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Estado de Minas COVID-19

Prefeito de Montes Claros cita Milão: "Em vez de faltar comida, faltou caixão"

Humberto Souto criticou as manifestações que pedem a reabertura do comércio na cidade


postado em 30/03/2020 13:53 / atualizado em 30/03/2020 16:46

Em Montes Claros, prefeitura determinou que apenas os comércios essenciais continuem funcionando.(foto: Luiz Ribeiro/EM/D. A Press)
Em Montes Claros, prefeitura determinou que apenas os comércios essenciais continuem funcionando. (foto: Luiz Ribeiro/EM/D. A Press)
Em vez de faltar comida, faltou caixão”. A frase foi usada pelo prefeito de Montes Claros (404 mil habitantes, Norte de Minas), Humberto Souto (Cidadania), em vídeo, ao lembrar o que ocorreu em Milão (Itália), devido à falta de medidas de isolamento social contra o coronavírus. Ele gravou um vídeo em dura reação a comerciantes locais de produtos não essenciais, que, na sexta-feira (27), fizeram carreata pelas ruas da cidade contra o fechamento dos seus estabelecimentos. A cidade ainda não teve nenhum caso confirmado da doença. 


Também na sexta-feira, logo após a carreata dos comerciantes, Humberto Souto assinou um decreto que permite ao comércio de produtos não essenciais fazer vendas a partir de pedidos por telefone e pela internet. A assinatura do decreto foi interpretada como uma sinalização de que Souto estava disposto a atender ao apelo dos manifestantes para retorno gradual de suas atividades.

O que reforçou esse pensamento foi o fato de, no mesmo decreto, a prefeitura determinar que os estabelecimentos do comércio não essencial devem montar plano de funcionamento emergencial, a ser implantado a qualquer tempo”, sem especificar data. De acordo com o documento, o “plano” a ser montado pelos lojistas deve conter várias medidas para a proteção dos consumidores dos grupos de risco, como pessoas acima de 60 anos e portadores de doenças crônicas como diabetes, cardiopatias e problemas respiratórios. 

 

Entretanto, o prefeito deixou claro que não pretende “afrouxar” as medidas do isolamento social. Na gravação, que circula em grupos de WhatsApp na cidade, ele afirma também que participantes da carreata “estão misturados com alguns politicóides” (politiqueiros), que estariam tirando proveito da situação para tentar desgastar sua imagem.

Souto lembrou que a manifestação não teve participação de trabalhadores da indústria, farmácias, açougues, construção civil, casas de peças e oficinas mecânicas, “pois todos esses setores estão funcionando”. De acordo com ele, a manifestação partiu de um grupo interessado em pressioná-lo a eliminar o isolamento social.

“Vejo pressão sobre o prefeito. De que (quem)? (De) Determinados tipos de empresários – ou pequenos empresários, misturados com alguns politicóides que estão se aproveitando dessa situação para tentar desgastar o prefeito, o que é uma tolice. O prefeito não tem nenhum interesse de ficar desgastado ou não ficar desgastado. Prefeito tem interesse de cumprir o seu dever e ajudar a cidade, ajudar população”, assegurou Souto, de 85 anos e que tem evitado aglomerações.

Na sequência, ele lembrou das consequências catastróficas sofridas por localidades que não adotaram o isolamento social. “Ora, se nós sabemos que em outros lugares, em outros países, milhares de pessoas morreram porque você (o gestor) não tomou as providências (devidas), ao invés de faltar comida, faltou caixão, como em Milão, por exemplo, na Itália. Então, o que prefeito tem que fazer? Resistir a essas pressões... A população está preocupada com (a possibilidade de) o prefeito abrir demais e fazer com que a doença dissemine e mate milhares de pessoas em Montes Claros”, relatou.

"Podem ficar tranquilos. O prefeito é equilibrado. Vai seguir a orientação nacional, vai seguir a orientação dos poderes. Nós vamos olhar. Vamos raciocinar e vamos pensar. Vamos dialogar e vamos trocar ideias em todos os atos que tenhamos que fazer. Nós temos que ter consciência para poder defender a população como um todo”, disse Humberto Souto.

A Prefeitura de Montes Claros mantém a campanha voltada para o isolamento social, com a afixação de faixas em diferentes pontos da cidade com a recomendação: “Fique em casa”. Também é realizada a fiscalização no comércio local em relação ao cumprimento das medidas contra o coronavírus. Na manhã desta segunda-feira, quatro lojas do ramo de autopeças foram fechadas no município, tendo em vista que estão autorizadas somente a realizar vendas pela internet e por telefone.

Pedido da CDL

A carreata de sexta-feira não foi liderada por nenhuma entidade. Por outro lado, o presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas de Montes Claros (CDL-Montes Claros), Ernandes Ferreira da Silva, encaminhou comunicado aos associados da instituição informando que, naquele mesmo dia, teve reunião com o comitê de gerenciamento da crise do coronavírus na cidade.

“Apresentei a eles todas as dificuldades vividas pelo nosso setor, neste momento de fechamento dos nossos negócios. Falei do sentimento da classe e da necessidade de medidas concretas do poder público com as empresas e os empregos”, informou Ernandes, acrescentando que ouviu do comitê “a grande preocupação do município com a saúde da população e os riscos de contaminação do coronavírus, com o monitoramento do número de casos suspeitos na cidade e o esforço do município para não termos uma gravidade de casos como em cidades que não adotaram medidas de isolamento".


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