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Estado de Minas VIOLÊNCIA CONTRA IDOSOS

Instituto cria central telefônica para atender idosos vítimas de violência

O objetivo do Núcleo de Atenção à Pessoa Idosa em Situação de Violência é acolher e encaminhar as vítimas para auxílio adequado a cada caso


07/07/2021 18:13 - atualizado 07/07/2021 18:59

Núcleo permite que idosos possam relatar casos de violência e receber acompanhamento adequado
Núcleo permite que idosos possam relatar casos de violência e receber acompanhamento adequado (foto: Alexandre Guzanshe/EM/D.A Press)
O Instituto Ânima abriu uma central telefônica para atender idosos que estejam sofrendo algum tipo de violência. O Núcleo de Atenção à Pessoa Idosa em Situação de Violência, ao receber a ligação da vítima ou de pessoas próximas, faz o encaminhamento do caso para acompanhamento nas áreas de direito, serviço social e psicologia.

 

O núcleo faz parte do projeto Universidade Aberta à Pessoa Idosa e foi inaugurado em junho, mês de Conscientização da Violência Contra a Pessoa Idosa.

O serviço está disponível de segunda a sexta-feira, das 8h às 12h e das 14h às 18h, pelo telefone: 4003-3126. São atendidos moradores da Região Metropolitana de Belo Horizonte. 


O projeto tem como parceiros o Conselho Municipal do Idoso, a Delegacia de Proteção ao Idoso, a Coordenadoria do Idoso e Defensoria Pública; os profissionais do Centro de Referência em Assistência Social (CRAS), o Centro de Referência Especializado em Assistência Social (CREAS), o Sistema Único de Saúde (SUS) e outros programas sociais.

“Inicialmente, ele foi projetado para acontecer no presencial. A ideia era existirem polos de atendimento na cidade. Mas, com a pandemia, isso se tornou difícil. O próprio Conselho do Idoso orientou que, para preservar o isolamento social, o atendimento fosse feito por telefone”, explica Naiane Loureiro dos Santos, gerente de projetos da Universidade Aberta à Pessoa Idosa.  

Escuta e acolhimento


O núcleo conta com uma equipe de profissionais formada por professores e alunos bolsistas dos cursos de direito, psicologia e serviço social do UNIBH e da UNA, instituições de ensino da Ânima Educação.

“Temos um sistema de telefonia, com um telefone geral em que a pessoa é atendida por uma assistente social. Ela faz a triagem para direcionar a pessoa ao tipo de atendimento: questão jurídica, psicológica ou de serviço social.”

Segundo Naiane, o objetivo do núcleo é escutar e acolher as vítimas.
 
“Quando ele foi pensado, nós nos reunimos várias vezes com a Diretoria de Políticas Públicas do Idoso de BH porque nossa ideia não era sobrepor o que já existe. Era somar. Na época, os relatos que recebemos, tanto da diretoria quanto do conselho, eram de que o Disque 100 funciona como um canal de denúncia. A pessoa que liga vai ser direcionada para uma delegacia. Mas falta muito o acolhimento.”

Ela conta que, muitas vezes, o idoso quer apenas ser escutado. “Ele quer falar, comentar. Até não tem coragem de levar em outras instâncias porque, muitas vezes, a violência acontece dentro da família. Recebemos relatos de violência financeira praticada por filhos, netos. Uma senhora que é vítima de violência física, se mostra incomodada com a situação, porém continua com o marido.”

A coordenadora do projeto ressalta também que os idosos nem sempre podem relatar a violência vivida dentro de casa. 

“É uma situação muito delicada. Não é um processo de denúncia. Mas, o acolhimento é importante porque quem foi vítima tem essa necessidade de falar com alguém. E, às vezes, não é o familiar. Por isso, nosso serviço é de acolhimento e não de denúncia.”

Ela deixa claro, porém, que, em casos graves, os atendentes podem encaminhar o idoso para uma ajuda especializada.  

“Se necessário, a gente vai repassar isso para a diretoria, para delegacia ou instâncias que podem cuidar do assunto. O processo é de acolhimento e, a partir daí, podem surgir vários direcionamentos, sejam internos ou para a própria Prefeitura, no caso de atendimentos especializados”, afirma Naiane. 

Ela destaca que o atendimento é importante para definir qual será o encaminhamento de cada caso: “Essa triagem, esse olhar para o primeiro atendimento é fundamental para entendermos como está acontecendo a violência com aquela pessoa. Às vezes, é uma situação para uma assistente social acompanhar, não é o caso de um único telefonema, mas de um acompanhamento”.

Descobrir a violência

 
Naiane explica que, em caso de denúncia, a pessoa tem que querer fazê-la. “Acontece também de não ser a própria vítima a procurar a informação, e sim um familiar, um vizinho ou alguma pessoa próxima.”

Segundo ela, os relatos mais frequentes têm sido de violência financeira: “Às vezes, o próprio idoso nem se deu conta que aquilo é uma violência. Ele fica incomodado, mas não entendeu ainda que está passando por este processo. A gente tem trabalhado com campanhas de conscientização via vídeos, personagens criados, para ver se quando a pessoa se identifica, vá buscar algum tipo de ajuda”.

Equipe multidisciplinar


Após a etapa de escuta e acolhimento, a equipe que conta com profissionais e alunos das três áreas definem qual será o encaminhamento para o caso do idoso. 

“As universidades do Grupo Ânima têm clínicas de psicologia abertas à comunidade. Se for um caso de terapia, ele pode ser direcionado ou continuar com o acompanhamento pela própria central de telefonia. Ela permite que a gente faça um cadastro para a pessoa ter esse acompanhamento. Ligar novamente para saber se a violência está sendo recorrente, se for um caso de terapia ou assistência social. Às vezes, não é só um ou outro, é um conjunto, já que são vários tipos de violência”, explica Naiane.

Ela informa que, durante a pandemia, os casos aumentaram: Existia uma violência que vinha crescendo, mas em ritmo menor. A pandemia intensificou esse processo, o isolamento social, a dificuldade financeira, muita gente desempregada.”

De acordo com dados do Disque 100, canal telefônico disponibilizado pelo governo federal, as denúncias de violência contra idosos no Brasil, neste ano, já chegam a quase metade do total registrado em 2020.

São 33,6 mil casos em todo país. Em Minas, o crescimento foi de 82,22%, com 5.963 denúncias de violência, no primeiro semestre de 2020. 
 
*Estagiária sob supervisão da subeditora Kelen Cristina


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