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Estado de Minas

Operação em MG revela ações criminosas coordenadas dentro de presídios

Operação que visou alvos de facção em Minas e mais 13 estados cumpriu vários mandados contra pessoas que comandavam ações, apesar de presas. Onda de ataques atribuída ao mesmo grupo tem o 68º ônibus queimado


postado em 15/06/2018 06:00 / atualizado em 15/06/2018 07:18

Incêndio em Uberaba, cidade que teve a maior frequência de atentados(foto: Jairo Chagas/Jornal da Manhã - 4/6/18)
Incêndio em Uberaba, cidade que teve a maior frequência de atentados (foto: Jairo Chagas/Jornal da Manhã - 4/6/18)

Investigações policiais relacionadas à atuação de facção com braços em Minas e vários outros estados do Brasil – e até em outros países da América do Sul –, mostra que ações criminosas vêm sendo cada vez mais coordenadas de dentro de presídios. Na onda de ataques que Minas Gerais enfrenta desde 3 de junho, com pelo menos 68 ônibus incendiados em 41 cidades, em três casos foram deixados bilhetes com referência à situação do sistema prisional mineiro e também a um presídio do Rio Grande do Norte. Essas manifestações levam a Polícia Civil mineira a afirmar que a pressão exercida sobre os presos no estado seria a principal motivação para os ataques, que tiveram mais um episódio em Betim, na Grande BH. Outro indício que liga a criminalidade a cérebros encarcerados em instituições prisionais foi operação desencadeada ontem pela Polícia Civil de São Paulo, que foi à caça de 75 pessoas em Minas e em outros 13 estados, todas ligadas à mesma organização apontada como mandante dos atentados em território mineiro. Apesar de, segundo a polícia, a operação não ter relação direta com a recente onda de crimes, dos oito mandados de prisão expedidos ontem para o estado, seis dos alvos já estavam na cadeia.

Conforme a Polícia Civil mineira, ontem foram cumpridos 18 mandados, entre ordens de prisão e de busca e apreensão nas cidades de Poços de Caldas, Pouso Alegre, Guaxupé, Extrema, Passos, Itaú de Minas, Botelhos, Caxambu, Fortaleza de Minas (Sul do estado), Sacramento (Alto Paranaíba) e Divinópolis (Centro-Oeste). O delegado Bráulio Stivanin Júnior, que comanda o 18º Departamento da Civil em Poços de Caldas, informou que oito pessoas tiveram mandados de prisão cumpridos, mas apenas duas delas, em Caxambu e Guaxupé, estavam fora da cadeia. As outras seis já estavam presas. De acordo com o policial, isso é uma indicação da necessidade de apertar o controle sobre a comunicação externa dos presos. “Esse problema não se resolve apenas com bloqueador de celular. É um engano achar que cortar o celular vai resolver a questão. Ainda tem as visitas e outras situações”, alerta o policial.

Ainda segundo Stivanin, a investigação paulista que teve ontem cumprimento de mandados em Minas foi iniciada em Presidente Venceslau (SP). Informações de São Paulo dão conta de que foram encontrados manuscritos no complexo penitenciário de segurança máxima da cidade paulista que indicavam a presença de novos integrantes com função de liderança da facção criminosa. Eles teriam assumido caráter de maior destaque a partir do momento em que os principais chefes do grupo, que já estavam presos, foram para o Regime Disciplinar Diferenciado (RDD).

Essa modalidade de prisão tem o maior nível de restrição no sistema carcerário brasileiro. Conforme a Polícia Civil de São Paulo, os 75 alvos em 14 estados do Brasil ligados à facção criminosa promoviam vários crimes e por isso eles representam alvos a serem retirados de circulação. Segundo o delegado Marcos do Carmo, da Polícia Civil de São Paulo, os integrantes têm ligação com crimes que vão de roubo a banco a tráfico de drogas.

O delegado regional de Poços de Caldas, Gustavo Manzoli, destaca que a lei que estipula as punições para a formação de organização criminosa possibilita o cumprimento de prisões mesmo daqueles que já estão presos. “Isso evidentemente vai agregar à somatória das penas a que esses indivíduos estão condenados”, diz o policial. Bráulio Stivanin destacou ainda que a operação de ontem buscou também reunir mais provas que comprovem a participação dos alvos na respectiva organização criminosa. O trabalho foi batizado de Operação Echelon. 

"Esse problema não se resolve apenas com bloqueador de celular. É um engano achar que cortar o celular vai resolver a questão. Ainda tem as visitas e outras situações"

Bráulio Stivanin Júnior, delegado chefe do 18º Departamento da Civil em Poços de Caldas



OUTRO COLETIVO 
É INCENDIADO Enquanto cerca de 250 policiais civis de São Paulo e 70 agentes da corporação mineira se preparavam para buscar alvos da organização criminosa, bandidos atacaram outro ônibus, desta vez em Betim, na Grande BH, ainda no fim da noite de quarta-feira. Cinco criminosos encapuzados, pelo menos um deles armado, abordaram o motorista quando ele se preparava para encerrar as viagens da linha 415 (Granja Verde/Centro – Via Vila Cristina), no Bairro Capelinha.

De acordo com a PM, o homem foi obrigado a dirigir o coletivo até a Via Expressa e atravessar o veículo na pista, no sentido Belo Horizonte. Em seguida, um dos homens despejou combustível que armazenava em um galão e o ônibus foi incendiado. O fogo também atingiu um carro que estava estacionado em frente a uma borracharia, além de ter danificado a rede elétrica na região. O Corpo de Bombeiros foi acionado para conter as chamas e técnicos da Cemig estiveram no local para reconstituir a rede elétrica.

De acordo com a Polícia Civil, 93 pessoas foram detidas – entre prisões em flagrante e cumprimento de mandados expedidos pela Justiça – desde que os ataques começaram em Minas. Pelo menos 68 ônibus foram queimados e 41 cidades já tiveram ataques contra o patrimônio.


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