Risco de temporais em MG a partir deste sábado mobiliza até órgãos federais
BH, que já tem o fevereiro mais chuvoso desde 1978, entra no fim de semana em estado de atenção devido a chuvas. Estado está na rota de mais temporais, adverte Defesa Civil nacional
postado em 29/02/2020 06:00 / atualizado em 29/02/2020 10:31
Depois de uma sexta-feira de céu nublado, capital tem previsão de temporais até o início da semana
(foto: Túlio Santos/Em/D.A Press )
Depois de enfrentar o janeiro com mais precipitações em sua história, situação que resultou em 13 mortes e inúmeros danos pela cidade, a chuva em Belo Horizonte segue batendo marcas históricas. Mesmo antes de acabar, o atual mês de fevereiro já é o mais chuvoso dos últimos 41 anos na cidade. De acordo com o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), a capital mineira já registrou 366,8 milímetros de precipitação, a oitava maior marca da história do município e a maior desde o mesmo mês de 1978, quando o Inmet registrou 487,3 milímetros de pluviosidade. E os números devem aumentar hoje, último dia do mês, quando começam a vigorar alertas de risco de tempestade para todo o estado, e também de risco geológico para a capital, emitidos por organismos de Defesa Civil local e nacional.
Minas Gerais começa o fim de semana também na rota de temporais, que tendem a atingir principalmente as porções leste e sudeste do estado. Ontem, órgãos do governo federal e órgãos de Defesa Civil do Sudeste se reuniram por videoconferência para traçar um planejamento diante da possibilidade de chuvas intensas nos quatro estados da região até quarta-feira. A ação integra um procedimento adotado pela Defesa Civil Nacional para alinhar estratégias e divulgar informações, previsões e alertas. A previsão dos órgãos aponta para a possibilidade de desastres naturais como enchentes, enxurradas, alagamentos e deslizamentos de terra. O detalhamento das áreas mais sujeitas a temporais será feito por atualização meteorológica sempre que necessário, segundo autoridades federais.
O alerta conjunto foi emitido pelo Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), pelo Serviço Geológico Brasileiro, pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), pelo Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) e pelo Centro Nacional de Gerenciamento de Riscos e Desastres (Cenad). Esse último órgão trabalha inclusive em “estágio de atenção”, devido à grande quantidade de chuvas que atinge o Sudeste do país. Com isso, o Cenad articula com o governo federal eventuais ações de preparação a possíveis ocorrências de desastres naturais.
Já a Defesa Civil de Belo Horizonte prevê pancadas de chuva com trovoadas ao menos até segunda-feira. A situação forçou o órgão a expedir um alerta de risco geológico para a capital. A ameaça de deslizamentos, já se tornou realidade durante o temporal entre a noite de quinta e a madrugada de sexta-feira. No Bairro Nova Cintra, na Região Oeste da cidade, uma casa foi danificada após ser atingida por um barranco, na madrugada de ontem.
O deslizamento deixou quatro feridos na Rua Carmo da Cachoeira, 290, onde um barranco desceu e levou parte de uma casa. Segundo o Corpo de Bombeiros, o imóvel fica próximo a uma linha férrea e o talude que escorregou cobriu as entradas. Os moradores conseguiram sair antes do desabamento. Duas pessoas foram socorridas pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) e levadas para o Hospital Odilon Behrens. As outras duas foram atendidas por bombeiros. Informações sobre o estado de saúde delas não foram divulgadas. Conforme os militares, a família deve ir para casa de parentes.
No Bairro Nova Cintra, barranco cedeu e destruiu parte de uma casa, deixando quatro feridos (foto: Paulo Filgueiras/Em/D.A Press )
MUITA CHUVA
A média histórica prevista pelo Inmet para a capital em fevereiro é de 181,4 milímetros de chuvas. Ou seja, o volume de 366,8mm registrado até ontem já é mais que o dobro normalmente esperado para o mês. Ainda assim, BH não é a cidade que mais registrou precipitação no período em Minas Gerais. Segundo o instituto meteorológico, São João del-Rei, na Região Central do estado, é o município com maior índice pluviométrico: 583,6mm, taxa que quase triplica a média da cidade no período, que é de 201mm. A cidade histórica chegou inclusive a decretar situação de emergência, por causa dos danos provocados pelas precipitações neste ano.
Considerando o ano de 2020 como um todo, a cidade em que mais choveu em Minas Gerais foi justamente sua capital: 1.312,6 milímetros registrados na estação meteorológica de Cercadinho, localizada no Oeste de BH, justamente a que mais recebeu água em fevereiro. No extremo oposto está Almenara, no Vale do Jequitinhonha, onde o Inmet registrou apenas 112,4mm de chuva.
A chegada de mais chuva a Belo Horizonte aumenta o encharcamento do solo e potencializa o risco geológico na cidade. De acordo com a Defesa Civil de BH, o risco de quedas de muros, deslizamentos e desabamentos persiste ao menos até terça-feira. Por esse motivo, moradores devem redobrar a atenção com sinais de risco. Entre as recomendações estão a instalação de calhas, conserto de vazamentos, evitar jogar lixo sobre encostas e não despejar esgoto em barrancos. Além, é claro, de observar os sinais de movimentação de solo, como trincas em paredes e muros, fendas, poças d'água e rachaduras.
ZONA DA MATA
Alagamentos e enchentes já atingiram Muriaé, na Zona da Mata, agravando o quadro no município, já em situação de emergência por causa das chuvas. De acordo com o Corpo de Bombeiros da região, foram registrados aproximadamente 100 milímetros de precipitação no município ontem, o que causou danos em vários pontos da cidade. No fim de semana, mais temporais devem ocorrer na região, com pancadas de chuva principalmente no período da tarde.
De acordo com a Defesa Civil de Minas Gerais e o Instituto Mineiro de Gestão das Águas (Igam), o Rio Muriaé saiu da calha e deixou várias pessoas desalojadas. Houve deslizamento de barreira na estrada que liga o Centro da cidade ao distrito de Vermelho na noite de quinta-feira. Segundo os bombeiros, ainda existe risco de deslizamentos no local. Apesar dos danos, nenhuma pessoa está desaparecida ou ferida na cidade.
PREVISÃO DO TEMPO
O Inmet prevê mais chuva hoje em oito regiões do estado. Segundo o instituto, a pancadas de chuva com trovoadas devem ocorrer na Grande BH, no Vale do Rio Doce, no Triângulo Mineiro, no Alto Paranaíba e nas regiões Noroeste, Central, Centro-Oeste e Zona da Mata. Nas demais áreas, deve haver precipitação isolada. A temperatura máxima prevista para Minas é de 34°C e a mínima, de 13°C. A umidade relativa do ar deve variar entre 45% e 100%. Em Belo Horizonte, além das pancadas de chuva e dos trovões, o Inmet estima que os termômetros devem marcar entre 18°C e 25°C. Já a umidade relativa do ar terá mínima de 80% e máxima de 100%.
* Estagiária sob supervisão do editor Roney Garcia
AGUACEIRO
Os oito meses de fevereiro mais chuvosos da história de Belo Horizonte