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Estado de Minas

Garis deixaram de recolher 2,2 toneladas de lixo com proibição de transporte em BH

Menos de um dia depois de proibir transporte de garis na traseira de caminhões de lixo e com a capital tomada pela sujeira, auditores do trabalho suspendem determinação


postado em 30/11/2016 06:00 / atualizado em 30/11/2016 07:42

Sujeira para todo lado: sacos se acumularam em várias esquinas, inclusive no Centro, revoltando cidadãos. Prefeitura deve buscar solução para impasse, mas não foi fixado prazo(foto: Jair Amaral/EM/DA Press)
Sujeira para todo lado: sacos se acumularam em várias esquinas, inclusive no Centro, revoltando cidadãos. Prefeitura deve buscar solução para impasse, mas não foi fixado prazo (foto: Jair Amaral/EM/DA Press)
Com a cidade tomada por montanhas de lixo que amanheceram espalhadas por todas as regiões,  inclusive no Centro, durou menos de um dia a proibição de que os garis de Belo Horizonte sejam transportados na traseira dos caminhões de coleta da capital. Ontem, auditores-fiscais da Superintendência Regional do Trabalho em Minas Gerais (SRT/MG) suspenderam temporariamente a determinação, imposta por eles na segunda-feira, e a coleta de lixo em Belo Horizonte foi retomada imediatamente.


Por causa da proibição, 2,2 toneladas de resíduos deixaram de ser recolhidas ontem e ruas e avenidas da capital se transformaram em verdadeiros depósitos de sujeira, principalmente nos 50 bairros onde a coleta é feita de madrugada. A cidade amanheceu com montanhas de lixo nas ruas e assim permaneceu durante todo o dia. A Superintendência de Limpeza Urbana (SLU), órgão da Prefeitura de Belo Horizonte, chegou a entrar com um pedido de liminar na própria Justiça do Trabalho para a retomada imediata do serviço, principalmente pelos riscos da paralisação da atividade, como possíveis inundações, já que o material descartado poderia obstruir bueiros e galerias em caso de chuva.

No Centro, as montanhas se multiplicavam pelas esquinas. Ao longo da Rua dos Guaranis, por exemplo, os resíduos ocupavam quase todos os cruzamentos. No encontro com a Rua Carijós havia muitos sacos, inclusive os do material depositado pela varrição, que ontem funcionou normalmente. O pedreiro José Neto, de 48 anos, questionou a interdição por parte do Ministério do Trabalho. “Como fazer o serviço sem gari no estribo do caminhão? Será que eles querem uma caminhonete acompanhando os caminhões?” Não muito longe dali, no cruzamento das ruas Guaicurus e São Paulo, outra montanha se acumulava na base de um poste.

No ponto de reunião de caminhões, em uma das sedes da SLU, na Avenida dos Andradas, havia veículos parados. Funcionários afirmaram que as três empresas terceirizadas que prestam o serviço de coleta domiciliar na cidade pararam completamente, deixando 650 garis sem serviço. Nenhum funcionário da KTM, Localix e Consita trabalhou da noite de segunda-feira até o início da tarde de ontem. Dois deles, que preferiram não se identificar, disseram que não imaginam outra forma de fazer o serviço que não em cima dos estribos. “Vamos andar a pé um trajeto inteiro de 18 quilômetros? Não tem como”, afirma um deles. “Se o controle da velocidade for respeitado sempre, acho que não tem problema. Hoje, isso acontece bem, já foi o tempo em que os caminhões andavam na correria”, diz o outro.

(foto: Em bairros como a Floresta, montanhas de lixo também se formaram. Nos locais em que o serviço não é diário, normalização pode demorar um pouco mais)
(foto: Em bairros como a Floresta, montanhas de lixo também se formaram. Nos locais em que o serviço não é diário, normalização pode demorar um pouco mais)
A SLU argumentou, por meio de sua assessoria de imprensa, que uma alteração “dessa magnitude” no sistema de recolhimento de resíduos numa cidade do porte de Belo Horizonte demanda um prazo mínimo de adequação técnica e operacional, e que “não há meios de se fazer um replanejamento tão radical de forma instantânea, como obriga a decisão do Ministério do Trabalho”. A pasta disse ter sido surpreendida pela decisão e pediu a compreensão da população até que a situação fosse resolvida.

Segundo a auditora-fiscal Carolina Mayr, que participou das ações pelo Ministério do Trabalho, a interdição só ocorreu devido ao risco grave e iminente de acidente de trabalho, pela maneira como os trabalhadores são carregados nos caminhões. Ela diz que atropelamentos, colisões com outros veículos e frenagem ou acelerações bruscas têm provocado diversos acidentes. Auditores também constataram vários problemas na relação entre as empresas e os garis, como ausência de equipamentos de proteção individual adequados e falta de manutenção nos caminhões, que apresentaram pneus carecas e estribos desnivelados em vistorias recentes.

RECUO Na tarde de ontem, os mesmos auditores que pediram a interdição do serviço se reuniram com representantes da PBH, numa audiência de mediação, e suspenderam a decisão temporariamente, até o município assinar um termo de compromisso com os empregados do setor de limpeza para cumprimento das determinações. Até lá, o serviço volta a ser feito como era antes pelas quatro empresas de limpeza urbana – uma pública e três terceirizadas. Não foi estipulado prazo para a PBH encontrar uma solução para o impasse.

De acordo com a SLU, o serviço seria restabelecido ainda ontem, mas somente nas áreas onde havia previsão de coleta para o dia, conforme o planejamento. Em locais com recolhimento alternado – três vezes por semana –  a limpeza tende a demorar um pouco mais.

Em bairros como a Floresta, montanhas de lixo também se formaram. Nos locais em que o serviço não é diário, normalização pode demorar um pouco mais(foto: Jair Amaral/EM/DA Press)
Em bairros como a Floresta, montanhas de lixo também se formaram. Nos locais em que o serviço não é diário, normalização pode demorar um pouco mais (foto: Jair Amaral/EM/DA Press)
Isso pode representar problemas sobretudo nos bairros, onde as montanhas de lixo também se acumularam. Ontem, na Floresta, Leste de BH, uma das piores situações estava na esquina das ruas Pouso Alegre e Araripe. Os sacos foram se acumulando de forma mais espalhada, o que incomodou o dono da banca de revistas ao lado, João Cláudio Souza, de 54. Preocupado com a chance de alguém colocar fogo no lixo e de os danos chegarem até seu comércio, ele tratou de juntar os sacos. “Segunda-feira é o pior dia, por causa dos resíduos do fim de semana. Um grande problema é o mau cheiro que se espalha e também a possibilidade de bichos aparecerem, como ratos”, afirma.

Bem perto dali, o lixo também se acumulava na Rua Cristal, já no Bairro Santa Tereza, mesma região. Ainda pela manhã, muitos sacos já estavam arrebentados, com sujeira espalhada de uma forma difícil para a coleta. No Bairro Ipiranga, Nordeste de BH, comerciantes estavam apreensivos com a possibilidade de serem multados pela fiscalização municipal, já que o material descartado acabou ficando fora do horário regulamentado,  com gêneros alimentícios expostos.


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