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Estado de Minas

Boneca da filha de um dos pioneiros de Belo Horizonte é exposta em museu

Brinquedo do século 19 é atração na exposição Belo Horizonte 120 anos: Primeiros registros, no Museu Mineiro


postado em 22/12/2017 06:00 / atualizado em 22/12/2017 08:42

De biscuit, fabricada na Alemanha, boneca pertencia a Alice, uma das filhas de Antero Adolpho da Silveira, integrante da Comissão Construtora de BH(foto: Juarez Rodrigues/EM/DA Press)
De biscuit, fabricada na Alemanha, boneca pertencia a Alice, uma das filhas de Antero Adolpho da Silveira, integrante da Comissão Construtora de BH (foto: Juarez Rodrigues/EM/DA Press)
Uma bonequinha do século 19 roubou a cena no Museu Mineiro, no Circuito Cultural Praça da Liberdade, Região Centro-Sul da capital. A peça de biscuit, de fabricação alemã, com 18 centímetros de comprimento e mais velha do que Belo Horizonte, foi doada ao acervo da instituição por uma funcionária do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico (Iepha-MG), com quem ficou durante 36 anos, guardada com o maior cuidado, em sua casa. “Ela tem a pureza e a alegria das crianças, bem como a esperança das pessoas que construíram a cidade ou vieram morar aqui, vindas de Ouro Preto, a ex-capital”, afirmou a fotógrafa Izabel Chumbinho ao assinar o termo de doação durante a solenidade no museu vinculado à Superintendência de Museus e Artes Visuais (Sumav) da Secretaria de Estado da Cultura.

Diante da boneca, que faz parte da exposição Belo Horizonte 120 anos – Primeiros registros, em exibição no Museu Mineiro, Izabel contou com brilho nos olhos a trajetória do brinquedo, pertencente, nos primórdios, à menina Alice da Silveira, uma das crianças com idade em torno de 12 anos participantes do sorteio, em 30 e 31 de julho de 1895, dos lotes destinados a funcionários públicos e novos moradores de BH. Como presente da Comissão Construtora da Nova Capital, chefiada pelo engenheiro Aarão Reis (1853-1936), ela recebeu a peça fabricada por Georg Gebert no estilo pariser schick ou chique parisiense em bom português.

Ao lado da boneca está exposta carta datada de 1º de março de 1981 e entregue a Izabel pela irmã de Alice, Ethelvita da Silveira. “Morava na Rua Montes Claros, no Bairro Anchieta (Região Centro-Sul de BH) e sempre via, do outro lado da rua, uma senhora solitária, sentada na varanda da sua casa. Resolvi ir lá conversar e ela, muito gentil, me oferecia café com bolo. Ficamos amigas até que, certa vez, me mostrou a boneca e disse que gostaria de me presentear com aquela lembrança”, conta Izabel.

Apontando detalhes do brinquedo, como o vestido em forma de pétalas, o laçarote no cabelo, bem à moda da época e os sapatinhos pretos, Izabel continua a contar a trajetória: “Recusei o presente e falei que só ficaria com a boneca se pagasse. Com muito custo, Ethelvita aceitou o dinheiro”. Com grande senso de história e ciente da importância do relato para o futuro da cidade, que completou 120 anos no dia 12, Izabel pediu que a amiga escrevesse uma carta com os detalhes. “Pensei em doá-la de imediato ao museu, mas Ethelvita pediu que eu ficasse um tempo com ela. Agora, perto de me aposentar, decidi doá-la ao Museu Mineiro”, afirma a fotógrafa.

(foto: Juarez Rodrigues/EM/DA Press)
(foto: Juarez Rodrigues/EM/DA Press)
ÍCONE A carta escrita por Ethelvita da Silveira, com letra bem desenhada, começa assim: “Esta bonequinha conta um pouco da história de Belo Horizonte” e termina com o P.S. (abreviatura de post scriptum, que, em latim, significa escrito depois): “Esta carta foi escrita pela possuidora desta boneca, a irmã de Alice da Silveira, Ethelvita da Silveira”. As meninas eram filhas de Antero Adolpho da Silveira, integrante da Comissão Construtora da Nova Capital, nomeado por Aarão Reis terceiro escriturário da Comissão. Ele ainda atuou como segundo escriturário e primeiro escriturário, quando Francisco Bicalho substituiu Reis.

Presente à cerimônia realizada em 19 de dezembro, que reabriu a Sala das Sessões do Museu Mineiro, fechada há quase seis anos, o secretário de Estado da Cultura, Angelo Oswaldo, lembrou que a bonequinha é um ícone da implantação de BH. “Representa a primeira criança e as primeiras famílias da cidade”, disse Angelo Oswaldo. Lembrando a generosidade da doação, a presidente do Iepha, Michele Arroyo, destacou a valorização do patrimônio da cidade e disse que há uma rede de informações e conhecimento sobre a história de BH, formada pelo Museu Mineiro, Arquivo Público Mineiro, Arquivo Público da Cidade de Belo Horizonte e Museu Histórico Abílio Barreto. Para a superintendente de Museus e Artes Visuais, Andréa de Magalhães Matos, “trata-se de um mimo, uma delicadeza, que deverá criar um vínculo com o público infantil”.

REABERTURA Quase seis anos longe dos olhos dos moradores e visitantes, a Sala das Sessões do Museu Mineiro reabriu as portas completamente restaurada e com nova adequação das obras de arte, valorizando, assim, o acervo com seis telas de autoria de Manuel da Costa Ataíde (1762-1830), mestre do Barroco, e de outros expoentes da pintura. Na celebração dos 120 anos da capital, a reinauguração do espaço marca a conclusão das intervenções no prédio da Avenida João Pinheiro, antiga sede do Senado Mineiro, e os 35 anos da unidade vinculada à Secretaria de Estado da Cultura. A exposição Belo Horizonte 120 anos – Primeiros registros conta com mais de cem obras do Museu Mineiro, Arquivo Público Mineiro e Iepha.

O casarão da Avenida João Pinheiro, antes de abrigar o Museu Mineiro, teve múltiplas serventias – residência de secretários de governo no início de BH, Senado e na década de 1960 a 1981, Pagadoria do Estado. Hoje, leva os visitantes a fazer uma viagem sensorial ao caminhar por ambientes distintos e admirar imagens, oratórios e prataria, a maioria originária da Coleção Geraldo Parreiras, adquirida pelo estado em 1978. Na Sala das Colunas, causa impacto o pórtico de madeira trabalhada, com anjos, que pertenceu a uma igreja, já demolida, do interior. Nas vitrines, é de encher os olhos as imagens de Santana Mestra, São José de Botas, Nossa Senhora da Conceição e outros santos.

O visitante vai encontrar muitas preciosidades: a colher de pedreiro que assentou a primeira pedra da construção da Cidade de Minas, nome anterior a Belo Horizonte – a ferramenta, com inscrição datada de 7 de setembro de 1895, tem lâmina de ouro e prata e cabo de madeira; o livro contando a festa do Triunfo Eucarístico, realizada em Ouro Preto em 21 de maio de 1733 e considerada pelos estudiosos uma das mais ricas e belas do Brasil colonial; um relógio pertencente a Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes (1746-1792), e outros objetos que contam parte da história de Minas. Na Sala das Sessões, vale a pena ficar longos minutos observando o quadro A má notícia, datado de 1897 e de autoria do mineiro Belmiro de Almeida (1858-1935).

Serviço


Museu Mineiro:
Avenida João Pinheiro, 342 – Bairro Funcionários, na Região Centro-Sul de Belo Horizonte
Aberto às terças, quartas e sextas, das 10h às 19h; às quintas, das 12h às 21h; e sábados e domingos, das 12h às 19hzelefones: (31) 3269-1103 e 1106 (visitas de grupos devem ser marcadas com antecedência) Entrada franca


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