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Estado de Minas

Combate à pedofilia revela crimes espalhados pelo estado de Minas Gerais

Polícia cumpriu mandados em oito das 12 regiões de Minas. Apontado como responsável por fluxo de 750 mil arquivos de pornografia infantil, advogado é preso em Uberlândia em ação contra 68 endereços do crime no estado, onde pelo menos 20 foram detidos


postado em 18/05/2018 06:00 / atualizado em 18/05/2018 08:10

Delegados Carlos Capistrano (esquerda) e Matheus Cobucci, que avalia que esse tipo de crime está generalizado em Minas Gerais e também no Brasil(foto: Paulo Filgueiras/EM/D.A PRESS)
Delegados Carlos Capistrano (esquerda) e Matheus Cobucci, que avalia que esse tipo de crime está generalizado em Minas Gerais e também no Brasil (foto: Paulo Filgueiras/EM/D.A PRESS)

Armazenamento de pornografia infantil espalhado por oito das 12 regiões de Minas Gerais, 68 endereços mapeados desse tipo de crime no estado e o alvo número 1 entre 579 de todo o Brasil localizado e preso em território mineiro. Esse é o retrato revelado pela Operação Luz na Infância II, que ganhou o título de maior operação da história do país contra a pedofilia, foi desencadeada ontem em 24 estados do país e que prendeu em Uberlândia, no Triângulo Mineiro, um advogado de 26 anos.

Ele é responsável por um fluxo de 750 mil arquivos com pornografia infantil descoberto pelas autoridades e por isso se tornou a pessoa mais procurada da operação. O material arrecadado pelos policiais civis de 32 cidades mineiras impressionou os agentes, levando alguns a chorar ao telefone quando repassavam o resultado dos trabalhos para o coordenador mineiro da força-tarefa, delegado Matheus Cobucci. Pelo menos 20 pessoas foram presas em Belo Horizonte e no interior do estado, enquanto o número de detidos chegou a pelo menos 251 no Brasil. Os números superam em muito os resultados da primeira fase da operação desencadeada no ano passado. Na ocasião, Minas teve 14 alvos mapeados em BH e outras oito cidades, com nove presos ao fim dos trabalhos.


(foto: Arte/EM)
(foto: Arte/EM)
De acordo com o delegado Matheus Cobucci, que é coordenador de Operações Policiais da Superintendência de Investigações e Polícia Judiciária, o trabalho começou com uma demanda da Secretaria Nacional de Segurança Pública (Senasp), que identificou as 579 conexões, das quais 68 em Minas, com fluxo suspeito de arquivos de cunho pornográfico envolvendo crianças e adolescentes. A partir daí, a Polícia Civil iniciou as investigações para identificar as pessoas responsáveis por cada conexão e com isso foram descobertos 68 alvos em território mineiro. Eles estão distribuídos em 32 cidades, deixando de fora apenas os vales do Mucuri e Jequitinhonha e o Norte de Minas. Todas as outras nove regiões (veja quadro) tiveram cidades incluídas na operação. “Isso mostra que esse crime está generalizado em Minas e também no Brasil, já que a operação alcançou 24 estados e o Distrito Federal”, diz o delegado. Matheus Cobucci se refere ao crime descrito pelo artigo 241B do Estatuto da Criança e Adolescente, que penaliza o ato de armazenar cenas em fotos ou vídeos de pornografia envolvendo crianças e adolescentes.

Em um dos casos, a Senasp identificou download de 750 mil arquivos em uma única conexão, de responsabilidade de um advogado de 26 anos em Uberlândia, no Triângulo Mineiro. Filho de advogados e oriundo de uma família com poder aquisitivo considerável, ele foi preso em flagrante quando os investigadores flagraram exemplos de pornografia infantil no endereço em que foi cumprido o mandado de busca e operação. Como a pena máxima para esse crime é de 4 anos, a conduta cabe fiança e por isso o investigado pode responder ao inquérito em liberdade. Mas o próximo passo da investigação é tipificar as condutas de acordo com os materiais apreendidos, o que pode levar os agentes a tirarem outra conclusão. “Se ficar constatado que houve outros crimes, como produzir as imagens, os investigados também passam a responder por essa questão”, diz o delegado. Nesse caso, a pena máxima chega a oito anos e pode ocorrer um flagrante inafiançável.

Alvo número 1 da operação é advogado de 26 anos e foi preso em Uberlândia(foto: Polícia Civil/Divulgação)
Alvo número 1 da operação é advogado de 26 anos e foi preso em Uberlândia (foto: Polícia Civil/Divulgação)

Essa situação é plenamente possível, segundo o delegado, principalmente nos casos em que foram identificadas pessoas com filhos pequenos no momento do cumprimento do mandado de busca. “Isso nos preocupa demais”, diz o delegado. Entre os presos estão servidores públicos, pessoas com curso superior e também pessoas que admitiram facilmente a posse de material pornográfico, inclusive levando os investigadores rapidamente até os arquivos. Porém, houve casos também em que os investigados tentaram dificultar o acesso. Um preso em Ipatinga, no Vale do Rio Doce, usava um software que apagava os arquivos, mas os investigadores conseguiram recuperar o material. Em outro caso, o investigado tentou apagar os dados no momento em que a Polícia Civil bateu em sua porta. Mais de 200 dispositivos eletrônicos foram arrecadados, contendo material que chocou até mesmo quem está acostumado às situações mais adversas. “Eu recebi ligações de policiais emocionados, chorando, porque não acreditavam naquilo que estavam vendo”, acrescenta Matheus Cobucci.

Entre os presos também há um caso de reincidência, já que um homem de 33 anos, morador do Bairro Boa Vista, Leste de Belo Horizonte, foi um dos alvos e já tinha sido condenado por armazenar pornografia infantil. Ele foi levado para a Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente, no Bairro Carlos Prates, Noroeste de BH, mas não quis dar entrevista. Fontes da Polícia Civil também informaram o cumprimento de mandados nos bairros Sion (Centro-Sul) e Letícia (venda Nova), em BH, e no Bairro Nacional, em Contagem.

Investigadores fazem varredura em arquivos apreendidos(foto: Polícia Civil/Divulgação)
Investigadores fazem varredura em arquivos apreendidos (foto: Polícia Civil/Divulgação)


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