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Por que a epidemia de dengue pode levar a subnotificação do sarampo

Disparada da doença transmitida pelo Aedes aegypti que levou Prefeitura de BH a deflagrar nova fase de protocolo de crise tem risco associado: avanço da ameaça do sarampo, com sintomas parecidos, complica diagnósticos


postado em 23/04/2019 06:00 / atualizado em 24/04/2019 19:40

A escalada da dengue a cada boletim divulgado pela Secretaria de Estado de Saúde em Minas Gerais traz este ano um alerta duplicado entre as autoridades sanitárias: a epidemia coincide com o avanço da ameaça do vírus do sarampo, o que pode dificultar os diagnósticos das doenças, que têm alguns dos sintomas parecidos.

Preocupação em um quadro que mostra 140.754 casos prováveis da dengue – soma dos diagnósticos suspeitos e confirmados – no estado apenas neste ano. O número equivale à média de 1.268 diagnósticos do tipo a cada dia. Belo Horizonte é uma das cidades em que é maior a preocupação. Na capital, a taxa de incidência da virose deu um salto em relação ao último boletim: passou de 634,28 a cada grupo de 100 mil habitantes para 817,8/100 mil em uma semana, índice classificado na categoria muito alta.

Abertura de unidade de hidratação aumentou procura na UPA Centro-Sul, mas atendimento só ocorre por encaminhamento médico(foto: Fotos: Marcos Vieira/EM/D.A PRESS)
Abertura de unidade de hidratação aumentou procura na UPA Centro-Sul, mas atendimento só ocorre por encaminhamento médico (foto: Fotos: Marcos Vieira/EM/D.A PRESS)


O quadro fez com que a Prefeitura de Belo Horizonte inaugurasse, na noite de ontem, uma unidade onde pacientes em estado mais crítico recebem hidratação venosa. O serviço, nova fase do protocolo de crise seguido pelo município, está disponível na UPA Centro-Sul, no Bairro Santa Efigênia. Já no primeiro dia de funcionamento, tinha 21 dos 25 leitos ocupados. O Executivo municipal estuda a abertura de outras três estações semelhantes, no Hospital Metropolitano Doutor Célio de Castro (Barreiro) e nas UPAs Venda Nova e Odilon Behrens, esta última na Região Noroeste.

O quadro crítico força a prefeitura a adotar outras medidas emergenciais. Segundo o gerente de Urgência e Emergência da Secretaria Municipal de Saúde, Alex Sander Sena, a PBH avalia também a abertura de mais centros de saúde aos sábados. No último fim de semana, quatro unidades funcionaram nas regiões Nordeste, Venda Nova, Barreiro e Pampulha. Agora, a pasta pode adicionar um dia no expediente de mais dois postos: um na Região Oeste e um extra no Barreiro. “Tivemos um grande aumento de demanda em várias regiões. A cada 24 horas, nossa equipe se encontra e avalia quais as melhores estratégias”, disse o gestor.

Apesar dos esforços, a epidemia mantém UPAs e centros de saúde lotados. Ao saber da inauguração da nova unidade de hidratação na Região Centro-Sul, vários pacientes, inclusive de outras cidades, procuraram a UPA da Área Hospitalar da capital. Moradora do Bairro Lagoinha, em Venda Nova, Katiene Miranda Costa foi para lá quando soube do centro de emergência instalado pela prefeitura. “O que mais me causou preocupação é que tive sangramento nasal. Eu tinha ido à UPA de Venda Nova e demorei 10 horas para ser atendida. Hoje, vim achando que estaria mais vazio, mas a situação está caótica também”, disse.
Unidade de reposição volêmica tem 25 leitos exclusivos para hidratação de pacientes com dengue(foto: Fotos: Marcos Vieira/EM/D.A PRESS)
Unidade de reposição volêmica tem 25 leitos exclusivos para hidratação de pacientes com dengue (foto: Fotos: Marcos Vieira/EM/D.A PRESS)


De acordo com Alex Sander Sena, o volume de pessoas em busca de tratamento nos equipamentos de saúde é um desafio, principalmente em razão dos casos de doenças respiratórias, que se somam aos quadros de dengue. “Foi só haver a divulgação (da abertura da Unidade de Reposição Volêmica) que tivemos um grande afluxo de pacientes do interior. Recebemos gente de Betim, Contagem, Sabará e Santa Luzia, por exemplo”, ressaltou. Apesar da demanda, o gerente destacou que os doentes só serão encaminhados ao espaço de urgência depois de triagem e indicação dos médicos da Prefeitura de BH.

A medida da prefeitura acompanha a elevação dos números da dengue detalhados no boletim divulgado pelo governo do estado ontem. Nele, o número de óbitos confirmados por dengue permanece em 14: seis em Betim (Grande BH), dois em Uberlândia (Triângulo), dois em Unaí (Noroeste), um em Arcos (Região Centro-Oeste), Paracatu (Noroeste), Frutal (Triângulo) e em Ibirité (Grande BH). Contudo, outros 57 estão sob investigação, o que pode elevar a quantidade de vidas perdidas para 71. Para efeito de comparação, Em todo o ano passado, o governo do estado computou 12 mortes de confirmadas pela vírus e 29.369 casos prováveis da doença.

Em número de casos prováveis, na comparação com o balanço da semana passada houve registro de mais 19.055 pacientes, aumento de 15,6%. Na avaliação do governo do estado, 2019 tem traços de anos epidêmicos, mas com números inferiores aos anos críticos anteriores, como 2016, quando o estado enfrentou o pior quadro, com cerca de 520 mil casos confirmados da doença.

Capital pode confirmar dois casos de sarampo

 

Em meio à disparada dos casos de sarampo em todo o mundo, com aumento de 300% nos primeiros três meses do ano, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), e com países em surto, a capital pode confirmar os primeiros registros da virose. Exames complementares estão sendo feitos em três pacientes – dois de Belo Horizonte e também um de Contagem, na Grande BH – que tiveram positividade para a doença apontada em teste preliminar. As notificações suspeitas quase dobraram em território mineiro em 18 dias, saltando de 36 para 67 registros. Autoridades de saúde alertam para subnotificações da doença, que é altamente contagiosa, devido à epidemia de dengue no estado, já que os sintomas são parecidos nos dois casos.

Boletim divulgado ontem pela Secretaria de Estado de Saúde mostra que, das 67 suspeitas notificadas, 30 foram descartadas, 36 estão sendo investigados e um foi confirmado, embora tratado como importado, pois o paciente, um italiano, de 29 anos, que morava em Betim, na Grande BH, teria contraído a doença na Europa. Os registros aconteceram em 31 municípios mineiros.

Nos três pacientes com resultado preliminar positivo para o sarampo, todos já estão curados. Novos exames devem ser realizados para confirmar o diagnóstico, procedimento que pode levar até três meses. “Eles são considerados suspeitos até que o resultado do tipo de vírus e genótipo sejam liberados”, acrescentou a Secretaria de Estado da Saúde. Os últimos casos autóctones – quando a doença é transmitida dentro do próprio território – ocorreram em 1997 em Minas, quando houve nove casos. Em 2011, um caso importado da doença foi registrado, de um paciente que se contaminou na França. Em 2013, dois irmãos contraíram sarampo em uma viagem à Flórida, nos Estados Unidos.

O sarampo preocupa por causa do seu alto potencial de contágio. A transmissão pode ocorrer de uma pessoa a outra, por meio de secreções expelidas ao tossir, falar, espirrar, na respiração e inclusive por dispersão de gotículas no ar, em ambientes fechados.

Os principais sintomas são manchas avermelhadas em todo o corpo, febre alta, congestão nasal, tosse e olhos irritados. Pode ainda causar complicações graves, como encefalite, diarreia intensa, infecções de ouvido, pneumonia e até cegueira, sobretudo em crianças com problemas de nutrição e pacientes imunodeprimidos.

Alerta
A SES recomendou aos municípios que façam busca ativa de casos subnotificados. “É recomendável àqueles municípios silenciosos (sem notificações) por oito semanas epidemiológicas consecutivas ou dezesseis alternadas que realizem a busca ativa retrospectiva de casos junto aos serviços de saúde locais. Se identificada a subnotificação de algum caso, que sejam promovidas ações de controle (vacina e atualização do cartão de vacinação) e orientação aos profissionais de saúde”, informou a pasta.

“O desconhecimento da ocorrência de casos suspeitos coloca o estado em risco perante a forte possibilidade de reintrodução da doença, uma vez que manifestações clínicas como exantema associados ou não a febre, tosse, coriza e dores articulares são comuns em atendimentos corriqueiros vivenciados nos serviços de saúde”, explicou. A epidemia de dengue em Minas Gerais “exige dos profissionais de saúde maior atenção para detecção dos casos suspeitos de sarampo”, alertou a Saúde estadual.


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