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Estado de Minas

Arquidiocese quer que Igreja da Boa Viagem seja declarada marco zero de BH

Título hoje pertence à Praça da Estação. Pároco conta que o primeiro registro do Curral del-Rei se deu em torno de 1714, com a chegada da imagem da Nossa Senhora da Boa Viagem de Portugal


postado em 14/06/2017 06:00 / atualizado em 14/06/2017 08:03

Arquidiocese defende que o templo, área arborizada no que é hoje o Bairro Funcionários, foi o ponto inicial do povoamento do arraial sobre o qual se ergueu a cidade planejada(foto: Alexandre Guzanshe/EM/DA Press)
Arquidiocese defende que o templo, área arborizada no que é hoje o Bairro Funcionários, foi o ponto inicial do povoamento do arraial sobre o qual se ergueu a cidade planejada (foto: Alexandre Guzanshe/EM/DA Press)
Onde fica o coração de uma cidade? Para a Arquidiocese de Belo Horizonte, a Igreja Nossa Senhora da Boa Viagem representa o início da história da capital e, portanto, deve ter direito ao título. Na tentativa de oficializar o templo como ponto de origem da cidade, religiosos da paróquia convocaram para hoje uma reunião com representantes do poder público, em níveis municipal e estadual, para defender o projeto. O encontro também visa a planejar ações comemorativas a serem realizadas neste ano, quando são celebradas quatro décadas de tombamento da igreja e os 80 anos de adoração ao Santíssimo Sacramento, de forma ininterrupta, no Santuário da Arquidiocese.

A proposta da arquidiocese prevê que a Igreja da Boa Viagem, no Bairro Funcionários, Região Centro-Sul de BH, seja reconhecida como “marco zero” da cidade. Segundo a historiadora Lays Silva de Souza, essa referência representa o ponto no qual a construção de BH teve início. Mas outro espaço da capital é detentor do título atualmente. “Os arquivos da comissão construtora apontam que o marco zero histórico da capital é a Praça da Estação. Foi lá que a cidade começou. Até hoje existe uma placa demarcando o local”, explica.

A arquidiocese defende que a igreja seja reconhecida como o local histórico que deu início ao Curral del-Rei, o povoamento original sobre o qual se ergueu Belo Horizonte. O padre Marcelo Silva, reitor do Santuário Arquidiocesano de Adoração Perpétua, Igreja Nossa Senhora da Boa Viagem, que solicitou a reunião, afirma que o objetivo é tornar oficial aquilo que “já é histórico”. O pároco conta que o primeiro registro do vilarejo se deu em torno de 1714, com a chegada da imagem da Nossa Senhora da Boa Viagem de Portugal. “Naquela época, foi criada uma capelinha e o vilarejo cresceu em torno dela, como era costume”, afirma. “Tornar a igreja o marco zero é o reconhecimento legal necessário para preservar e promover a história e a cultura da cidade, além de restaurar o local onde Belo Horizonte começou”, ressalta. A atual Catedral Nossa Senhora da Boa Viagem, inaugurada em 1923, foi tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) há 40 anos.

Para a historiadora Lays Souza, o pleito de reconhecer a igreja como marco zero precisa ser analisado. “Os documentos apontam para um marco que se deu depois da vinda da comissão construtora. Se formos considerar o Curral del-Rei e a população anterior, que provavelmente já tinha a igreja para atender à demanda religiosa, a mudança pode ser levada em consideração e pode ser relevante”, avalia. De acordo com a Arquidiocese de Belo Horizonte, são aguardadas na reunião as presenças do secretário de cultura de Minas Gerais, Ângelo Oswaldo, e do vice-prefeito da capital, Paulo Lamac, entre outras autoridades.

VIGÍLIA Desde 1937, após a realização do Congresso Eucarístico Nacional em Belo Horizonte, o Santíssimo Sacramento – peça que exibe Eucaristia, que segundo a tradição católica representa o corpo de Cristo – permanece exposto 24 horas por dia na Igreja Nossa Senhora da Boa Viagem. Os fiéis dedicam pelo menos uma hora por dia para rezar no espaço. Conforme o padre Marcelo Silva, essa é a única adoração ininterrupta de Minas Gerais, e uma das poucas do país.

A adoração perpétua conta com mais de 60 grupos que se revezam, dia e noite, em oração ininterrupta. “Temos uma estrutura de pernoite, com dormitórios e local para banho e alimentação, de modo que o peregrino seja acolhido. É importante para nós mostrar que, além da história e da cultura, o local que consideramos marco zero é também fonte contínua de oração”, aponta o padre Marcelo Silva.

Na reunião desta quarta-feira também será anunciado que já está no Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais (Iepha-MG) o pedido para que a adoração perpétua seja reconhecida como bem imaterial do estado. Em nota enviada por sua assessoria de comunicação, o Iepha confirmou que o pedido foi recebido no início do mês. “O material será analisado pelo instituto, que também realizará pesquisas complementares para embasar a decisão sobre a pertinência da abertura do processo de registro”, informou.

*Estagiária sob supervisão do editor André Garcia


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