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Estado de Minas PADROEIRA DO BRASIL

Igreja celebra três séculos do encontro da imagem de Nossa Senhora

Fato deu início a uma história marcada por promessas, graças e peregrinações que movem milhares de fiéis no maior país católico do planeta


postado em 12/10/2017 06:00 / atualizado em 12/10/2017 07:29

A imagem de Nossa Senhora Aparecida acompanha há décadas o casal João Eudes e Neide Pinto Eudes(foto: Leandro Couri EM DA Press)
A imagem de Nossa Senhora Aparecida acompanha há décadas o casal João Eudes e Neide Pinto Eudes (foto: Leandro Couri EM DA Press)

A luz da tar­de real­ça ain­da mais o man­to azul-bor­da­do da pa­droei­ra do Bra­sil. Bri­lha na mes­ma in­ten­si­da­de dos olhos emo­cio­na­dos da pro­fes­so­ra Nei­de Pin­to Eu­des, de 65 anos, de­vo­ta con­fes­sa de Nos­sa Se­nho­ra Apa­re­ci­da e tes­te­mu­nha de mui­tas gra­ças al­can­ça­das pe­la fa­mí­lia e por ami­gos. Ao la­do do ma­ri­do, João Eu­des, en­ge­nhei­ro, Nei­de se­gu­ra com fir­me­za a ima­gem que acom­pa­nha, de lon­ga da­ta, o ca­sal e os dois fi­lhos, e de­pois pre­pa­ra o al­tar do­més­ti­co pa­ra a re­za do ter­ço nes­ta quin­ta-fei­ra, que tem uma au­ra es­pe­cial pa­ra os ca­tó­li­cos. Com mui­tas mis­sas, pro­cis­sões, de­mons­tra­ções de fé e o tra­di­cio­nal fo­gue­tó­rio ao meio-dia país afo­ra, a Igre­ja ce­le­bra ho­je os 300 anos da des­co­ber­ta por três pes­ca­do­res, nas águas do Rio Pa­raí­ba do Sul (SP), da pe­ça que­bra­da, fei­ta em ter­ra­co­ta, de Nos­sa Se­nho­ra da Con­cei­ção, que en­tão se tor­nou Nos­sa Se­nho­ra Apa­re­ci­da. Ho­je, no San­tuá­rio Na­cio­nal de Apa­re­ci­da (SP), são es­pe­ra­das cer­ca de 200 mil pes­soas; em BH, ha­ve­rá mis­sa às 9h na Pra­ça da Ce­mig, na Ci­da­de In­dus­trial, no mu­ni­cí­pio vi­zi­nho de Con­ta­gem.

Ves­tin­do uma ca­mi­se­ta com a fo­to da ima­gem ori­gi­nal exis­ten­te no san­tuá­rio – “Lem­bran­ça de uma ami­ga” –, Nei­de con­ta com or­gu­lho que Nos­sa Se­nho­ra Apa­re­ci­da é “ma­dri­nha” dos fi­lhos –, Ci­be­le, pro­fes­so­ra, ca­sa­da, e Cris­tia­no, co­mis­sá­rio de bor­do. “Quan­do eles fo­ram ba­ti­za­dos, fi­ze­mos es­sa con­sa­gra­ção, as­sim co­mo ocor­reu com meu ma­ri­do lo­go de­pois do nas­ci­men­to. Ele é do Sul de Mi­nas, on­de a de­vo­ção é gran­de. Por is­so, ao pe­dir pro­te­ção no dia a dia, che­go aqui no al­tar e fa­lo pa­ra ela: ‘A se­nho­ra é a ma­dri­nha. En­tão, cui­de de­les’”, con­ta a pro­fes­so­ra, mos­tran­do uma in­ti­mi­da­de que es­tá pre­sen­te no co­ra­ção de mi­lhões de bra­si­lei­ros. “É nos­sa mãe. A ima­gem re­fle­te a hu­mil­da­de e so­li­da­rie­da­de do po­vo”, afir­ma a pro­fes­so­ra, mos­tran­do as qua­tro ima­gens que tem na sa­la da ca­sa no Bair­ro Ana Lú­cia, em Sa­ba­rá, na Gran­de BH.

A Ar­qui­dio­ce­se de Be­lo Ho­ri­zon­te, com 28 mu­ni­cí­pios, es­tá di­vi­di­da em qua­tro re­giões epis­co­pais, uma de­las de­di­ca­da a Nos­sa Se­nho­ra Apa­re­ci­da, en­glo­ban­do os bair­ros Ca­ba­na, Vis­ta Ale­gre e No­va Cin­tra, na ca­pi­tal, e Bru­ma­di­nho, Be­tim e Con­ta­gem. No to­tal, são 11 pa­ró­quias em ho­me­na­gem à san­ta e cin­co tem­plos dis­tri­buí­dos por BH. O res­pon­sá­vel por es­sa área, o bis­po au­xi­liar dom Ota­cí­lio Fer­rei­ra de La­cer­da, tam­bém à fren­te do Vi­ca­ria­to de Ação So­cial e Po­lí­ti­ca, res­sal­ta a for­ça cres­cen­te da fé po­pu­lar. “Nos­sa Se­nho­ra Apa­re­ci­da ocu­pa um lu­gar es­pe­cial no ima­gi­ná­rio e no co­ra­ção dos bra­si­lei­ros. Tem tam­bém uma iden­ti­fi­ca­ção com o po­vo ne­gro, pois foi re­ti­ra­da das águas no tem­po da es­cra­vi­dão.”

Dom Ota­cí­lio, que se­rá o ce­le­bran­te na mis­sa cam­pal ho­je, na Pra­ça da Ce­mig, con­ta que a ima­gem tem uma sé­rie de sim­bo­lis­mos. “Os olhos es­tão aber­tos, in­di­can­do que Ma­ria es­tá aten­ta à rea­li­da­de do po­vo, da mes­ma for­ma que as mãos pos­tas apon­tam pa­ra a ati­tu­de de ora­ção a Deus. Já os lá­bios, com um li­gei­ro mo­vi­men­to de sor­ri­so, re­me­tem à ideia de que Ma­ria é a can­to­ra da es­pe­ran­ça dos po­bres.” Co­mo a pe­ça foi en­con­tra­da seg­men­ta­da e de­pois co­la­da (ve­ja ar­te na pá­gi­na 15), dom Ota­cí­lio diz que se tra­ta da “união de Cris­to com a Igre­ja, sen­do Cris­to a ca­be­ça e os fiéis, o cor­po”. Pa­ra o re­li­gio­so, ape­nas de­vo­ção não bas­ta. “De­vo­ção sem com­pro­mis­so é es­té­ril. Ela só é boa quan­do imi­ta­mos as vir­tu­des, as qua­li­da­des de Ma­ria, e nos apro­fun­da­men­tos na fé.”

OU­TRAS NO­VE­NAS

Nos­sa Se­nho­ra é ape­nas uma, em­bo­ra com cen­te­nas de tí­tu­los re­ce­bi­dos mun­do afo­ra, con­for­me de­vo­ção e apa­ri­ções. Cu­rio­so é que, en­quan­to os bra­si­lei­ros ce­le­bram ho­je os 300 anos da apa­ri­ção de Nos­sa Se­nho­ra da Con­cei­ção em águas pau­lis­tas, a po­pu­la­ção do dis­tri­to de Cór­re­gos, em Con­cei­ção do Ma­to Den­tro, na Re­gião Cen­tral de Mi­nas, co­me­mo­ra com no­ve­na ini­cia­da na sex­ta-fei­ra pas­sa­da a pa­droei­ra Nos­sa Se­nho­ra Apa­re­ci­da, ima­gem que es­tá no al­tar e, de acor­do com a tra­di­ção oral, “apa­re­ceu” em 1722 em um ce­mi­té­rio, on­de foi er­gui­da a ma­triz.

O fa­to pou­co co­nhe­ci­do sur­preen­de vi­si­tan­tes, mas, na con­ver­sa com os mo­ra­do­res, vê-se que o mais im­por­tan­te é a his­tó­ria de fé. “Quan­do re­zo, in­vo­co Nos­sa Se­nho­ra Apa­re­ci­da de Cór­re­gos”, diz Ma­ria Ode­te de Al­mei­da, que di­vi­de o tem­po en­tre o car­tó­rio de re­gis­tro de imó­veis e o cui­da­do per­ma­nen­te com a igre­ja. Com a ca­mi­sa da pa­droei­ra do Bra­sil, ela mos­tra a ima­gem da san­ta bran­ca – na ver­da­de, Nos­sa Se­nho­ra do Ro­sá­rio – no al­tar-mor e duas de­di­ca­das à pa­droei­ra do Bra­sil nos re­tá­bu­los la­te­rais.


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