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Estado de Minas

Veja táticas usadas por ladrões em BH e saiba como se proteger

Assalto a casa no Belvedere revela uma das várias táticas adotadas por ladrões para agir em BH. Especialistas recomendam união de moradores para frear rodízio de modalidades criminosas


postado em 14/06/2017 06:00 / atualizado em 14/06/2017 10:14

Último alvo de bando foi casa em rua do Bairro Belvedere, onde assaltantes renderam morador e o usaram como escudo para entrar no imóvel (foto: Alexandre Guzanshe/EM/DA Press)
Último alvo de bando foi casa em rua do Bairro Belvedere, onde assaltantes renderam morador e o usaram como escudo para entrar no imóvel (foto: Alexandre Guzanshe/EM/DA Press)
A audácia e a criatividade usada para o mal pelos criminosos em ações em Belo Horizonte vêm tirando o sono de moradores da capital e desafiando autoridades de segurança. A tocaia para render vítimas quando chegam em casa, o arrombamento de prédios sem porteiros e com pouca segurança e até mesmo a escalada de paredes para entrar em apartamentos têm sido algumas das táticas usadas pelos assaltantes. Na noite de anteontem, outra família foi vítima de uma dessas  quadrilhas, desta vez no Bairro Belvedere, Região Centro-Sul de Belo Horizonte. Um grupo armado aproveitou a chegada de um jovem para rendê-lo e conseguir acesso à moradia. Em seguida, o bando fez outras pessoas reféns no imóvel e promoveu uma “limpa” no local. Os ladrões fugiram levando dinheiro, relógios, chaves de veículos e até armas de fogo.


Casos como esse e roubos em geral ainda são um desafio para a segurança pública em Minas, apesar da queda nas ocorrências de janeiro a abril deste ano, na comparação com os mesmos meses de 2016. No primeiro quadrimestre de 2017 foram 42.597 ocorrências, média diária de 354,9, contra um total de 44.652 assaltos em igual período do ano passado, o que representa queda de 4,6%, uma quebra na tendência dos últimos seis anos, quando essa modalidade de crime vinha crescendo continuamente. BH segue esse movimento: foram 14.497 casos de roubo até abril deste ano, média de 120,8 por dia, contra 16.825 em igual período de 2016, queda de 13,84%.

As diferentes formas de as quadrilhas agirem são um dos grandes desafios para a polícia. “A PM do século 21 precisa estar antenada, e está, com a volatilidade com que as coisas acontecem. O planejamento é minuto a minuto, pois o quadro muda todo dia, como a migração de horário, da modalidade criminosa e da estratégia do criminoso. Quando atacamos as organizações com operações, elas precisam de engenho e arte para cometer os crimes. Nós também criamos o ‘antivírus’ para poder cercear as novas práticas”, afirma o major Flávio Santiago, chefe da Sala de Imprensa da PM.

No Belvedere, o crime aconteceu por volta das 22h20. De acordo com a PM, o jovem de 18 anos foi rendido já dentro da garagem, quando o portão se fechava, por quatro homens que estavam em um veículo HB-20 branco. Depois de render o restante da família, os ladrões se dividiram vasculhando diferentes cômodos e ordenando que os moradores abrissem cofres e mostrassem objetos de valor. Depois do pente-fino, levaram oito relógios, quatro telefones celulares, um computador, R$ 700 em dinheiro, alto valor em moeda estrangeira e chaves de três veículos. Quatro armas de fogo também foram roubadas: duas espingardas, um revólver e uma pistola, todas registradas. A casa não tinha sistema de monitoramento por câmeras, razão pela qual não há imagens dos criminosos. Entre as poucas pistas de que a polícia dispõe estão informações de que um dos bandidos usava cavanhaque e outro tinha um bigode. Os outros dois usavam casaco e capuz.

(foto: Arte EM)
(foto: Arte EM)
Ontem, dia seguinte ao assalto à casa na Zona Sul, a Polícia Civil apresentou dois criminosos que aterrorizavam moradores de bairros das regiões Oeste e Centro-Sul de BH. Mas o modo de ataque era diferente: eles escolhiam locais de pouco movimento e prédios com menos segurança, sem porteiro, o que na visão dos ladrões facilitava o arrombamento. A maioria dos crimes era cometida na parte da tarde, quando os moradores normalmente estavam fora.

Um dos assaltantes trabalhava como taxista e usava o veículo nos roubos, para despistar moradores e testemunhas. Para entrar nos prédios, o bando usava uma chave de fenda e barras de ferro para arrombamento. Robson Moreira dos Santos, de 40 anos, e Fabrício de Souza Pereira, de 32, são apontados como os autores de pelo menos 17 invasões a prédios em apenas dois meses. Segundo a polícia, eles agiam nos bairros Buritis, Savassi e Cruzeiro. A dupla foi presa durante operações no Aglomerado da Serra.

ESCALADA Neste ano, outra modalidade de roubo a residências e prédios assustou moradores, principalmente da Região Centro-Sul de Belo Horizonte. A audácia da ação valeu a cada criminoso que a praticava o título de ‘Homem-Aranha’. Esse tipo de ladrão aproveita janelas de imóveis abertas para entrar nos apartamentos escalando muros e paredes, o que justifica o apelido. Em maio deste ano, um dos adeptos desse tipo de crime, responsável pelo menos cinco furtos, foi preso pela Polícia Civil.
Um dos escaladores de prédios foi apresentado pela polícia em maio(foto: Polícia Civil/Divulgação - 22/5/17)
Um dos escaladores de prédios foi apresentado pela polícia em maio (foto: Polícia Civil/Divulgação - 22/5/17)

Além dos diferentes tipos de assaltos a casas e apartamentos, outro crime tira o sossego e dá prejuízo em BH: o roubo de celulares. Criminosos aproveitam a distração das vítimas com o próprio telefone para roubá-lo. Outros usam armas para render pedestres. De janeiro a outubro de 2016, 96.071 aparelhos foram surrupiados dos donos.

Variedade e proteção


Segundo o cientista social Robson Sávio, integrante do Núcleo de Estudos Sociopolíticos da Pontifícia Universidade Católica (PUC Minas) e do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, a criatividade para prática de crimes é imensa. “É uma ilusão pensar que estamos livres de qualquer ação criminosa contra o patrimônio. Sempre haverá uma nova prática a ser descoberta. Não há como esperar que a polícia esteja em todos os lugares o tempo todo”, disse o especialista.

Ele destaca a importância da prevenção e da autoproteção dos cidadãos para evitar as armadilhas dos criminosos. “A vigilância é um dos mais importantes fatores para inibir o crime. É importante o investimento em bairros que já têm um histórico de alto número de assaltos, seja por meio público ou privado”, disse o cientista social. Ainda segundo ele, a atenção também deve ser redobrada. “Muitos entram no carro sem olhar quem está por perto, deixam a porta aberta, saem de férias e não recolhem o jornal... Assim, a própria vítima facilita a ação do infrator”, disse. Robson Sávio pondera que é muito importante que as vítimas notifiquem todos os eventos à polícia. “Assim, a polícia passa a trabalhar a partir de estatísticas. Hoje, chega a 80% o índice de substantificações, já que muitas pessoas não acreditam na ação policial e por isso não denunciam. Isso precisa mudar”, disse.

Para tentar escapar dos crimes, a PM reforça a necessidade de que os cidadãos atuem em conjunto. “A dica mais importante que temos trabalhado é buscar consorciar as pessoas. Elas têm que se unir para passar a dividir um pouco das rotinas, seja em uma vila, em uma rua ou um condomínio. Os moradores precisam interagir, usar técnicas como a rede de vizinhos protegidos. Outro ponto deve ser a quebra da rotina. O infrator se beneficia da rotina, pois sabe os horários das vítimas”, alerta o major Flávio Santiago, da Sala de Imprensa da corporação.


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