vacinacao-contra-covid-19-avanca-em-minas-gerais.

Ainda nesta quarta-feira, 11/8, o Governo de Minas conclui o recebimento de mais 104.130 doses da Pfizer e 104.250 da Astrazeneca. As doses serão encaminhadas para as Unidades Regionais de Saúde, que farão a distribuição às prefeituras.

A SES-MG esclarece que a forma de operacionalizar a campanha de vacinação, bem como de traçar estratégias que contemplem grupos prioritários, são de responsabilidade dos municípios, seguindo os grupos prioritários preconizados pelo Plano Nacional de Operacionalização da Vacinação contra a COVID-19, onde as pessoas de 18 anos estão previstas como grupo etário para serem imunizadas." 
 
Com BBC News Brasil 


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