Jornal Estado de Minas

INVESTIGAÇÃO

Grupo de médicos que pretendia distribuir ivermectina é investigado

Um grupo de médicos e profissionais de saúde de Sete Lagoas, na Região Central do estado, está sendo investigado por pretender implantar um plano de distribuição em massa de Ivermectina – medicamento contra verminoses – como profilático de COVID-19 para a população carente, mesmo não havendo comprovação científica de benefícios do remédio para esse uso.



Nesta terça-feira (27/4), a 7ª Promotoria de Justiça de Sete Lagoas informou que instaurou um procedimento de apuração da suspeita.

Na sexta-feira (23/4), o Estado de Minas entrou em contato com um dos médicos do grupo e a reportagem foi informada de que o plano havia sido suspenso. "Não iremos mais fazer a projeto de tratamento imediato", disse.

No mesmo dia, a prefeitura da cidade confirmou a existência do projeto, mas disse tratar-se de uma "ação de livre iniciativa de seus participantes". O EM apurou que a execução do projeto ainda não havia começado.

O grupo se reunia em um espaço na Rua Major Castanheira, em Sete Lagoas, que pertence ao proprietário da Faculdade Sete Lagoas (Facsete), Ivan Andrade. A reportagem entrou em contato com ele, que confirmou que uma sala havia sido cedida, mas negou fazer parte do projeto.





O secretário municipal de Saúde de Sete Lagoas, Flávio Pimenta, esclareceu que se trata de uma ação de livre iniciativa de seus participantes e que participou de uma reunião virtual com alguns integrantes do grupo apenas como convidado, para que fosse informado da iniciativa.

O secretário disse ter solicitado que os pacientes tivessem acompanhamento médico e prometido avaliar apoio ao atendimento quanto ao fornecimento de equipamentos de proteção individual (EPIs) e suporte para as ações.

"Cabe ressaltar que o posicionamento da Secretaria Municipal de Saúde segue o mesmo: cabe a cada médico prescrever o que melhor lhe convém, dentro de seu conhecimento e da situação de cada paciente", informou o órgão, por meio de nota, ainda na sexta-feira.






PELO WHATSAPP Entre os moradores da cidade, circulava uma mensagem sobre o projeto por meio das redes sociais. “Estamos montando um núcleo de atendimento imediato de COVID, para atender as pessoas carentes que quiserem e, assim, ajudar a diminuir a contaminação", informava a mensagem. O plano contava com o cadastro de voluntários para a distribuição de medicamentos.

"A princípio será feita a profilaxia, que será doada, dose para dois meses. E assim, evitar que as pessoas se contaminem e se, por ventura, se contaminarem, serão atendidas gratuitamente pelos médicos voluntários", dizia a mensagem”.

O texto informava ainda que seriam necessários 20 mil comprimidos de Ivermectina para levar a ação adiante. E ainda que um empresário teria conseguido negociar o medicamento em um laboratório a R$0,70 cada comprimido. Em seguida, pedia: "Você poderá nos ajudar com 2.000 comprimidos? Estamos correndo contra o tempo para começarmos o mais rápido possível".





A mensagem ainda dizia que um dos médicos teria sugerido que a abordagem se restringisse apenas a “distribuir a Ivermectina para 2 meses às pessoas acima de 30 anos e não vacinadas".

Na mensagem, ainda constava que a divulgação do projeto seria feita pelas mídias sociais e, para agendamento, apenas por meio do WhatsApp. O texto avisava também que todos que receberiam o remédio seriam cadastrados.

O Estado de Minas tomou conhecimento das mensagens na semana passada e, ao conversar com um dos idealizadores, ele informou que o projeto havia sido suspenso por tempo indeterminado.


O MEDICAMENTO Em março, a Organização Mundial da Saúde (OMS) divulgou uma nota desaconselhando o uso da ivermectina por pacientes com COVID-19. A entidade disse que as evidências sobre o papel do medicamento no tratamento da COVID-19 são "inconclusivas" e que o remédio só deve ser usado dentro de estudos clínicos controlados.

A recomendação se aplica a pacientes com COVID-19 em qualquer grau de severidade da doença e agora faz parte das diretrizes da OMS sobre tratamentos para a doença. O painel não analisou a atuação da Ivermectina como forma de prevenção à COVID-19 e a OMS informou que esse uso não está listado em suas diretrizes de combate ao coronavírus.





O EM perguntou ao Ministério Público de Minas Gerais se o projeto seria criminoso e quais penalidades esses médicos poderiam sofrer caso seja constatado delito. Entretanto a demanda não foi respondida: "No momento são essas as informações que dispomos", informou a assessoria de imprensa.

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Vacinas contra COVID-19 usadas no Brasil

  • Oxford/Astrazeneca

Produzida pelo grupo britânico AstraZeneca, em parceria com a Universidade de Oxford, a vacina recebeu registro definitivo para uso no Brasil pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). No país ela é produzida pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).





  • CoronaVac/Butantan

Em 17 de janeiro, a vacina desenvolvida pela farmacêutica chinesa Sinovac, em parceria com o Instituto Butantan no Brasil, recebeu a liberação de uso emergencial pela Anvisa.

  • Janssen

A Anvisa aprovou por unanimidade o uso emergencial no Brasil da vacina da Janssen, subsidiária da Johnson & Johnson, contra a COVID-19. Trata-se do único no mercado que garante a proteção em uma só dose, o que pode acelerar a imunização. A Santa Casa de Belo Horizonte participou dos testes na fase 3 da vacina da Janssen.

  • Pfizer

A vacina da Pfizer foi rejeitada pelo Ministério da Saúde em 2020 e ironizada pelo presidente Jair Bolsonaro, mas foi a primeira a receber autorização para uso amplo pela Anvisa, em 23/02.





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Como funciona o 'passaporte de vacinação'?

Os chamados passaportes de vacinação contra COVID-19 já estão em funcionamento em algumas regiões do mundo e em estudo em vários países. Sistema de controel tem como objetivo garantir trânsito de pessoas imunizadas e fomentar turismo e economia. Especialistas dizem que os passaportes de vacinação impõem desafios éticos e científicos.



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Confira os principais sintomas das pessoas infectadas pela COVID-19:

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Mitos e verdades sobre o vírus

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