(none) || (none)
UAI
Publicidade

Estado de Minas CONTRATO LEONINO

Rachadinha em Nova Lima: assessora que denunciou crime teve carro queimado

MP aponta vereador Tiago Tito como chefe do esquema de desvios; ele também teria favorecido empresário que financiou sua campanha em contratos com a prefeitura


11/05/2021 13:32 - atualizado 11/05/2021 14:46

MPMG sobre Tiago Tito (PSD): 'Há indícios fortes da existência do esquema de rachadinha na Câmara Municipal capitaneado pelo vereador'(foto: Reprodução/Instagram)
MPMG sobre Tiago Tito (PSD): 'Há indícios fortes da existência do esquema de rachadinha na Câmara Municipal capitaneado pelo vereador' (foto: Reprodução/Instagram)
Apontado pelo Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) e pela Polícia Civil (PCMG) como chefe de um esquema de ‘rachadinha’ na Câmara Municipal de Nova Lima, na Grande BH, o vereador Tiago Tito (PSD) foi denunciado às autoridades por uma ex-assessora. Segundo o promotor Fabrício José Fonseca, ela se recusou a continuar devolvendo parte de seu salário ao político e, por isso, recebeu ameaças dele e do chefe de gabinete. 

Ambos foram presos na manhã desta terça-feira (11/5), durante a segunda fase da Operação Contrato Leonino, que cumpriu 13 mandados de busca e apreensão na Câmara de Nova Lima e em uma empresa. 

Segundo o promotor de Justiça, Fabrício José Fonseca, a ex-funcionária relata que, após as denúncias, chegou a ter o carro queimado a mando de Tito. 

''Em razão dessa ameaça, foi decretada a prisão desse vereador, que estava colocando em risco a ordem pública e também a instrução probatória (recolhimento de provas). Esse foi o motivo da prisão dele e de seu assessor, pois eles atuavam em conjunto'', explicou Fonseca. 

Conforme o promotor, o veículo da denunciante foi queimado em circunstâncias suspeitas, em frente à residência dela. Tito também teria coagido pessoalmente a trabalhadora, que chegou a expor o caso nas redes sociais. 

Fonseca diz que as delações ao MP foram feitas no fim do ano passado. As investigações dão conta de que ela foi nomeada, inicialmente, com a remuneração de R$ 3 mil e transferia R$ 2 mil  ao parlamentar, ficando com apenas R$ 1 mil. Tempos depois, ao entrar de licença-maternidade, teria recebido a proposta de ganhar R$ 9 mil e repassar em torno R$ 7 mil ao vereador, que pretendia começar a angariar fundos para sua campanha eleitoral. 

A mudança, no entanto, fez com que a assessora tivesse prejuízos, pois ela teve benefícios cortados. Com isso, deixou de fazer os repasses nos termos combinados, o que teria desencadeado o imbróglio com o chefe. 

Ainda de acordo com o  promotor, a maneira como o dinheiro oriundo das rachadinhas era lavado para que passasse como lícito ainda não foi descoberta. 

Contratos milionários

O MP também investiga Tiago Tito pelo favorecimento de um empresário em contratos com a prefeitura de Nova Lima. O material apreendido ao longo da operação reúne licitações de até R$ 20 milhões. 

“Não estou dizendo que este contrato é ilegal, mas pode haver favorecimento. Isso ainda  necessita de comprovação e, por isso, a operação de busca e apreensão hoje. Há indícios de que esse empresário contribuiu para a campanha do vereador e recebeu em troca favorecimento em contratos firmados com o município de Nova Lima”, afirma o promotor Fabrício José Fonseca. 

Desvios e loteamento

A lista de delitos apurados na Câmara de Nova Lima inclui também o loteamento de cargos no Executivo. Ou seja: vereadores da casa legislativa estariam indicando nomes para ocupar cadeiras na administração municipal em troca da aprovação de projetos de interesse do município. 

O inquérito apura, por fim, irregularidades em contratos celebrados pela própria Câmara Municipal. A Polícia Civil informou ter detectado desvios de finalidade em licitações firmadas pela instituição. 

Operação Contrato Leonino

A ação deflagrada nesta terça-feira (11/5) corresponde à segunda fase da investigação da Delegacia Especializada de Combate à Corrupção iniciada em 18 de dezembro do ano passado, também na Câmara de Nova Lima. Na ocasião, as autoridades cumpriram mandados de busca e apreensão no gabinete de seis vereadores. 

Nesta manhã, foram mobilizados 58 policiais civis, além do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público de Minas Gerais (MPMG).

'À disposição das autoridades'

O Estado de Minas procurou o vereador Tiago Tito, a prefeitura de Nova Lima e a Câmara Municipal. Até a última atualização deste texto, apenas a câmara havia retornado os contatos da reportagem. 

"Com relação ao mandado de busca e apreensão direcionado ao gabinete do vereador Tiago Tito, na manhã desta terca-feira (11/5), a atual gestão da Câmara Municipal de Nova Lima reitera seu compromisso com a transparência, estando à disposição das autoridades competentes para contribuir no processo investigativo", disse a instituição, por meio de nota.
 
A Prefeitura de Nova Lima informa que não foi acionada pela Justiça sobre a referida operação e, caso seja procurada, colaborará com as investigações. 


receba nossa newsletter

Comece o dia com as notícias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, faça seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)