Jornal Estado de Minas

EDUCAÇÃO INFANTIL

Alívio: pais comemoram retorno das aulas presenciais em BH

A expectativa era grande do retorno às aulas em Belo Horizonte. Escolas particulares de ensino infantil, com idade entre 0 a 5 anos, já estão autorizadas a voltar com o ensino presencial a partir desta segunda-feira (26/4). Pais de alunos do ensino infantil não viam a hora de ver os filhos de volta à rotina "normal", mesmo que seguindo os protocolos de segurança contra a COVID-19.





A Escola Mundo Feliz, no Bairro Gutierrez, Região Oeste de BH, adotou uma série de procedimentos, que vão desde casa, até a saída dos alunos. Renata Dias Siqueira, Coordenadora Geral da escola - Berçário, Educação Infantil e Ensino Fundamental, detalhou as orientações passadas aos pais dos alunos para uma volta às aulas segura.

"As regras para o retorno presencial fizemos em conjunto com o Eu Saúde, programa de protocolos, e que se inicia em casa. Cada família que teve o interesse de trazer os filhos para a escola recebeu um e-book para medirem a temperatura, observarem quaisquer sintomas da doença tanto na criança como dos adultos em casa para evitar que prejudique toda escola", ressalta.

Renata Dias Siqueira, diretora da Escola Mundo Feliz (foto: Jair Amaral/EM/D.A Press)
Na escola, mais regras para proteção da COVID-19. "Chegando aqui, as crianças passam por um processo de esterilização - passamos álcool nas mãos, também nos sapatos e nos materiais. Pedimos para os pais terem uma restrição de trazer o mínimo possível. Na sala, fazemos a troca de calçados, troca de máscaras e teremos uma rotina de higienização das mãos com água e sabão".



Durante todo período da aula, a diretora explica que será trabalhado com pequenos grupos, com cada sala podendo receber no máximo 12 alunos. "Aqui a gente vai trabalhar com as bolhas, onde as outras salas não se encontram nem durante os deslocamentos. Por isso, dentro da sala as crianças vão ficar à vontade com a professora paramentada", disse.
 
Segundo a diretora da escola, será autorizado a entrada de no máximo 12 alunos por sala (foto: Jair Amaral/EM/D.A Press)
Os pais asseguram que estão confiantes com os protocolos adotados pela escola. Fernando Falavigna é pai do Gabriel, de 3 anos, e conta que a expectativa era grande. "Não vejo a hora de começar a vida normal, os meninos em casa ficam muito apreensivos confinados", comemorou.

Fernando Falavigna, pai do Gabriel, de 3 anos (foto: Jair Amaral/EM/D.A Press)
Ele entende que o ensino remoto, para crianças dessa idade, não preenchia todo aprendizado que eles teriam presencialmente amparados pelos professores. "É uma coisa muito diferente para eles dentro de casa, não era muito legal. A gente sabe que criança assim precisa de brincar e interagir", destaca.




 
Flávia Cotta Teixeira, mãe da Alice, de 2 anos, conta que a filha não passou pelo ensino remoto pela idade e também demonstrou o mesmo sentimento de alegria pela volta às aulas.

“A gente fica preocupado com a pandemia, mas me sinto segura com todos os procedimentos que a escola está adotando. A Alice, por ser muito pequena, nem chegou a ter aula em casa, então fico muito feliz de trazer ela aqui hoje depois de todo esse tempo”, afirmou. 
 
Na Escola Arte de Crescer, no Bairro Gutierrez, Região Oeste de BH, especializada em atender crianças de 0 a 3 anos, também foram seguidos protocolos rígidos de volta às aulas. Segundo a diretora, Mariana Maciel, 42 anos, no período da manhã receberam apenas quatro alunos para readaptação, enquanto à tarde vão chegar mais, tendo apenas seis para cada turno e, ao longo da semana, mais crianças vão retomando à nova rotina. 
 
Mariana Maciel, diretora da Escola Arte de Crescer (foto: Jair Amaral/EM/D.A Press)
 
“A expectativa é muito grande, estamos prontos há mais de 400 dias. Temos protocolos internos já criados, testados e aprovados. Também não tivemos nenhum caso de suspeita e nem de confirmação do novo coronavírus entre as crianças e essa também não é uma faixa etária mais arriscada para a doença”, disse.





Ela ressalta que em casa e afastada das atividades, a criança pode ter perdas irreversíveis. “É essencial esse retorno porque as crianças da educação infantil precisam da interação e socialização para aprender e desenvolver. E não só isso, estando afastada, elas também têm perda que são irreversíveis e falo isso como psicóloga, educadora e mãe. Atraso no desenvolvimento da linguagem, psicomotor, cognitivo, são algumas delas irreparáveis”, alerta. 
 
Tiago Muzel, 35 anos, é analista de requisitos e a esposa é inspetora da Orquestra Filarmônica de Minas Gerais. Eles têm um filho de 7 meses, o Thomaz, que estuda na Arte de Crescer. O pai conta que a escola é um apoio para os dois poderem trabalhar enquanto o ele está aprendendo coisas novas.

Tiago Muzel, 35 anos, pai do Thomaz, de 7 meses (foto: Jair Amaral/EM/D.A Press)
“Para mim e minha esposa é excelente porque conseguimos trabalhar. Enquanto esteve fechado, a gente foi para a casa dos avós, que ajudaram a cuidar dele”, disse. Para ele, não deveria ter fechado por tanto tempo. “Estou super tranquilo com essa pandemia, acho que não precisava ter fechado tudo. Foi uma coisa sem necessidade, apesar dos leitos estarem ocupados, mas não acho que fechando a cidade vai mudar a situação”, opinou. 




 
Sara Alves, de 37, é professora há 10 anos e relata que estava contando os dias para a volta. “A expectativa é grande, a gente tá muito feliz de receber novamente as crianças depois de mais de um ano sem aula. Sem dúvidas, as crianças são as mais prejudicadas nesse processo, sem interação. Então a gente espera poder ajudar nesse retorno de forma segura para que eles sejam beneficiados”, comemorou.
 
Sara Alves, de 37, professora da Escola Arte de Crescer (foto: Jair Amaral/EM/D.A Press)
 
Ela conta que, ao longo de 2020, enfrentou muita dificuldade com o ensino à distância. “É muito difícil você prender uma criança dessa idade na frente de uma tela, então foi um desafio passar por essa experiência. Por isso, esse ano, a gente decidiu não atender o ensino remoto e esperaria o retorno presencial”, disse.

Sara espera que os professores sejam os próximos a receberem a vacina no grupo de prioridade. “Professor deveria lutar por prioridade dessa vacina, principalmente agora com a volta presencial. Então a expectativa de receber as duas doses está enorme e estou doida pra vacinar”, conta.   
 
Enquanto isso, nas escolas municipais, nesta segunda-feira (26/4) professores e servidores administrativos da rede pública foram convocados pela prefeitura para retorno presencial, ainda para atividades internas. A volta às aulas está prevista para 3 de maio.




 

Segundo o Sindicato das Escolas Particulares de Minas Gerais (SINEP-MG), a estimativa é de que pelo menos 80% das escolas de ensino infantil retomaram as aulas presenciais nesta segunda-feira (26/4) em Belo Horizonte. Eles informaram que não existe um quantitativo correto de quantas são ao certo e nem de quantos alunos foram às escolas ou quantos ficaram em casa porque não há uma base de dados integrada. 

 

Preparação desde o ano passado 

 

 

Alunos retomaram as atividades no Coleguium respeitando a demarcação em cada turma (foto: Divulgação/ Coleguium Rede de Ensino)
No Coleguium Rede de Ensino o retorno estava preparado desde o ano passado. Segundo a diretora geral, Daniele Passagli: “Estamos nos preparando para esse retorno desde o ano passado. Quando paramos, pensamos ‘vai ser só duas semanas’ e depois vimos que a volta seria muito mais delicada que imaginávamos. Então, começamos a observar as escolas internacionais e adotar as medidas para as nossas unidades”.

 

Para a educação infantil, Daniele acredita que o modo presencial é indispensável: “Na educação básica, o mundo presencial é necessário. No fundamental e médio é mais fácil, mas os menores sentem mais dificuldade com ensino remoto. Começamos a alterar os espaços desde cedo, para voltarmos assim que fosse liberado. Mas tudo com muito cuidado, queremos a comunidade confortável com esse retorno”, diz a diretora.





 

Na rede de ensino, a liberação para volta às aulas foi motivo de muita alegria. Os pais, professores e todos da comunidade escolar estavam satisfeitos em voltar ao ambiente e respeitaram as medidas de segurança neste primeiro dia, conta Daniele: “Fiquei até surpresa. A comunidade de pais foi muito respeitosa com o momento, nossos colaboradores também. Respeitaram à risca todos os protocolos, além da decisão de não permitir a entrada dos pais nas unidades”.

 

“Todos estavam muito felizes e crianças saltitantes! Foi muito legal o tanto que elas também entenderam os protocolos. Temos que policiar mais, porém eles aprendem rápido. Se comportaram muito bem, respeitaram os momentos de divisão nas atividades de cada grupo”, completa.

 

No Coleguium, desde a entrada, à permanência e saída dos alunos e profissionais, é controlada. De acordo com a diretora, foram feitas demarcações de distanciamento, para evitar aglomerações, dividiram as portarias para separar fluxos e foi feita a inclusão de medição de temperatura em cada uma, além de tapete sanitizante para os pés.





 

Os pais não podem entrar nas dependências da escola, apenas estudantes e profissionais, que, inclusive, devem vestir os uniformes dentro do colégio. “As salas foram todas demarcadas de acordo com os protocolos da PBH. Todos os professores e auxiliares de classe estão usando jaleco. Os outros funcionários chegam, trocam de roupa e colocam o uniforme, já que não devem usar roupas do transporte dentro da escola”, conta a diretora.

 

Além dessas medidas, o uso de máscara que cobre a boca e nariz é obrigatório para todos, incluindo alunos acima dos 2 anos. Para os colaboradores que lidam diretamente com as crianças, também foi estipulado o uso da máscara de acrílico, que cobre todo o rosto.

 

Para reabrir nesta segunda (26/4), diferentemente de tantas outras escolas particulares, a rede de ensino realizou uma pesquisa com os pais da educação infantil na semana passada, quando a Prefeitura de BH anunciou a retomada.



“Perguntamos quais pais queriam voltar, porque é tudo muito delicado. Existe a opção de ficar no virtual, mas precisávamos entender quantos alunos iriam voltar e saber quais as adaptações precisávamos fazer nas escolas. Na segunda-feira, já liberamos uma pesquisa para os pais e 65% falaram que iam voltar imediatamente, 33% iam aguardar um pouco, mas pretendem retomar em breve. Os outros 2% vão ficar no remoto e não tem intenção de voltar”, conta Daniele.

 

São cerca de 500 alunos na educação infantil do colégio, que tem 12 unidades para crianças, em BH. Desses, 263 estiverem presentes no primeiro dia de aula, após um ano em casa. Apesar do longo período paralisados, há esperança de um retorno com todos os alunos dentro das salas: “A escola está refém de um processo que é muito mais amplo. Nossa sociedade precisa de cuidar da forma correta, sem aglomerações. Se a comunidade seguir assim, nós das escolas vamos ter sucesso”, diz a diretora.

 

“Esse sucesso vai ser a liberação dos próximos segmentos e será legal para as crianças irem acostumando com a realidade. A expectativa é que em maio, alunos do 1º ao 3º ano fundamental possam voltar. Quem sabe até o meio do ano não temos todos de volta? Mas com bastante cuidado, claro”, finaliza Daniele. 




 
*Estagiária sob supervisão da editora-assistente Vera Schmitz
 

O que é um lockdown?

Saiba como funciona essa medida extrema, as diferenças entre quarentena, distanciamento social e lockdown, e porque as medidas de restrição de circulação de pessoas adotadas no Brasil não podem ser chamadas de lockdown.



Vacinas contra COVID-19 usadas no Brasil

  • Oxford/Astrazeneca

Produzida pelo grupo britânico AstraZeneca, em parceria com a Universidade de Oxford, a vacina recebeu registro definitivo para uso no Brasil pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). No país ela é produzida pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).

  • CoronaVac/Butantan

Em 17 de janeiro, a vacina desenvolvida pela farmacêutica chinesa Sinovac, em parceria com o Instituto Butantan no Brasil, recebeu a liberação de uso emergencial pela Anvisa.





  • Janssen

A Anvisa aprovou por unanimidade o uso emergencial no Brasil da vacina da Janssen, subsidiária da Johnson & Johnson, contra a COVID-19. Trata-se do único no mercado que garante a proteção em uma só dose, o que pode acelerar a imunização. A Santa Casa de Belo Horizonte participou dos testes na fase 3 da vacina da Janssen.

  • Pfizer

A vacina da Pfizer foi rejeitada pelo Ministério da Saúde em 2020 e ironizada pelo presidente Jair Bolsonaro, mas foi a primeira a receber autorização para uso amplo pela Anvisa, em 23/02.

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Como funciona o 'passaporte de vacinação'?

Os chamados passaportes de vacinação contra COVID-19 já estão em funcionamento em algumas regiões do mundo e em estudo em vários países. Sistema de controel tem como objetivo garantir trânsito de pessoas imunizadas e fomentar turismo e economia. Especialistas dizem que os passaportes de vacinação impõem desafios éticos e científicos.





Quais os sintomas do coronavírus?

Confira os principais sintomas das pessoas infectadas pela COVID-19:

  • Febre
  • Tosse
  • Falta de ar e dificuldade para respirar
  • Problemas gástricos
  • Diarreia

Em casos graves, as vítimas apresentam

  • Pneumonia
  • Síndrome respiratória aguda severa
  • Insuficiência renal

Os tipos de sintomas para COVID-19 aumentam a cada semana conforme os pesquisadores avançam na identificação do comportamento do vírus.

 

 

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Mitos e verdades sobre o vírus

Nas redes sociais, a propagação da COVID-19 espalhou também boatos sobre como o vírus Sars-CoV-2 é transmitido. E outras dúvidas foram surgindo: O álcool em gel é capaz de matar o vírus? O coronavírus é letal em um nível preocupante? Uma pessoa infectada pode contaminar várias outras? A epidemia vai matar milhares de brasileiros, pois o SUS não teria condições de atender a todos? Fizemos uma reportagem com um médico especialista em infectologia e ele explica todos os mitos e verdades sobre o coronavírus.

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