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Estado de Minas

Explosões de caixas eletrônicos se alastram e bandidos assustam população

Tática usada passa por armamento pesado e isolamento da Polícia Militar em cidades com pouco efetivo


postado em 05/07/2016 06:00 / atualizado em 05/07/2016 07:59

Em abril, bandidos explodiram caixa eletrônico no condomínio Retiro das Pedras, em Nova Lima (foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A PRESS - 18/04/2016)
Em abril, bandidos explodiram caixa eletrônico no condomínio Retiro das Pedras, em Nova Lima (foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A PRESS - 18/04/2016)
Eles chegam fortemente armados, num grupo numeroso e usam como tática isolar a polícia à força de bala ou contando com o medo de um confronto direto. O alvo são cidades pequenas, com poucos militares e, muitas vezes, sem nem mesmo delegacia. Nas madrugadas, aterrorizam a população com um objetivo: explodir e roubar dinheiro de caixas eletrônicos de bancos. Essa é a estratégia usada por criminosos nos municípios do interior de Minas. De acordo com a Secretaria de Estado de Defesa Social (Seds), houve 45 explosões nos três primeiros meses do ano.

Delegado aposentado e consultor de segurança, Islande Batista, que atuou na investigação desse tipo de caso, conta que os bandidos procuram facilidades. “Uma quadrilha com 10 integrantes, com armamento superior ao da própria polícia, inibe os militares. O tempo de pedir reforço em cidade próxima ou de quem está de folga é suficiente para os criminosos fugirem. A ação é muito rápida. Depois de uma explosão, em 30 segundos eles invadem o local. Ou seja, têm a vantagem de recolher o dinheiro rápido”, afirma. “Onde há caixa, deveria ter vigilância 24 horas, mas isso não vai ocorrer, pois falta contingente e estrutura”, acrescenta.

Batista destaca que a preparação é longa e inclui plantar informantes na cidade-alvo. Integrantes da quadrilha costumam também se hospedar no município para passar uma temporada e, nesse período, fazer o levantamento da movimentação da população e da polícia. Outro facilitador é escolher cidades com rotas de fuga de fácil acesso. “Os grupos organizados têm hoje armamento mais eficaz e contundente que o da própria polícia. Mas há também amadores, que não sabem sequer onde pôr os explosivos”, afirma.

A maior parte das quadrilhas, segundo ele, são de São Paulo e, por isso, os municípios preferidos para os ataques estão próximos ao estado paulista. Há também bandidos procedentes de Goiás, que atuam no Triângulo Mineiro, além daqueles de Belo Horizonte e região metropolitana. “O crime migra muito. Na década de 1980, os ladrões assaltavam o banco diretamente. A vigilância passou as ser mais eficaz e, por isso, começaram a praticar saidinhas de banco. De dentro, observavam quem fazia saques mais vultosos. Depois, em São Paulo, começaram com a onda de explodir caixas eletrônicos, porque não há vigilância adequada. Vão sempre buscando alvo mais fácil”, destaca Islande batista. Ele fala com a experiência de quem atuou mais de três décadas na polícia: “E toda vez que há crise econômica, aumentam os crimes contra o patrimônio”.

Um dos mais recentes ataques ocorreu na madrugada de anteontem em Itatiaiuçu, na Grande BH. Por volta das 4h, a Polícia Militar foi avisada por telefone pela central de vigilância do banco que havia um grupo parado em frente à agência. A ligação ainda estava em andamento quando houve a explosão. “Não tivemos tempo nem para fazer a prevenção. Quando a viatura chegou, os bandidos já tinham fugido”, contou um militar, que preferiu não se identificar. Participaram da ação entre 10 e 12 homens que estavam em três carros e duas motos. No local, foram encontradas munições de diversos calibres. Os policiais acreditam que os ladrões deram tiros num momento de raiva, pois explodiram o caixa errado – o que emitia apenas folhas de cheque.

TERROR Em São Tomás de Aquino, no Sul de Minas, o terror vivido no início de fevereiro do ano passado está ainda vivo na memória. Eram 3h quando a quadrilha invadiu a cidade com fuzis e outras armas, em cinco veículos. Dois deles fecharam os dois acessos à cidade, dois se posicionaram próximo ao destacamento da PM e um foi para o banco. O quartel ficou sob fogo direto durante 20 minutos. Os bandidos atiraram em portas, janelas e nas três viaturas. Foram feitos entre 250 e 300 disparos. No local da explosão, várias cédulas ficaram esparramadas e um detonador ficou para trás. Um militar que estava de folga contou que os colegas se preocuparam em se proteger dos tiros. “O problema é que usam armamento de longo alcance: fuzis”, afirma, também pedindo anonimato.

Um comandante de outra, que também não quis se identificar, diz que a orientação dele é agir tendo como base a supremacia de força: “Infelizmente, numa situação dessas não dá para começar um confronto direto. Peço para, se possível, fazer um acompanhamento visual e acionar reforços”.


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