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Estado de Minas BH 120

Igreja São José abre oratório antes restrito à comunidade religiosa

Igreja São José abre oratório, restaurado há três anos, para visitas guiadas. Fachadas do templo são recuperadas


postado em 12/12/2017 06:00 / atualizado em 12/12/2017 07:50

Com acesso até então restrito, a capela recebeu visitantes ontem, guiados pelo padre Flávio Campos (E)(foto: Jair Amaral/EM/DA Press)
Com acesso até então restrito, a capela recebeu visitantes ontem, guiados pelo padre Flávio Campos (E) (foto: Jair Amaral/EM/DA Press)
Na celebração dos 120 anos de Belo Horizonte, um espaço restrito à comunidade religiosa abre as portas e inaugura um ciclo de visitas guiadas. Na manhã de ontem, os padres redentoristas da centenária Igreja São José, no Centro da capital, receberam um grupo para conhecer o Oratório, capela localizada no interior do convento dos missionários e totalmente restaurada há três anos. Também ontem, foram concluídas as obras de recuperação das fachadas principais, que devolveram ao templo o desenho e as cores originais. Agora, fica faltando a parte de trás, que não é visível da rua, a recuperação das calçadas e as intervenções de acessibilidade. “Continuamos com a campanha São José é 10, que tem ampla participação popular e é responsável pela condução das obras”, disse o vigário paroquial, padre Flávio Campos.

Eram 10h quando o grupo de visitantes – o convite foi feito na missa das 19h, na véspera – foi recebido na igreja e assistiu a uma apresentação, feita pelo padre Flávio, sobre a trajetória do templo fundado por padres holandeses. “A história de Belo Horizonte se confunde com a da Igreja São José, apenas três anos mais nova do que a capital”, disse o vigário paroquial da congregação dos redentoristas. Ficamos felizes em recebê-los no Oratório do convento, no aniversário da cidade. Esta igreja acompanha BH ‘desde criança’, foi também palco de manifestações e protestos políticos, na escadaria da Avenida Afonso Pena, durante a ditadura militar, atividades da Campanha da Fraternidade, enfim, vários aspectos da movimentação da vida urbana”, afirmou. Fotos dos primeiros tempos, das etapas da construção e da antiga capela interna, aguçaram a curiosidade de todos.

Em seguida, os visitantes foram conhecer o Oratório, construído em 1900, antes mesmo de a Igreja de São José ser inaugurada, e que teve escondidas em suas paredes, durante décadas, as pinturas esboçadas pelo italiano Carlos Oswald (1882–1971) e executadas em 1932 pelos irmãos Goretti (Victorio, Giulio e Gino), também italianos e primos de Santa Maria Goretti, a jovem mártir canonizada pelo papa Pio XII em 1950. Na lateral, estão as insígnias e letra em latim do canto Te Deum: “Portanto, te pedimos, socorre os Teus servos que redimiste com sangue precioso”.

SAGRADO Os olhos atentos notaram o piso de pinho-de-riga, a nobreza do lustre de cristal, os tons das pinturas das paredes e a tela retratando Jerusalém. Com a luz solar filtrada pelas janelas de vidro e o ambiente de silêncio, mesmo no Centro da cidade, a joia do convento transmite aconchego e leva à reflexão. A ideia dos padres era abrir o local para visitação desde 2015 e, na época, foram feitos dois testes com estudantes universitários e do ensino médio para se avaliarem os impactos no local onde não cabem mais que 20 pessoas.

A oportunidade de ver a capela entusiasmou a arquiteta e urbanista Amélia Maria da Costa Silva, moradora do Bairro Serra, na Região Centro-Sul. “Temos aqui uma arte religiosa fabulosa, que deve ser mostrada ao mundo. Um recorte cultural bonito e inusitado. É a chance de admirarmos as pinturas que estavam escondidas, antes do restauro, sob camadas de tinta”, afirmou. O casal Evaldo José de Oliveira, economista, e Maria da Conceição Fernandes de Oliveira, pedagoga, gostaram do que viram. “Sinto grande emoção, é um presente para BH neste aniversário de 120 anos”, afirmou a mulher, enquanto o marido considerava o ambiente “sensacional”.

Residente em Congonhas, na Região Central, a professora Maria do Carmo Barreto se sentiu orgulhosa ao participar do grupo. “Os redentoristas abriram, à comunidade, um espaço sagrado deles, o que nos deixa muito felizes”, ressaltou. O tenente da Polícia Militar André Loredo aplaudiu a iniciativa: “Estive aqui há muitos anos, mas não tinha visto depois do restauro. É uma parte da história da cidade”. Até mesmo funcionários de longa data da igreja pisaram na capela pela primeira vez. Entre elas, Valéria Teixeira de Amorim Fernandes, que atua no setor administrativo há 31 anos. “Estou surpresa, é uma maravilha”.

Durante a visita de uma hora, havia muito para ser visto, mesmo sendo o espaço pequeno: pinturas parietais, feitas diretamente sobre o reboco das paredes e grande moda em BH nas primeiras décadas do século 20 – algumas imitam lambris, os revestimentos de madeira, e outras copiam com perfeição cortinas de franjas e arremates rebuscados nas pontas. Outro detalhe está na tela, colada na parede do fundo, de autoria de Carlos Oswald, pintor, desenhista e gravador que residiu no Bairro da Tijuca, no Rio de Janeiro (RJ), e foi responsável pelo desenho final do Cristo Redentor, ícone máximo da capital fluminense. No fim das contas, além de tanta beleza, foi uma aula de educação patrimonial.

Outro destaque, desta vez envolvendo alta tecnologia, está na sequência da via-crúcis, reproduzida digitalmente da existente na Igreja de Santo Afonso, no Rio, pintada por Carlos Oswald. Segundo os redentoristas, foi usada uma técnica sofisticada, com pigmentos minerais, e as gravuras foram postas diretamente sobre a tela e daí na parede. As originais não existiam mais, apenas resquícios, e achamos melhor tomar esta providência. A próxima visita está marcada para 3 de fevereiro (primeiro sábado do mês) e os contatos devem ser feitos pelo telefone (031) 3273-2988.

Fachada da Igreja São José repintada como parte das obras de recuperação que, incluindo o interior do templo, duraram sete anos
Fachada da Igreja São José repintada como parte das obras de recuperação que, incluindo o interior do templo, duraram sete anos
FACHADAS A recuperação das fachadas principais da Igreja São José chega ao fim depois de três anos de trabalho – somando-se à obra completa, com restauro do interior do templo, são sete. No total, foram gastos cerca de R$ 7 milhões, em sete anos, com dinheiro de doações, barraquinhas, dízimo e da campanha São José é 10. Os serviços foram aprovados pelo Conselho Deliberativo do Patrimônio Cultural do Município de Belo Horizonte, embora não haja emprego de recursos públicos.

A parede lateral concluída agora acompanhou as linhas das partes já prontas (frente, torres e lateral direita), com as cores originais vermelho, laranja e cinza. Todo esse conjunto se torna um atrativo para o patrimônio interior: recebendo a visita diária de tanta gente – no domingo, passam pelo templo cerca de 5 mil fiéis, em cinco missas –, a Igreja São José resgatou a luminosidade interna com um trabalho artístico esmerado. Como nas etapas anteriores, o trabalho, a cargo da especialista Maria Regina Reis Ramos, do Grupo Oficina de Restauro, responsável pela obra desde o início, incluiu a remoção das camadas de pintura e restauração seguindo o modelo do início do século 20. O objetivo foi resgatar a originalidade, requalificar o espaço, que, visto do alto, tem o formato de uma cruz e de um cálice, incluindo aí construção, a escadaria e os jardins.

 

Espetáculos por todo lado


Do samba ao pop-rock, do teatro para a rua, do morro para o asfalto. A capital mineira é palco da diversidade e, neste aniversário, conta com o fechamento da programação cultural especial produzida pela Prefeitura de Belo Horizonte (PBH). Durante 12 dias de festa, mais de 170 atividades gratuitas ocorreram nas nove regionais da cidade – incluindo marcos como o início do funcionamento de 100% dos leitos do Hospital do Barreiro. Entre as atividades marcadas para hoje estão o show Bala da Palavra convida BNegão e Pereira da Viola e a apresentação da banda mineira Skank, na Praça da Estação; o espetáculo A coisa, no Espaço Comum Luiz Estrela; o lançamento do CD Lá da favelinha, no Viaduto Santa Tereza, e a entrega da restauração do monumento a Iemanjá, na Lagoa da Pampulha. O “Lixômetro” continuará na Praça Sete, no Centro de BH, recebendo todo o lixo recolhido para medição. Ao mesmo tempo, campanhas de mobilização ocorrerão no comércio local, além de apresentação dos Garis do Rap e encenações teatrais.

PRAÇA DA ESTAÇÃO


» Show Bala da Palavra convida BNegão e Pereira da Viola
A partir das 18h

» Skank
A partir das 16h

» Intervenção urbana – Alunos de Dança do Ciclo de Expansão/ módulo II (Mostra
Escola Livre de Artes Arena da Cultura)
A partir das 19h

» Oficinas: Piões e objetos voadores (Mostra Escola Livre de Artes Arena da Cultura)

TEATROS


A partir das 18h30
» Teatro Francisco Nunes – Tizumba 60 anos + convidados
» Teatro Marília – Performance - No sofá com Dudude
» Teatro Marília – Espetáculo E a cor a gente imagina


MUSEU DA MODA

» Mostra dos Compositores - Coração de Sabiá / Participação: Arena Instrumenta
A partir das 19h


VIADUTO SANTA TERESA


» Espetáculo
– A Coisa – Espaço Comum Luiz Estrela
A partir das 17h

PRAÇA SETE


» Espetáculo – O marido que comprou uma bunda a prestação – Morro Encena
A partir das 12h

LAGOA DA PAMPULHA


PRAÇA DE IEMANJÁ

» Entrega da restauração do monumento a Iemanjá
A partir das 19h

 


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