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Estado de Minas

Padre manda derrubar igreja e revolta moradores em Minas

Caso aconteceu em Dom Bosco, na Região Noroeste do estado. Padre justificou que a cidade precisa de um templo maior para receber as celebrações


postado em 28/10/2019 22:37

Prefeitura chegou a discutir tombamento histórico do templo(foto: Márcio Lourenço/Divulgação)
Prefeitura chegou a discutir tombamento histórico do templo (foto: Márcio Lourenço/Divulgação)

 

A demolição de uma igreja construída há mais de meio século, e que estava em processo de tombamento, provocou revolta entre os moradores da pequena cidade de Dom Bosco, de 3,8 mil habitantes, no Noroeste do estado.


A derrubada da Matriz de São João Bosco, ocorrida no último fim de semana, foi ordenada pelo pároco da cidade, padre Roni da Silva. Ele alegou que a intenção é construir um templo mais espaçoso no mesmo local.


A argumentação não foi aceita pelos moradores. Indignados alguns chegaram a jogar pedra na casa paroquial, onde Roni da Silva mora, atrás da igreja demolida com o uso de uma máquina retroescavadeira.


A Polícia Militar teve que ser chamada para acalmar os ânimos. O protesto foi registrado em vídeo, feito pelos próprios moradores.

 

“Junto com a igreja foi destruída uma história”, afirma a diretora do departamento municipal de Cultura de Dom Bosco, Nely de Fátima Souza. Ela lembra que antigos moradores não resistiram e choraram ao assistirem à retroescavadeira jogar no chão a estrutura da construção que eles ajudaram a erguer.


Outros se emocionaram porque foram batizados na Igreja de São João Dom Bosco.

 

Diocese e o padre responsável pelo desabamento foram procurados, mas não se posicionaram (foto: Márcio Lourenço/Divulgação)
Diocese e o padre responsável pelo desabamento foram procurados, mas não se posicionaram (foto: Márcio Lourenço/Divulgação)
 


“A demolição da igreja feriu o sentimento de muitas pessoas na cidade”, reclama uma moradora de Dom Bosco, que preferiu não se identificar. Ela lembrou que o templo passou por uma reforma recente.


A diretora do departamento municipal de Cultura disse que o Conselho Municipal do Patrimônio Histórico de Dom Bosco, reunido no dia 18 de outubro, listou os “bens com relevância para o patrimônio cultural do município”.


Conforme Nely Souza, na mesma reunião, os conselheiros definiram pelo início do processo de tombamento da Igreja de São João Bosco e de outros dois bens históricos situados na zona rural do município: uma capela na comunidade de Sapato e uma ponte de madeira (que não é mais usada), localizada numa antiga estrada, que liga Dom Bosco ao vizinho município de Brasilândia de Minas. A capela e a ponte forma construídas há mais de 60 anos.


Nely Souza informou que foi iniciado o processo de tombamento da Igreja de São João Bosco, com o levantamento do inventário. O tombamento pelo município seria agilizado nesta semana.


Porém, no último sábado (26), a prefeitura local foi “surpreendida” com a demolição do templo, a mando do sacerdote da cidade.
Questionada, a diretora de Cultura do município disse que não sabe se o padre agiu intencionalmente e ordenou a derrubada da igreja antes que o bem fosse tombado.


“Pessoalmente, acho que ele (o padre) deveria ter seguido as orientações do Conselho Municipal do Patrimônio Cultural, visando à preservação da igreja”, afirmou Nely. Lembrou ainda que, após a decisão do Conselho Municipal pelo tombamento, a Igreja seria notificada, tendo prazo para se manifestar a respeito do assunto.


Nely Souza disse que o Conselho do Patrimônio Cultural ainda vai se reunir para discutir sobre a demolição da igreja construída há mais de 50 anos e avaliará quais as providências deverão ser adotadas.


A reportagem tentou, mas não conseguiu contatos com a Diocese de Paracatu (responsável por Dom Bosco) e com o padre da cidade para ouvir suas versões.



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