Jornal Estado de Minas

PANDEMIA

Superintendente da Santa Casa de Passos alerta para colapso da saúde

A Santa Casa de Misericórdia de Passos está há duas semanas com 100% de lotação de leitos de COVID-19. O superintendente geral do hospital, Daniel Porto Soares, falou com exclusividade ao jornal Estado de Minas sobre a situação.




 

Em boletim atualizado sobre a situação de ocupação das Unidades de Terapia Intensiva (UTI), os 50 leitos disponíveis estão ocupados. A taxa nas enfermarias chega a 96%.

Durante esses 15 dias de elevação na taxa de ocupação, Soares alega que a Santa Casa e a prefeitura têm feito um trabalho conjunto para realizar, com cuidado, uma avaliação dos pacientes que ficam à espera de leitos.
 
“Em uma cooperação mútua da Santa Casa, da nossa equipe de urgência e emergência e do time de enfrentamento da COVID, com a UPA, é feito esse monitoramento dos casos críticos e, na medida que as vagas vão surgindo, nós recebemos esse paciente”, conta o superintendente.




 
De acordo com Soares, houve uma sobrecarga neste final de semana na demanda por leitos de UTI, o que fez com que a prefeitura e a UPA providenciassem vagas em outros locais do estado.
 
“Pacientes foram levados para Juiz de Fora e São Sebastião do Paraíso, mas, na maioria das vezes, não tem sido suficiente todo esse manejo”, comenta.

Os profissionais da Santa Casa de Passos estão nessa batalha há duas longas semanas, trabalhando com capacidade máxima no atendimento.

Para toda a equipe de linha de frente da COVID, a pressão com a falta de kits de intubação tem sido uma constante. E o impacto financeiro para o hospital, segundo Soares, é evidente.
 
“A realidade é que o paciente na UTI Covid adulto, por dia, tem um custo de R$ 2.800 e a contrapartida do SUS para esse leito, ao dia, é de R$ 1.600. Portanto, o hospital está absorvendo um déficit diário de R$ 1.200”, explica.




 
Associado a outras necessidades e dificuldades de material de equipamento e proteção individual (EPI), isso traz uma preocupação para a direção do hospital, na medida em que os custos são extrapolados.
 
“Aproximadamente, nossos gastos com material e medicamento consomem 50% da nossa receita no hospital. Isso é um índice muito preocupante na medida em que existem outros componentes que também são fundamentais”, conta Soares.
 
O superintendente geral avisa que o apoio da comunidade, principalmente dos órgãos de governo, é fundamental, e pede que haja liberação de recursos extras aos hospitais que são referência em leitos de UTI para pacientes com COVID, para que todos possam ter condições de dar sequência no combate ao novo coronavírus.




Para ele, caso isso não ocorra, em um futuro mais próximo é inevitável o colapso da saúde pública de Passos.
 
O hospital chega a atender uma grande parte da região Sudoeste de Minas, e isso pode dificultar e aumentar mais ainda a ocupação de leitos.
 
A Santa Casa de Misericórdia de Passos está sendo obrigada a transferir pacientes para outras cidades por falta de vagas (foto: Santa Casa de Passos/Divulgação)
 
“O atendimento regional foi baseado no critério populacional e é lógico que, com a pandemia em curso, ela se manifesta de forma diferente. Por isso, com os números dessa segunda onda, verificamos que a quantidade de pacientes no leito clínico aumentou significativamente, inclusive na faixa etária mais jovem”, explica.
 
Soares faz um apelo a todos e alerta para que o estado procure desenvolver um planejamento adequado, não só para este momento que vivemos, mas, principalmente, para a sequência da pandemia.
 
“Não se sabe ainda quando será o fim e espera-se que com a vacinação haja uma redução média nos casos graves. Há que se pensar em um plano de contingência e a continuidade de uma eventual retomada da pandemia”, alerta o superintendente.




 
A Região Sul de Minas já atingiu 200 mil casos da doença e os óbitos passam de 4.899, segundo a Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais.


Vacinas contra COVID-19 usadas no Brasil

  • Oxford/Astrazeneca

Produzida pelo grupo britânico AstraZeneca, em parceria com a Universidade de Oxford, a vacina recebeu registro definitivo para uso no Brasil pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). No país ela é produzida pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).

  • CoronaVac/Butantan

Em 17 de janeiro, a vacina desenvolvida pela farmacêutica chinesa Sinovac, em parceria com o Instituto Butantan no Brasil, recebeu a liberação de uso emergencial pela Anvisa.

  • Janssen

A Anvisa aprovou por unanimidade o uso emergencial no Brasil da vacina da Janssen, subsidiária da Johnson & Johnson, contra a COVID-19. Trata-se do único no mercado que garante a proteção em uma só dose, o que pode acelerar a imunização. A Santa Casa de Belo Horizonte participou dos testes na fase 3 da vacina da Janssen.





  • Pfizer

A vacina da Pfizer foi rejeitada pelo Ministério da Saúde em 2020 e ironizada pelo presidente Jair Bolsonaro, mas foi a primeira a receber autorização para uso amplo pela Anvisa, em 23/02.

Minas Gerais tem 10 vacinas em pesquisa nas universidades

Como funciona o 'passaporte de vacinação'?

Os chamados passaportes de vacinação contra COVID-19 já estão em funcionamento em algumas regiões do mundo e em estudo em vários países. Sistema de controel tem como objetivo garantir trânsito de pessoas imunizadas e fomentar turismo e economia. Especialistas dizem que os passaportes de vacinação impõem desafios éticos e científicos.

Quais os sintomas do coronavírus?

Confira os principais sintomas das pessoas infectadas pela COVID-19:

  • Febre
  • Tosse
  • Falta de ar e dificuldade para respirar
  • Problemas gástricos
  • Diarreia

Em casos graves, as vítimas apresentam

  • Pneumonia
  • Síndrome respiratória aguda severa
  • Insuficiência renal

Os tipos de sintomas para COVID-19 aumentam a cada semana conforme os pesquisadores avançam na identificação do comportamento do vírus.





 

 

Entenda as regras de proteção contra as novas cepas



 

Mitos e verdades sobre o vírus

Nas redes sociais, a propagação da COVID-19 espalhou também boatos sobre como o vírus Sars-CoV-2 é transmitido. E outras dúvidas foram surgindo: O álcool em gel é capaz de matar o vírus? O coronavírus é letal em um nível preocupante? Uma pessoa infectada pode contaminar várias outras? A epidemia vai matar milhares de brasileiros, pois o SUS não teria condições de atender a todos? Fizemos uma reportagem com um médico especialista em infectologia e ele explica todos os mitos e verdades sobre o coronavírus.

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