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Estado de Minas

Padre é encontrado ferido em quarto de motel em Divinópolis

Caso foi descoberto após taxista buscar o religioso no local. Vítima tinha vários ferimentos pelo corpo e sinais de enforcamento. No hospital, padre disse à polícia ter sido vítima de um assalto


postado em 08/02/2017 13:30 / atualizado em 08/02/2017 13:42

A Polícia Civil deve investigar as circunstância de um episódio de violência envolvendo um padre de São Sebastião do Oeste, Centro-Oeste de Minas Gerais. Na última segunda-feira, Cléver Geraldo de Souza, de 55 anos, foi encontrado ferido no quarto de um motel na MG-050, em Divinópolis, na mesma região. O padre disse ter sido vítima de um assalto.

De acordo com a Polícia Militar (PM), o caso foi descoberto pela manhã, após a denúnicia de um taxista à Polícia Militar Rodoviária (PMRv). O motorista contou que chegou Motel Êxtase por volta das 7h30 e encontrou o homem com ferimentos aparentemente graves por todo o corpo. Inicialmente, ele se recusou a fazer a corrida, mas foi convencido pelos funcionários do motel, que disseram que a vítima era um cliente antigo e de confiança. Ainda segundo o taxista, a corrida seria para o distrito de Ermida, mas o trajeto foi mudado pelo cliente, que pediu para ir para São Sebastião do Oeste. Ele foi deixado na porta da paróquia, onde buscou dinheiro para acertar a corrida.

Diante da denúncia, os militares foram até o motel para checar a veracidade do caso. Eles foram recebidos pelos funcionários, que contaram que dois homens entraram no local às 22h30 de domingo em um carro, pediram um quarto e, após consumirem bebidas alcoólicas, ficaram mais 40 minutos. Depois desse período, o motorista pagou a corrida e saiu do motel em alta velocidade.

Conforme o boletim de ocorrência, às 6h de segunda, uma funcionária da limpeza encontrou o quarto trancado e percebeu que havia uma pessoa lá dentro. A porta só foi aberta com a ajuda de um chaveiro. Foi quando os funcionários encontraram o homem ferido. Segundo a PM, os funcionários disseram que ofereceram auxílio à vítima para ir a um hospital ou chamar a polícia, mas ele recusou. Assim, o taxista foi acionado.

Ainda naquele dia, a PMRv foi informada que o padre Cléver havia dado entrada no Hospital Santa Mônica, vítima de roubo e espancamento.  Conforme os policiais, o religioso disse que havia sido assaltado perto da MG-050. Ele contou que estava em seu Siena e, ao reduzir a velocidade para passar por um quebra-molas, foi abordado e agredido por um desconhecido, que levou o carro e sua carteira com documentos e cartão de créditos. O padre disse não se lebrar de mais nada após o ocorrido. Ainda de acordo com a PM, o padre tinha uma marca de tentativa de enforcamento no pescoço por uso aparente de corda, e que o objeto foi encontrado no quarto do motel. A perícia da Polícia Civil não foi ao estabelecimento porque o local do crime não estava preservado, já que os funcionários lavaram o quarto do motel.

IGREJA SE PRONUNCIA A Arquidiocese de Divinópolis, responsável pela Paróquia São Sebastião, administratada pelo padre Cléver, divulgou uma nota sobre o caso na manhã desta quarta-feira. O texto, de 7 de fevereiro, é assinado pelo bispo diocessano dom José Carlos de Souza Campos.  Ele diz que soube dos acontecimentos, “como narrados pela imprensa local e segundo o BO lavrado na ocasião”, na tarde passada durante uma reunião em Belo Horizonte.

Dom José Carlos diz que a Arquidiocese repudia qualquer forma de violência, independente dos autores, alvos e circunstâncias. “Lamentamos, imensamente, notícias desta natureza, pois revelam e atraem as atenções e os ânimos sobre as mazelas dos membros da Igreja Católica. Esta não é a primeira nem será a última vez, infelizmente”, diz o religioso. Ainda segundo o bispo, “ sobre as circunstâncias, as motivações e os detalhes do evento, nada temos a dizer. Estes esclarecimentos, justificativas e informações cabem ao padre”. Leia a nota na íntegra:

SOBRE OS EVENTOS ENVOLVENDO PE. CLÉVER GERALDO DE SOUSA.

Soube dos acontecimentos, como narrados pela imprensa local e segundo o BO lavrado na ocasião, estando eu numa reunião da CNBB Leste II, em Belo Horizonte, na tarde da terça-feira (07). Diante dos relatos, temos a declarar:

1) Repudiamos toda e qualquer  forma de violência, independentemente de quem sejam seus autores, seus alvos e suas circunstâncias;

2) Lamentamos, imensamente, notícias desta natureza, pois revelam e atraem as atenções e os ânimos sobre as mazelas dos membros da Igreja Católica. Esta não é a primeira nem será a última vez, infelizmente. Isso incomoda, mesmo sabendo que estas fraquezas estão por toda parte, mas não deveriam marcar a vida de quem desejou e escolheu livremente um caminho de vida exemplar e testemunhal no seguimento de Jesus;

3) Sobre as circunstâncias, as motivações e os detalhes do evento, nada temos a dizer. Estes esclarecimentos, justificativas e informações cabem ao padre;

4) Em se tratando de comportamento comprovadamente ilícito e imoral, haveremos de tomar as medidas e aplicar as penalidades cabíveis, mas fora do ímpeto do momento, das solicitações externas e depois de ouvirmos suficientemente o padre. Certamente, o padre não estará à frente de alguma paróquia por ora. E será ajudado diante das suas demandas humanas e vocacionais.

5) Peço a todos orações pelo sacerdote e pela nossa Igreja. Que a oração de uns pelos outros nos converta a todos.
 

Divinópolis, 07 de fevereiro de 2017.

Dom José Carlos de Souza Campos.
Bispo Diocesano de Divinópolis-MG.


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