![A Barragem do Fundão se rompeu em novembro, minutos depois de abalos sísmicos na região que serviram como gatilho para a tragédia(foto: Alexandre Guzanshe/EM/DA Press - 11/11/15) A Barragem do Fundão se rompeu em novembro, minutos depois de abalos sísmicos na região que serviram como gatilho para a tragédia(foto: Alexandre Guzanshe/EM/DA Press - 11/11/15)](https://i.em.com.br/ixrIZoY3qoEEoS5q6ADYoIF-VTA=/332x/smart/imgsapp.em.com.br/app/noticia_127983242361/2016/08/30/798841/20160830075639994513a.jpg)
O resultado do painel foi apresentado ontem por meio de videoconferência e as informações foram repassadas pelo engenheiro civil responsável pelas investigações, Norbert Morgenster, que está no Canadá. As conclusões do estudo contêm semelhanças com as causas apontadas no inquérito da Polícia Civil, apresentado em fevereiro, e se baseiam em três perguntas chaves: por que ocorreu o fluxo fluido de rejeitos?; por que ele ocorreu naquele local?; por que o rompimento ocorreu naquele 5 de novembro de 2015.?
Como resposta aos questionamentos, o especialista explicou que os problemas começaram no sistema de drenagem da barragem, com entrada de lama em áreas não previstas. O projeto original era depositar areia atrás do dique de partida e depois realizar o alteamento pelo método à montante para aumentar, de forma progressiva, a capacidade de armazenamento da barragem. A areia deveria conter a lama depositada de forma que os dois materiais não se misturassem e, para isso, uma “praia de areia”, de 200 metros de extensão, foi criada. Essa era a largura necessária para evitar que a lama chegasse próximo à crista da barragem, onde impediria a drenagem.
Os primeiros erros começaram a surgir em 2009, um ano após o início da construção de Fundão. Na época, foram constatados defeitos de construção no dreno de fundo, que resultaram em revisão do projeto inicial para reparo, em 2010. O novo projeto previa a construção de um tapete drenante destinado a controlar a saturação do reservatório.
Ainda assim, em 2011 e 2012, enquanto o novo projeto estava sendo construído, houve um segundo incidente com a lama, com água chegando a apenas 60 metros da crista da barragem e não a 200 metros, como estava previsto com a criação da “praia de areia”. Com isso, a lama novamente se depositou em áreas indevidas. No final de 2012, mais problemas durante o processo de alteamento da barragem. Quando uma galeria do sistema de drenagem se mostrou estruturalmente deficiente e incapaz para suportar mais carga e, por isso, precisaria ser preenchida de concreto e desativa, o alinhamento da barragem na ombreira esquerda foi deslocado de sua posição para que as operações em Fundão fossem mantidas. Esse processo colocou o maciço diretamente em cima das lamas depositadas anteriormente, o que criou condições para que o processo de liquefação ocorresse.
Mesmo assim, as obras para alteamento continuaram e, em 2013, novas intervenções precisaram ser feitas para reparo de trincas na ombreira esquerda. No ano seguinte, o tapete drenante construído ao longo de 2011 e 2012 chegou à sua capacidade máxima e as lamas por baixo do maciço aceleraram o processo de liquefação da massas de areia depositadas acima desse material.
![(foto: Arte EM) (foto: Arte EM)](https://i.em.com.br/ejKmxniVPeYUrIJGoyuY3iZyhbw=/332x/smart/imgsapp.em.com.br/app/noticia_127983242361/2016/08/30/798841/20160830075931880353e.jpg)
Os representantes das três empresas estiveram presentes durante a apresentação do resultado do inquérito, mas não deram entrevista à imprensa. Diretor-presidente da Samarco, Roberto Carvalho se limitou a dizer que lamentava os danos causados ao meio ambiente e às vítimas e a comentar o trabalho. “Estamos empenhados em analisar os resultados e compartilhar com outras empresas para que tragédias dessa natureza possam ser evitadas em todo o mundo”. Assim como ele, o diretor-presidente da Valle, Murilo Ferreira, pediu desculpas às famílias das vítimas e afirmou que todas as empresas estão comprometidas com a recuperação ambiental e a assistência aos atingidos pela tragédia.
![Murilo Ferreira, Dean Valle e Roberto Carvalho lamentaram mortes e prometeram assistência às vítimas e recuperar o meio ambiente(foto: Juarez Rodrigues/EM/DA Press) Murilo Ferreira, Dean Valle e Roberto Carvalho lamentaram mortes e prometeram assistência às vítimas e recuperar o meio ambiente(foto: Juarez Rodrigues/EM/DA Press)](https://i.em.com.br/rTroQfj5mOXkPH3XBS95Ogv1d1o=/332x/smart/imgsapp.em.com.br/app/noticia_127983242361/2016/08/30/798841/20160830080234472901a.jpg)